Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 22 de novembro de 2020

Safra Agribusiness - Agronegócio sustentável é tema de Núcleo Temático na BW Expo, Summit e Digital 2020

A evolução do agronegócio brasileiro foi pautada pela aplicação de ciência, inovação, tecnologia e sustentabilidade. Com isso, foi possível aumentar exponencialmente a produção agrícola, elevando a quantidade de safras por ano. “Não existe um país no mundo onde a sociedade privada responda por 25% da preservação das áreas de cobertura vegetal. Além disso, temos uma lei maravilhosa que é o Código Florestal”, disse o executivo Marcello Brito (foto), presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), em sua palestra O Agro Frente à Imagem Brasil no Exterior na BW Expo, Summit e Digital 2020, que ocorreu entre os dias 17 e 19, em formato digital.

Segundo ele, atualmente, o mundo vem discutindo como serão os mercados, os aportes financeiros e o funcionamento do sistema de carbono, que pode ser a terceira safra brasileira. “Não tem nenhum país do mundo que a somatória do agro com meio ambiente pode trazer tanto lucro”, afirmou.

A Abag, que é curadora do Núcleo Temático Agronegócio Sustentável na BW, faz um monitoramento externo em publicações no idioma inglês para saber como está a repercussão do agronegócio brasileiro no mundo. De acordo com Brito, desde o ano passado, houve uma mudança de comportamento sobre as questões da detração da imagem do setor, com a entrada da questão política. Os assuntos que já acompanham a imagem do País há muitos anos são: desmatamento e incêndios, questões indígenas e os agroquímicos.

Foram monitoradas 79 mil publicações negativas sobre o Brasil no twitter, que reverberaram por 390 milhões de pessoas em todos os continentes, com Europa e Estados Unidos como líderes dessas notícias. “Os efeitos políticos da agenda ambiental brasileira e da forma como se lidou com a Covid-19 são os principais pontos negativos sobre o Brasil. Em curto prazo, não haverá efeitos para o agro”, ponderou Britto.

Contudo, o presidente da ABAG avaliou que se esse processo se manter por um período longo, a história ensina que a marca Brasil será machucada, afetando todos os setores da economia. “Mesmo que eu produza fora da região da Amazônia, quando eu importo um produto não pergunto a região de importação, mas de qual nação ela vem, independente do estado”. Um exemplo desse efeito negativo no longo prazo foi a Indonésia, cujos produtos perderam valor agregado e que hoje trabalha fortemente para reverter a imagem do país.

Para Brito, o Brasil deve utilizar toda sua estrutura de inteligência técnica, política, comercial e econômica para mostrar ao mundo o que existe de bom no País. “Sempre estivemos entre os top 3 e top 5 na liderança dos processos ambientais no mundo. Porém, hoje, o Brasil não faz parte de nenhuma comissão internacional que determina o futuro socioambiental do mundo. Como já tivemos essa liderança, precisamos recuperá-la”, finalizou.

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

Essa pujança do agronegócio brasileiro ressaltada por Brito pode ser comprovada por números trazidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Solos). Nos últimos 40 anos, houve uma evolução da ordem de 390% na produção e de 200% em produtividade, com um aumento de área relativamente pequeno, em torno de 60%. Isso promoveu um efeito de poupar 250 milhões de hectares (ha) de terra.

Para o pesquisador Renato do Aragão Ribeiro Rodrigues, dedicado à Mudança do Clima (Embrapa Solos), que ministrou a palestra A Revolução Produtiva do Século 21: Integração Lavoura-Pecurária-Floresta, o agricultor é um agente protetor da natureza, conservando a vegetação nativa de sua propriedade. Isso porque 66% de toda a área brasileira é destinada à vegetação nativa, sendo que 20,5% está dentro dos imóveis rurais.

A questão ambiental tem sido um tema prioritário no agronegócio, por isso estão sendo implementadas tecnologias e sistemas que possibilitam uma agricultura de baixo carbono e outros benefícios no meio ambiente. “A complexidade do mundo requer cada vez mais soluções integradas, o que significa que lidar com esses desafios requer uma abordagem sistêmica que gerencie as complexidades de maneira sustentável, responsável e ética”, comentou Rodrigues.

Nos últimos 40 anos, houve uma evolução da ordem de 390% na produção e de 200% em produtividade, com um aumento de área relativamente pequeno, em torno de 60%

Nesse sentido, a tecnologia Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) vem crescendo fortemente no País. Em 2005, eram menos de 2 milhões de hectares. Já em 2020, são 17,5 milhões ha. A meta, bastante ousada, é chegar em 2030 com, no mínimo, 30 milhões de ha.

“A tecnologia pode ser adotada por qualquer tipo de produto, em todos os biomas e em vários formatos. Além de aumentar a produtividade, reduz riscos na produção, agrega valor aos produtos e aumenta a qualidade ambiental, reduzindo a necessidade de abertura de novas áreas e mitigando as emissões de gases de efeito estufa”, explicou o pesquisador.

Oportunidades

O Núcleo Agronegócio Sustentável contou ainda com mais duas apresentações. A primeira teve como tema  Os desafios da Inovação para a Promoção da Competitividade e Desenvolvimento Sustentável do Agronegócio e foi ministrada por Wellington Galassi, membro do comitê de Inovação da Abag, que forneceu um panorama sobre o ecossistema global de empreendedorismo e de inovação, citando a valorização da experiência do usuário e o fortalecimento da economia digital. “Cerca de 80% do fluxo global de comércio envolve a exportação de intangíveis, ou seja, tudo aquilo que não é físico. Mas, isso não se aplica no Brasil, ainda baseada em commodities.”

Ele trouxe ainda três pontos importantes para competitividade do agronegócio em nível global, como a governança do dado, a governança ambiental, social e corporativa (ESG) e a experiência do usuário, no qual o consumidor se tornou o centro das operações. “A primeira é uma mudança advinda da era digital, que está alterando como a riqueza é gerada nas economias. Hoje, o dado é o principal insumo da atividade econômica, transformando negócios”. No segundo item, Galassi ressaltou que o ESG também envolve a diversidade e o agro deverá lidar com essa temática se quiser sobreviver nesse novo modelo global de negócios.

Já a segunda palestra ficou a cargo de Antonio Carrere, diretor de Planejamento Estratégico para América Latina da John Deere, que abordou o tema Agricultura Sustentável. “O agro é a vocação do Brasil. Enquanto o país usa apenas 30% da área para produção de alimentos, os Estados Unidos tem 74% da área voltada para essa atividade. Temos muito potencial para produzir mais, sem gerar desmatamento e promovendo a sustentabilidade”, afirmou.

Mas, para alcançar esse potencial, Carrere afirmou que é preciso contar a realidade do agro nacional, ou seja, trazer uma narrativa positiva sobre o setor. Mostrar, por exemplo, os avanços tecnológicos que corroboram para a sustentabilidade, como o ILPF e o plantio direto, e a modernização do setor atualmente com a aplicação de ferramentas virtuais para gerenciamento, monitoramento e rastreabilidade.

Totalmente virtual, com transmissão pelo site oficial, a BW contou com mais de 100 horas de conteúdo, atividades interativas, ações de relacionamento e de negócios e exposição de produtos, serviços e tecnologias. A programação tem palestras, webinars e debates relacionados ao nove Núcleos Temáticos: Agronegócio Sustentável, Conservação de Recursos Hídricos, Construção Sustentável, Economia Circular, Reciclagem de Resíduos na Construção, Resíduos Sólidos, Transformação Energética – Hidrogênio, Valorização de Áreas Degradadas e Waste-to-Energy.