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Publicado em 10 de outubro de 2024 por Mecânica de Comunicação

Design de moda pode atuar em diversas frentes em prol da sustentabilidade

A moda é parte fundamental da cultura material. Através dos produtos de vestuário com valor de moda, os valores, as ideias, as crenças e as experiências de uma sociedade e de um indivíduo são comunicados ao mundo exterior. Os símbolos de pertencimento ou diferenciação de um indivíduo a uma comunidade ou grupo social são externados e interpretados de acordo com o repertório do indivíduo que recebe essa mensagem. E como parte da cultura material, os produtos de moda também são influenciados por fatores externos ao seu próprio sistema.

Uma das principais características do atual consumo de moda é a da obsolescência programada, ou seja, os produtos de vestuário com valor de moda são projetados e produzidos para serem logo descartados, e assim incentivarem o consumo desenfreado. Contudo, o designer de moda do século XXI não pode ficar indiferente a situação de degradação do planeta, com a escassez de recursos naturais, o efeito estufa e o aquecimento global, o desmatamento, o rápido crescimento da população mundial, e o aumento da desigualdade socioeconômica entre os países.

Ao mesmo tempo, percebe-se que o consumidor carrega o poder e a responsabilidade de escolha de bens e serviços de consumo. Hoje, ele possui as condições necessárias para recriar os sistemas de moda e consumo, já que ele é, ao mesmo tempo, agente e alvo da moda.

Nesse sentido, o designer de moda pode atuar em quatro frentes em relação à sustentabilidade - educador-comunicador, facilitador, ativista e empreendedor -, e assim transformar as práticas de moda vigentes. Ao revisitar setores existentes da indústria da moda com uma nova perspectiva, os designers têm oportunidade de aplicar seus conhecimentos e habilidades em benefício da ecologia e da sociedade.

O desafio dos ativistas de moda, através de pequenas ações do cotidiano, é mostrar para o consumidor que existem outras possibilidades no vestir, que é viável preservar o meio-ambiente, que ser sustentável é fazer escolhas melhores e consumir menos. A indústria da moda precisa fazer a sua parte, utilizando critérios de sustentabilidade na busca de novos materiais, mas com apelo estético elevado e de qualidade e durabilidade.

Tudo que envolve a cadeia de produção na moda desperta a atenção do consumidor. A divulgação pública de informações sobre condutas, boas práticas socioambientais e a redução de impactos pelas empresas ajuda a construir uma boa imagem para a marca e geram mudanças positivas.

No entanto, o consumidor precisa ser estimulado a fazer parte dele, evitando o consumo desenfreado, reutilizando roupas, utilizando mão-de-obra local, fazendo uso de conserto e customização entre outras estratégias para estender a vida útil da peça. Enfim, adotando práticas sustentáveis em relação ao seu consumo rumo a um consumo mais consciente.

Dessa forma, é necessário que os consumidores recebam educação sobre o tema e informações adequadas. A informação leva à conscientização e à mudança de hábitos, que, por conseguinte podem levar à pressão política através das redes sociais. Cabe então ao poder público exercer o seu papel e legislar, implementar e fiscalizar políticas de incentivo ao desenvolvimento sustentável da cadeia de moda, ao mesmo tempo que a indústria têxtil e de confecção realmente tome todas as providências necessárias para tornar sua cadeia de produção mais transparente e justa para todos os envolvidos.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Estratégias de sustentabilidade na moda: a percepção do consumidor, defendida por Cibele Oliveira de Albuquerque, no Programa de Pós-graduação em Design da Universidade Federal de Pernambuco, sob orientação do professor Leonardo Augusto Gómez Castillo