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Publicado em 27 de fevereiro de 2025 por Mecânica de Comunicação

Impactos ambientais na avifauna devem ser avaliados antes da instalação de parques eólicos

A atividade de geração de energia eólica, embora tenha impactos menores quando comparados às outras fontes, não está isenta de impactos ambientais. A paisagem sofre alterações advindas da instalação das torres com altura superior a 100 metros, das pás dos aerogeradores, e da construção de acessos e estruturas administrativas necessárias à atividade. Essas construções, em especial os aerogeradores, podem ser visualizados a distâncias consideráveis, afetando a percepção das pessoas que residem em locais próximos ou, ainda, daquelas que transitam nas áreas adjacentes a esses empreendimentos.

A avifauna é potencialmente impactada pela instalação de parques eólicos, mas esses impactos são variáveis e dependem de uma série de fatores como topografia da área, habitat afetado e número de espécies presentes na área, condições meteorológicas, abundância, atividade/comportamento da espécie, morfologia/fisiologia da espécie, características orográficas e corredores de migração ou de deslocamento diário.

Nessa seara, podemos considerar o habitat do entorno como um dos fatores que influenciam a colisão das aves com os aerogeradores. Cita-se, por exemplo, maior risco de colisão de aves quando os aerogeradores são instalados próximos às áreas úmidas. Fator também relacionado a colisões diz respeito às condições climáticas. Sendo assim, podemos citar a influência de ventos fortes e nevoeiros abundantes como fatores de maior risco.

A má visibilidade e os fortes ventos estão relacionados com a maior mortalidade por dificultar as manobras e a percepção das aves. Ao considerarmos o comportamento das espécies, podemos verificar que o tipo de voo de aves de rapina, centrado na busca e perseguição da presa, pode ser considerado como fator de risco para a colisão, assim como espécies com comportamento social gregário, que voam em grupos, estão mais suscetíveis à presença de obstáculos, bem como as espécies que se deslocam à noite.

O monitoramento dos parques eólicos deve atentar para a ocupação do espaço aéreo pela fauna alada, objetivando o conhecimento das altitudes utilizadas pelos grupos faunísticos, avaliando consequentemente, os riscos de contato com as estruturas. Outros fatores que devem ser levados em consideração no que concerne à atividade de geração de energia a partir de fonte eólica dizem respeito a fatores atrativos para a avifauna, como a utilização de luzes e a existência de locais para pouso.

Não só as turbinas eólicas são capazes de impactar a avifauna, cabe salientar a existência dos sistemas associados ao empreendimento eólico que, da mesma forma, constituem risco para as aves. Linhas de transmissão de energia elétrica estão relacionadas a risco de colisões e morte por eletrocussão, além dos impactos à paisagem que podem resultar em perturbação às atividades desse grupo faunístico.

Sendo assim, os impactos a esse grupo faunístico devem ser considerados quando se analisa a melhor localização para a instalação de parques eólicos. A identificação de áreas de maior utilização pela avifauna é imprescindível na análise do risco de colisão com aerogeradores. De acordo com o Relatório anual de rotas e áreas de concentração de aves migratórias no Brasil, deve-se evitar a instalação de empreendimentos eólicos em áreas com grandes concentrações de aves e em locais que coincidam com as principais rotas de migração e locais utilizados para nidificação.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Impactos ambientais na avifauna associados às transformações da paisagem no Parque Eólico Tramandaí - Rio Grande do Sul, defendida por Paula Rodrigues Tavares, no Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob orientação do professor Roberto Verdum e coorientação da professora Lucimar de Fátima dos Santos Vieira.