Associação Brasileira de Tecnologia
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Publicado em 25 de abril de 2024 por Mecânica de Comunicação

Fitorremediação é alternativa para remediação em áreas com recursos minerais

Os recursos minerais são bens esgotáveis, não renováveis. Por esse fato, tendem a escassez à medida que são retirados do meio natural. Assim como toda exploração de recursos naturais, a atividade de mineração provoca impactos significativos no meio ambiente no que diz respeito à exploração (escavações vultosas) ou mesmo na geração de resíduos.

Os depósitos minerais encontram-se onde as condições geológicas são favoráveis à sua formação. A este condicionante associa-se o termo rigidez locacional, que expressa a restrição na seleção de áreas que possam gerar menos impactos ambientais na implantação de empreendimentos mineiros. Que na maioria das vezes, trata-se de locais ambientalmente sensíveis e importantes para a preservação da biodiversidade, dos recursos hídricos, da paisagem e dos demais recursos naturais com função ambiental de grande importância.

Toda atividade de mineração implica na supressão vegetal e em muitas situações, o solo superficial de maior fertilidade é também removido, promovendo a exposição dos solos remanescentes aos processos erosivos que podem acarretar em assoreamento dos corpos d’água do entorno, tal contexto pode ser observado em áreas de mineração no semiárido pernambucano.

Sabe-se que o Polo Gesseiro do Araripe é uma área de grande pressão sobre a vegetação, posto que a matriz energética é extremamente dependente da lenha para calcinação da gipsita, aumentando de maneira significativa a devastação do estoque lenheiro da região. Diante disso, esse território se encontra sob severa ação antrópica que, consequentemente, vem gerando alterações nas estruturas físicas e biológicas do ambiente. Esse cenário coloca o Araripe, como área susceptível à desertificação e suas consequências desastrosas nos aspectos sociais, ambientais e econômicos.

As atividades antrópicas voltadas para a mineração, indústria metalúrgica, indústrias químicas, agricultura, dentre outras, têm causado distúrbios nos ecossistemas que compõem a biosfera, ao promover a deposição e o acréscimo de sustâncias nocivas de natureza orgânicas como hidrocarbonetos, inorgânicas e metais pesados em solos e cursos d’água. Os métodos convencionais de remediação envolvem solidificação, estabilização, vitrificação, escavação e remoção do contaminante do leito do solo, ou sua lavagem com ácidos fortes ou agentes quelantes.

O processo de remediação natural de contaminantes é comumente denominado em função do principal mecanismo responsável pela melhoria da qualidade ambiental. Quando a presença de seres vivos é a principal responsável pela remediação, o processo é chamado de biorremediação natural. Dentro da biorremediação insere-se a fitorremediação, meio pelo qual as plantas representam o principal mecanismo de biorremediação ou quando são fundamentais para desencadear tal processo.

A fitorremediação é uma técnica emergente, vantajosa devido ao seu baixo custo e versatilidade. Não é uma solução para todos os problemas de resíduos perigosos, mas mostra um enorme potencial em diversas aplicações para o tratamento de metais, compostos orgânicos e inorgânicos em locais onde a contaminação é superficial. A evolução de tecnologias direcionadas para soluções naturais, como a fitorremediação, vem se consolidando cada vez mais com reconhecimento comprovado no que se refere aos processos de atenuação natural, que contribuem de forma significativa no controle das plumas de contaminação no solo e águas subterrâneas, além de serem economicamente mais viáveis que as outras tecnologias empregadas.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Potencial fitorremediador de espécies vegetais em áreas de mineração do semiárido pernambucano, defendida por Anderson Pontes Chaves de Lima, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral do Centro de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de Pernambuco, sob orientação da professora Kenia Valença Correia.