Publicado em 08 de agosto de 2024 por Mecânica de Comunicação
O ar atmosférico é, sem dúvida, um dos bens mais preciosos da humanidade. Pode-se dizer que esse é o composto do qual somos mais dependentes para realizar qualquer tipo de atividade, sem sequer nos darmos conta disso.
Mas não é só a falta de oxigênio que pode prejudicar os seres vivos, como também a presença de impurezas no ar que respiramos. A Organização Mundial de Saúde estimou, em 2021, que 91% da população mundial vive em lugares onde os níveis da qualidade do ar excedem os limites definidos por essa instituição. E que sete milhões de pessoas morrem no mundo por ano em consequência da poluição atmosférica. Entre as múltiplas fontes, incluem-se: indústrias, veículos, geração de energia elétrica, incineração de lixo e resíduos de agricultura, energia residencial para aquecimento e preparo de alimentos. etc.
Em termos de emissões atmosféricas, os anos de 2020 e 2021 foram atípicos. A pandemia provocada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) alterou substancialmente os padrões da sociedade. Esse fato proporcionou uma oportunidade única de se estudar os efeitos dessa mudança comportamental, permitindo a quantificação da redução da concentração dos poluentes atmosféricos.
O fechamento temporário de estabelecimentos comerciais e de ensino - o que obrigou várias pessoas a trabalharem e estudarem a partir de casa - resultou em uma redução na circulação de veículos em todo o planeta. Em diversas cidades do mundo foi observada uma melhora momentânea na qualidade do ar atmosférico.
Uma pesquisa acadêmica mostrou que um levantamento bibliográfico dos principais efeitos do isolamento social provocado pela pandemia na qualidade do ar em algumas regiões dos continentes asiático, europeu, africano e americano. Constatou-se a redução temporária nos níveis de diversos poluentes atmosféricos, como Dióxido de Nitrogênio (NO2), Dióxido de Carbono (CO2), Monóxido de Carbono (CO) e material particulado (MP), porém o aumento na concentração de Ozônio (O3) em certas regiões.
As medidas de lockdown tomadas em Wuhan (China) tiveram um impacto ambiental substancial por conta da redução de emissões industriais e poluição veicular. Ao comparar as condições antes do lockdown, a concentração de MP2,5 foi reduzida em 36,9% e a de NO2 em 53,3%. O ozônio seguiu em sentido contrário, apresentando um aumento na concentração em 116,6%.
No município de Uberlândia, em Minas Gerais, a análise dos dados da dissertação de mestrado Estudo da qualidade do ar atmosférico em Uberlândia-MG no contexto da pandemia de Covid-19, defendida por Vinícius Melo Duarte, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade Federal de Uberlândia, sob orientação do professor Marcos Antônio de Souza Barrozo e coorientação do professor Euclides Antônio Pereira de Lima, sugere que o aumento do número de novos casos diários no Brasil tenha contribuído para a redução da concentração de Partículas totais em suspensão (PTS), Partículas inaláveis (MP10) e ozônio no ar atmosférico na cidade, provavelmente pela desaceleração das atividades econômicas e sociais e consequente redução da circulação de veículos no município, durante os períodos de restrições mais rigorosas.
A tendência inversa também pôde ser observada. Com a redução acentuada do número de casos em julho e agosto/2021, a concentração desses três poluentes voltou a subir, atingindo (no caso do PTS e do MP10) níveis não antes registrados desde o início da pandemia. A correlação calculada entre o total mensal de novos casos de Covid-19 no Brasil e a concentração média mensal dos poluentes no ar atmosférico de Uberlândia-MG foi de -0,5139 para o PTS (moderada), -0,2420 para o MP10 (desprezível) e -0,3451 para o ozônio (fraca).
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