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Publicado em 05 de junho de 2025 por Mecânica de Comunicação

Rejeito de bauxita tem potencial para ser reutilizado na produção de materiais de construção

Aproximadamente 0,8 a 1,5 toneladas de rejeitos de bauxita são geradas na produção de 1 tonelada de alumínio (2015). Esse rejeito altamente alcalino é normalmente armazenado em barragens de rejeitos ou lagoas de deposição, com baixo teor de sólidos ou em sua forma seca com alto teor de sólidos.

Os rejeitos de bauxita devem ser dispostos em ambientes devidamente projetados, de modo a minimizar os possíveis impactos socioambientais de seu processo produtivo, como: contaminação do solo; poluição das águas subterrâneas e superficiais devido à alta alcalinidade; e degradação da vegetação local.

Diferentes técnicas de disposição podem ser encontradas na literatura, entretanto, o método mais difundido consiste no represamento por meio de uma estrutura conhecida como barragem de rejeitos. Este armazenamento coloca em pauta uma série de preocupações, sendo a mais importante, a segurança. O processo construtivo de uma barragem de rejeitos exige, muitas vezes, o uso de material compactado para a criação do dique de partida. Portanto, o completo entendimento geomecânico e hidráulico do material constituinte do aterro, é fundamental para garantir a segurança da construção.

Habitualmente, os materiais utilizados no sistema de construção de uma barragem de rejeitos, são os disponíveis durante o processo de mineração ou aqueles que estejam à uma distância economicamente viável da planta de produção. O comportamento geotécnico dos rejeitos está relacionado as características do material, a natureza do depósito e a método de disposição. Além disso, a natureza tóxica dos rejeitos requer extensas medidas preventivas para mitigação de riscos, que fazem alusão à segurança dos operários, vazamentos nos ecossistemas e vias navegáveis e potencial de colapso da estrutura.

Para evitar as adversidades que podem resultar do modo de armazenamento, faz-se necessário a utilização do rejeito como um material alternativo construtivo e/ou geotécnico. No âmbito ambiental e econômico, considerar rejeitos de bauxita como uma alternativa parcial para a geotecnia é extremamente benéfico.

Ao longo dos anos, muitas tentativas foram relatadas para direcionar as aplicações do rejeito de bauxita. Esse resíduo apresenta potencial de utilização na produção de materiais de construção como cimento, tijolos ou concreto ou ainda para o tratamento de águas residuais, gases residuais ou solos contaminados. Por ser enriquecido com óxido de ferro (Fe2O3), o mesmo possui um grande potencial para a estabilização de resíduos, devido à alta formação de estruturas cristalinas por meio de seus processos de reação.

Uma das soluções para os obstáculos inerentes a geração de resíduos, consiste na estabilização por meio da álcali-ativação. Esse processo permite a criação de uma alternativa para materiais cimentícios tradicionais, podendo contribuir para a monetização de rejeitos de mineração e resíduos industriais. A substituição dos agentes cimentícios tradicionais é uma operação extremamente visada no âmbito ambiental, pois o processo produtivo desses materiais envolve um enorme gasto energético e altas emissões de gás carbônico.

Nesse sentido, a cal de carbureto e a cinza do bagaço de cana-de-açúcar se apresentam como resíduos industriais com potencial de reaproveitamento na engenharia geotécnica, especialmente na estabilização de solos, em virtude de suas composições químicas reativas e suas propriedades físicas. Com isso, a aplicação do processo de álcali-ativação com precursores para a estabilização de solos, faz alusão direta ao desenvolvimento sustentável. Essa funcionalidade pode diminuir significativamente o impacto ambiental, reduzindo a pegada de carbono causada pela produção e descarte desses resíduos industriais.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Estabilização de rejeitos de mineração de bauxita por meio de um sistema ligante álcali-ativado de cinza do bagaço de cana-de-açúcar e cal de carbureto, defendida por Giovani Jordi Bruschi, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob orientação do professor Nilo Cesar Consoli e coorientação do professor Sérgio Marques.