Publicado em 04 de dezembro de 2019 por Mecânica de Comunicação
O consumo de energia em edificações (residenciais e comerciais) representa entre 20% e 40% em países desenvolvidos. No Brasil, esse percentual é maior, cerca de 50%. Fatores como o aumento populacional, aliado à constante necessidade de novos serviços, mais tempo de ocupação nos edifícios e níveis de conforto ambiental aprimorados confirmam a tendência crescente no consumo energético.
Dessa maneira, políticas energéticas representam um papel importante no desenvolvimento sustentável de qualquer país, sendo uma das medidas de melhor custo-benefício para reduzir emissões de dióxido de carbono (CO2), uma das principais causas do aquecimento global.
No Brasil, essas políticas vêm sendo desenvolvidas e aprimoradas desde 1980. Em 1985, foi criado o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), visando à conservação da energia no país, dentro de uma visão mais coordenada e abrangente. Em 2001, a Lei nº 10.295, de 17/10/2001 (BRASIL, 2001), conhecida como Lei da Eficiência Energética, corresponde ao principal marco regulatório sobre conservação de energia no país e estabelece níveis mínimos de eficiência para equipamentos.
Com o objetivo de reduzir o consumo energético de edificações não residenciais e diminuir o impacto ambiental que resulta na geração de energia, o INMETRO e o PROCEL, através do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) lançaram em 2009 os “Requisitos Técnicos da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos” (RTQ-C), com requisitos e métodos para classificação de tais edifícios quanto à eficiência energética (BRASIL, 2010). O RTQ-C baseia-se em três requisitos principais: eficiência e potência instalada do sistema de iluminação; eficiência do sistema do condicionamento de ar e desempenho térmico da envoltória da edificação.
No caso das edificações comerciais, é importante ainda aplicar estratégias bioclimáticas adequadas para o clima da região em que estão inseridas. Na dissertação de mestrado Simulação de consumo energético e conforto térmico para edifício de escritórios em Teresina/PI com o uso de estratégias bioclimáticas passivas, defendida no curso de Mestrado da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp e com orientação da professora Lucila Chebel Labaki, Felipe da Silva Duarte Lopes analisou o consumo energético e conforto térmico para um edifício de escritórios em região de clima tropical semiúmido (Teresina, Piauí), com o uso de estratégias passivas de condicionamento ambiental.
As conclusões dessa dissertação foram que o uso de sombreamento das aberturas reduz em até 30% os ganhos de calor pelas janelas, porém tal redução não é suficiente para diminuir a demanda do ar-condicionado. Além disso, as horas de desconforto ao calor com essa estratégia chegaram a 20% das horas ocupadas; a ventilação seletiva no período noturno é uma estratégia interessante, tanto para diminuir a temperatura interna dos ambientes, como para garantir conforto térmico para os usuários. E a comparação das estratégias bioclimáticas nas nove zonas térmicas simuladas demonstrou uma relação direta entre a altura do pavimento com o desempenho do ambiente. As salas localizadas no décimo quinto pavimento consumiram mais energia com o sistema de ar-condicionado, em decorrência da maior incidência de radiação solar na cobertura, mas também proporcionaram os menores valores de horas de desconforto ao calor para os usuários, por influência dos níveis de ventilação no pavimento.
Conclui-se, portanto, que para Teresina, com clima tropical semiúmido, o uso de sombreamento das aberturas e ventilação seletiva no período noturno são estratégias indicadas para a melhoria da sensação de conforto térmico para os usuários e a redução das horas de desconforto ao calor. Utilizar materiais com alta capacidade térmica não é interessante de forma isolada, pois o calor acumulado não é retirado de maneira satisfatória pelo sistema de condicionamento de ar.
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