Publicado em 03 de julho de 2023
Resíduo de empresas que produzem pêssego em calda é transformado em óleo de amêndoa de pêssego, carvão ativado e extrato pirolenhoso
O pêssego é uma fruta deliciosa que, além de ser consumido na sua versão natural, também é muito usado na fabricação de doces, em especial o pêssego em calda. Mas a versão em conserva da fruta gera um resíduo de difícil destinação, com potencial de contaminar o meio ambiente: cada safra colhida resulta em cerca de 4 milhões de quilos de caroço da fruta. A boa notícia é que uma nova tecnologia é capaz de transformar o caroço do pêssego em três produtos diferentes.
Uma parceria entre a Bioquim e o SENAI de Tecnologia em Couro e Meio Ambiente está dando um novo destino ao resíduo e produzindo óleo de amêndoa de pêssego, carvão ativado e extrato pirolenhoso, a partir do caroço do pêssego. “O ponto de destaque, sem dúvida, é a questão ambiental, ao retirarmos quatro mil toneladas por ano de caroços de pêssego que não tinham destinação adequada”, afirma Élita Timm, tecnóloga em gestão ambiental, durante o BW Works SENAI – Empresas Inovadoras, no dia 28 de junho.
Foto: Luann Hunt | Unsplash
A Bioquim recebe os caroços das principais indústrias da região de Pelotas, no Rio Grande do Sul, que é responsável por 99% da produção de pêssego em conserva do Brasil. O resíduo é quebrado em duas partes para a retirada da amêndoa que será congelada, a fim de se extrair o óleo de amêndoa. A parte amadeirada é destinada para um processo de pirólise (carbonização), onde são extraídos o carvão, que é ativado, posteriormente, e o extrato pirolenhoso, que é gerado a partir do resfriamento e condensação de gases.
Foto: Bioquim
De acordo com Fábio Pereira dos Santos de Castro, diretor técnico e proprietário da Bioquim, os três produtos são nobres, advindos de uma produção limpa e sustentável e de fácil comercialização. “O carvão ativado do caroço de pêssego possui qualidades únicas, como alta taxa de absorção e grande capacidade de filtração. É um produto inovador para ser usado em vários tipos de indústrias, podendo, inclusive, diminuir a dependência do produto importado”, disse.
Castro explica ainda que o óleo de amêndoa não é produzido por outra empresa no Brasil. “É um produto muito valorizado no mercado internacional, por contar com ácidos graxos insaturados, ômega 3, 6 e 9, rico em vitamina A e E. Possui penetrabilidade dérmica e tem uma composição parecida com a gordura da pele, sendo valorizada por marcas de cosméticos e pela indústria farmacêutica”, explicou.
Sobre o extrato pirolenhoso, Castro destacou que pode ser usado na agricultura, para adubação foliar, contribuindo para aumentar a imunidade sistêmica da planta, colaborar com fotossíntese e com o crescimento, agindo na raiz. Ele acrescentou que por ser um produto multifacetado pode ser utilizado em diversas aplicações. Reiterou ainda que é possível produzir a preços competitivos e a tecnologia pode ser exportada para o mercado internacional.
Foto: iStock by Getty Images
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