Publicado em 04 de agosto de 2023
Por Rodrigo Conceição Santos – 04.08.2023 –
Há motivos para acreditar que estamos em um ciclo virtuoso para o mercado de equipamentos usados em projetos de infraestrutura. Foi o que a reportagem do InfraROI apurou durante a Brazil Equipo Show (BES 2023), realizada nesta semana em Jaguariúna (SP). Números gerais do mercado completam essa visão, principalmente com os incentivos de governos federal e estaduais do Sudeste.
Começando pelo próprio setor de equipamentos, o ano de 2022 bateu o recorde histórico de vendas da linha amarela (mais de 39 mil unidades) e há quem diga que não vendeu mais porque faltou estoque nas fábricas. Para este ano, as projeções são que 35 mil equipamentos sejam comercializados.
Se ela se confirmar, será o segundo melhor ano na série histórica do setor, apesar de ser um volume 14% menor do que o de 2022.
Contudo, há empresas já descolando dessa projeção, como a Bauko e a Brasif. Classificando os seus resultados como “um ponto fora da curva”, Renato Duarte, diretor comercial da Bauko, disse que os resultados da empresa no primeiro semestre de 2023 foram 20% maiores do que no mesmo período do ano anterior, tanto em volume quanto em receita. “Ganhamos algumas negociações importantes nesse período, e isso se refletiu em aumento de market share”, disse.
A Bauko é dealer da Komatsu em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Sul da Bahia. Ela também distribui a Manitou, mas, segundo Duarte, o crescimento se deu principalmente nas vendas dos equipamentos Komatsu para os clientes de construção e locação de equipamentos para construção civil, além de uma parcela do segmento florestal.
“Cerca de 70% dos nossos resultados são do mercado de construção e locação. O segmento florestal representa cerca de 12%, ficando o restante com o agronegócio e outros mercados, como o de aterros sanitários”, diz.
Para o executivo, o mercado como um todo não deve passar dos números projetados pela Sobratema, apesar do crescimento individual da Bauko. Mas isto não desabona o momento virtuoso, “que só foi visto antes em meados de 2012 e 2013 no setor de equipamentos off road”, confirma.
A Brasif, que representa a linha amarela da Case no Sudeste e no Tocantins, também está com resultados melhores do que as projeções de mercado.
Diogo Fontes, gerente regional da distribuidora, avalia que é difícil que o setor ultrapasse as 35 mil máquinas vendidas neste ano, mas exalta que o mercado está melhor preparado, com bons estoques de produtos nas fábricas e maior competitividade entre as marcas.
Falando especificamente da Brasif, a projeção de vendas é maior em 2023. Comparando o primeiro semestre deste ano com o do ano passado, Fontes revela que o crescimento foi de 70%. “Nós nos preparamos com profissionais para atender essa ponta do mercado. Houve uma reestruturação de 90% da equipe comercial, entre vendedores e parte gerencial também. A própria fábrica [da Case] apoiou neste momento, principalmente em São Paulo, concedendo prazos e condições de vendas diferenciadas”, completa.
O bom momento do mercado de equipamentos off road deve permanecer por alguns anos, como apurou o InfraROI. Isto porque as projeções de obras de infraestrutura são positivas para os próximos períodos, principalmente no Sudeste, com destaque para São Paulo.
Na “terra da garoa”, cerca de R$ 180 bilhões em obras de infraestrutura foram licitados no início do ano. Nesse portfólio estão obras de rodovias, como a recuperação de 407 km de rodovias – incluindo o término do Rodoanel Norte, que vai ser construído pela Via Appia FIP Infraestrutura e cujas obras devem começar até o ano que vem – além do Trem Intercidades (TIC) e da Hidrovia Tietê-Paraná
O TIC vai ligar Campinas à capital paulista, e o edital, lançado em março, estima aportes de R$ 12,8 bilhões para as obras. Já a hidrovia deve receber R$ 300 milhões em investimentos, para viabilizar a navegação em 2,4 mil quilômetros em rios.
Na construção imobiliária, o novo Minha Casa, Minha Vida deverá ter aporte superior a R$ 18 bilhões durante o ano de 2024, para garantir a continuidade das obras e novas contratações, segundo avaliação da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Em entrevista ao jornal A Redação, de Goiânia, o presidente da CBIC, Renato Correia, disse que a expectativa é de que sejam construídas cerca de 500 mil moradias por ano pelo novo programa. O desafio, completou ele, continua sendo reduzir o déficit de moradias no Brasil, que se mantém entre 6 e 7 milhões de unidades.
Em outras regiões do país também há expectativa de crescimento nos investimentos em infraestrutura. No Nordeste, por exemplo, um avanço recente foi o acordo da Agência Francesa de Desenvolvimento (AfD) e do Banco do Nordeste (BNB) com a Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Gagepa) para empréstimo de 200 milhões de euros (mais de R$ 1 bilhão). O aporte é para obras de saneamento básico ou de infraestrutura verde (construções que ajudem a reduzir as emissões de gases de efeito estufa).
No setor de energia elétrica, obras de transmissão devem receber o recorde de US$ 11,9 bilhões no período 2023/2024. O volume envolve obras licitadas em três leilões, sendo que o primeiro foi realizado com sucesso no final de junho.
Obras de geração de energia também estão no rol de investimentos dos próximos anos, assim como ferrovias, refinarias e outros empreendimentos. Com aportes tanto público quanto privados – confirmando que há espaço e necessidade de ambos – o ciclo virtuoso da infraestrutura do Brasil parece mesmo estar girando.
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