Publicado em 22 de agosto de 2011
Abcic debate tecnologia de ponta e sustentabilidade
Durante a Construction Expo 2011, Abcic promove dois seminários sobre otimização da construção habitacional, infraestrutura e sustentabilidade. Leia mais
Infraestrutura, habitação e sustentabilidade foram os temas que a ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) apresentou em dois seminários durante a Construction Expo 2011. Seguidas de mesa redonda, as palestras promoveram amplo debate em relação aos gargalos enfrentados na construção civil no País e como resolvê-los. A Abcic também recebeu convidados da cadeia produtiva do setor no lounge do Pré-fabricado de Concreto, organizado pela entidade para fazer um networking entre os convidados.
Durante o primeiro seminário, o engenheiro espanhol Hugo Corres apontou soluções construtivas para obras de aeroportos e linhas de trem de alta velocidade. O mote da apresentação foi casos de sucesso, como o Aeroporto Barajas, Málaga e de Santiago de Compostela, que será entregue ainda neste mês. Sua apresentação demonstrou que cada sistema construtivo deve ser empregado para extrair o máximo potencial em relação aos requisitos de uma determinada obra, o que envolve custo, logística e qualidade. “A industrialização da construção é fundamental para imprimir velocidade aos empreendimentos e deve ser estudada desde a concepção arquitetônica, com vistas também a outros aspectos de sustentabilidade, até a viabilidade econômica”, disse ele.
Logo em seguida, o eng. Fernando Stucchi, que conduz o projeto estrutural de estádios de futebol para a COPA 2014, como os de Recife e Cuiabá, proferiu palestra na qual endossou a pré-fabricação em concreto como uma solução viável em conjunto com outros sistemas construtivos como o moldado no local e estrutura metálica na cobertura das arenas.
Um ponto em comum nas apresentações de Corres e Stucchi foi a aplicabilidade das lajes alveolares de concreto protendido. Durante os debates realizados sequencialmente às palestras, a eng. Íria Doniak, coordenadora dos seminários e Presidente Executiva da Abcic, enfatizou que a NBR 14.861 que trata do produto lajes alveolares está em consulta Nacional pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). “Essa NBR é compatível com normas internacionais e que trará importantes informações para especificadores, produtores e clientes da cadeia do pré-fabricado”, informa Íria.
O primeiro dia de Seminário ABCIC encerrou com amplo debate envolvendo as questões que se traduzem em gargalos da construção civil no Brasil. Coordenado por Íria Doniak, o debate contou com a participação do Eng. Mário Humberto Marques, Vice-Presidente da Sobratema e Diretor da Construtora Andrade Gutierrez. Também participaram do debate o eng. Carlos Valente, Diretor da Odebrecht Infraestrutura e os palestrantes Fernando Stucchi e Hugo Corres.
Após apresentação do eng. Mário Humberto, cujo tema foi “As perspectivas de negócios são as melhores possíveis para as construtoras diante das 9.550 obras em execução ou projetadas entre 2010 a 2016, com investimentos de R$ 1,2 trilhão”, diversos temas foram abordados pelos integrantes da mesa redonda e pela platéia. Entre eles, discutiu-se a necessidades de melhoria nos projetos e contratações/licitações. O custo Brasil, que envolve impostos decorrentes da importação de equipamentos e incidentes sobre sistemas construtivos industrializados, também esteve no rol de discussões, além da qualificação de mão de obra, da importância de contar com a experiência internacional e de mais ousadia para inovar e promover o desenvolvimento tecnológico no Brasil. “O maior objetivo dessa troca de informações é potencializar as ações que o País pode tomar, envolvendo temas que sejam de interesse comum para que a missão das entidades de um setor seja a de colaborar com o governo ao apresentar as soluções possíveis de serem adotadas”, afirmou Íria.
O segundo seminário coordenado pela Abcic trouxe dois casos de sucesso de obras brasileiras em duas áreas distintas: habitação e infraestrutura portuária. Na ocasião, os palestrantes enfatizaram que há grande aplicabilidade das estruturas pré-fabricadas de concreto em obras de infraestrutura (PAC), o que levam as demandas do setor muito além dos eventos esportivos de 2014 e 2016.
As palestras evidenciaram, inclusive, a infraestrutura necessária para o crescimento do número de moradias, decorrente do programa Minha Casa, Minha Vida, além de obras de mobilidade urbana. Aliado a esse contexto, aspectos conceituais como durabilidade e sustentabilidade foram abordados pelos professores e consultores Enio Pazini Figueiredo e Paulo Helene. “O concreto é o material industrial mais consumido pelo homem”, informou Helene. Para ele, o melhor caminho para o desenvolvimento sustentado da indústria do concreto é o da consciência de que é necessário caminhar, permanentemente, em direção a alternativas mais sustentáveis do que as utilizadas atualmente, vislumbrando-se as seguintes principais opções, perfeitamente alinhadas com o ambiente industrial que é bastante favorável à racionalização:
• Reduzir o consumo de recursos naturais, de energia e o volume de emissão de gases estufa para a fabricação das matérias-primas das estruturas de concreto. Ou seja, trabalhar no cimento, nos agregados, na água, nos aditivos, na fabricação das armaduras (aço) e no consumo de madeira ou chapas de aço para fôrmas;
• Empregar agregados reciclados na produção dos concretos;
• Empregar concretos de alta resistência e de vida útil elevada;
• Empregar concretos auto-adensáveis de alto desempenho;
Entre os dados apresentados, extraídos de um relatório do Reino Unido (2010), merece destaque a produção de resíduos: enquanto o concreto pré-moldado gera 5kg de resíduos por tonelada produzida, o concreto produzido em central gera 10 kg/t e o concreto produzido no próprio canteiro 40kg/t. Essa informação, aliada a outros aspectos de preservação ambiental, como o consumo de recursos naturais e emissões de CO2, foram destaque na palestra de Helene, reforçando a necessidade de rever conceitos de especificação e projeto, afim de que se produzam obras sustentáveis também no sentido estético, funcionais e de vida útil cada vez mais elevada.