Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 08 de outubro de 2012

Guia Construir e Reformar - Bambu é alternativa viável para a construção civil brasileira

Sobratema Fórum: Bambu é alternativa viável para a construção civil brasileira 

Autoconstrução e disponibilidade local da matéria-prima minimizam custos logísticos da obra

Amplamente empregado em países como Colômbia, Equador, China, Japão e Índia, o bambu não é muito utilizado na construção civil brasileira. As razões passam pela questão cultural, no qual existe um conceito errôneo de que essa gramínea possui baixa durabilidade, e pela questão econômica, que é a ausência de fornecedores de mudas de espécies de bambus mais apropriadas para aplicação nesse setor e que possam ser plantadas em escala comercial.

Mas, essa realidade deverá mudar em pouco tempo. “A recente aprovação da Lei Federal de incentivo ao manejo sustentado e ao cultivo do bambu, certamente, irá desencadear uma série de atitudes positivas que culminarão na oferta de matéria-prima de boa qualidade para ser utilizada na construção”, afirma o professor doutor Antonio Ludovico Beraldo, da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp. “A partir da oferta de matéria-prima originária de plantios realizados em escala comercial, empresas poderão se instalar, visando à produção de uma série de materiais à base de bambu, tais como chapas prensadas e bambu laminado colado (BLC)”, explica.

O bambu pode ser aplicado na construção de diversas formas: para formas, escoramento em obras e acabamento. No Brasil, o maior exemplo do uso desse material em empreendimentos imobiliários é o Centro Cultural Max Feffer, situado em Pardinho, no interior de São Paulo, que possui certificação Green Building. Toda sua estrutura de cobertura foi desenvolvida com bambu. “Além dele, há também restaurante em Holambra, no interior paulista, o centro cultural em Camburizinho, no litoral paulista, e hotéis em Angra dos Reis-RJ e Itacaré-BA. Mas, certamente, a maior obra em bambu feita no Brasil é constituída pelas inúmeras pequenas construções espalhadas em todas as regiões”, analisa Beraldo, que será um dos palestrantes do III Sobratema Fórum Brasil Infraestrutura, a ser realizado no dia 30 de outubro, no Centro Fecomércio de Eventos (SP).

Os benefícios do uso do bambu nesse segmento, segundo Beraldo, estão relacionados aos aspectos da autoconstrução e da disponibilidade local dessa matéria-prima, o que minimizaria os custos logísticos. Outra vantagem é a leveza apresentada pela estrutura, o que dispensaria a locação de equipamentos pesados para o transporte dos componentes construtivos. Além disso, o bambu possui um elevado potencial para armazenar carbono e é uma planta perene, ou seja, após seu plantio e decorrido um intervalo relativamente curto, os colmos podem ser coletados continuamente, sem a necessidade de ser plantado novamente.

Beraldo analisa que essa característica de retenção de carbono é um fator que pode interessar empresas de variados setores a entrar nesse ramo de atividade como já vem ocorrendo na Colômbia e no Equador. “Nesses países existem diversos exemplos de magníficos empreendimentos com bambu, como o projeto social equatoriano Hogar de Cristo, para qual esse material é de fundamental importância”, conta.

Biomateriais

Os biomateriais são uma outra alternativa para uso na construção civil. “Em alguns casos, eles podem substituir total ou parcialmente os agregados minerais na confecção de concretos leves, destinados à confecção de blocos vazados, telhas onduladas, bloquetes para pavimentação, entre outros. Em compósitos à base de matrizes orgânicas ou inorgânicas, o carbono presente na biomassa vegetal encontra-se bloqueado, o que constitui uma importante vantagem ambiental”, detalha Beraldo. Em outros setores da economia, como a indústria automobilística, alguns biomateriais já vêm sendo usados.

O III Sobratema Fórum Brasil Infraestrutura – Tecnologia e Inovação contará com mais sete palestras e é direcionado a todos os profissionais da cadeia produtiva da construção e das áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação.