Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 02 de dezembro de 2012

Portal Logweb - Fórum Abiove-Abag pede solução para os problemas logísticos do país

Fórum Abiove-Abag pede solução para os problemas logísticos do país

As diretorias da Associação Brasileira de Agronegócio (Abag) e da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) vão encaminhar à ministra-chefe da Casa Civil, Gleise Hoffmann, um documento solicitando medidas para solucionar ou atenuar as sérias consequências da crônica deficiência de infraestrutura logística do País para o escoamento da safra de grãos que está sendo colhida. Essa foi a principal decisão tomada após as discussões e debates durante o Fórum Safra Recorde de Grãos: os Desafios da Logística, realizado pelas duas entidades nesta no dia 28 de novembro, em São Paulo.

O documento deverá ter a adesão de outras entidades que participaram do encontro, como a Associação do Transporte Rodoviário de Carga do Brasil (ATR) e do Movimento União Brasil Caminhoneiro. “Quanto mais gente aderir, mais força teremos para mostrar ao governo que a situação é grave e ficará ainda mais crítica no ano que vem, com a colheita da safra recorde de grãos, que deverá alcançar 180 milhões de toneladas”, diz Carlos Lovatelli, presidente da Abiove.

Além das questões ligadas à precariedade da estrutura de transporte do País, o documento a ser encaminhado ao Governo Federal tem também a incumbência de cobrar do governo a resolução dos problemas imediatos decorrentes da aplicação da Lei 12.619/12, que disciplina sobre a jornada de trabalho dos caminhoneiros e que foi suspensa até março de 2013 por força de uma decisão da própria Casa Civil. “O governo não se deu conta das graves consequências dessa lei para a cadeia do transporte”, afirmou Nélio Botelho, do Movimento União Brasil Caminhoneiro.
 
De acordo com um estudo comparativo feito pela ATR, a aplicação da nova legislação para os caminhoneiros provoca uma perda de 30% na produtividade das empresas de transporte. O comparativo levou em conta exemplos práticos de dois motoristas de uma transportadora que atuam numa mesma rota. A constatação é de que o motorista que seguiu a nova lei fez sete viagens, contra dez do profissional que seguiu a legislação anterior. Quanto a quilômetros rodados, pelo método novo foram percorridos 7.700 km, contra 11 mil do que seguiu a lei antiga. Já em termos salariais, o motorista que rodou seguindo a nova lei teve um ganho mensal de R$ 2.472,20, contra R$ 3.536,00 daquele que seguiu o método antigo.

Em relação às deficiências da infraestrutura de logística do País, os palestrantes demonstraram bastante preocupação, principalmente com relação aos gargalos para o escoamento da esperada safra recorde de grãos que está sendo colhida. “O ano de 2013 deverá ser um dos piores em termos de logística para o agronegócio brasileiro”, disse Ricardo Nascimbeni, da comissão de logística da Abiove.

Segundo ele, o problema deve se agravar com a falta de caminhões, pois “nós fechamos 2012 com queda de 30% nas vendas de caminhões, num modelo logístico baseado no modal rodoviário”. Segundo Nascimbeni, nossa situação é tão caótica, com deficiências em todos os níveis. “Estamos neste momento, por exemplo, com cerca de 5% a 10% da frota nacional de caminhões de transporte de cargas parados por falta de motorista”, afirma ele. Para acelerar a formação de motoristas, Rogério Martins, diretor da ATR, informa que estão sendo criados vários centros para formação técnica em diversas regiões do País. Salienta, porém, que essa medida tende a dar frutos no longo prazo.

Para outro palestrante do evento, o vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamento e Manutenção (Sobratema), Eurimilson João Daniel, a chave para a solução do problema está não só em construir novas estradas, mas também conservar as já existentes. “Temos cerca de 50 mil quilômetros de estradas que necessitam de manutenção que não é realizada. Essa é uma das razões para o fato de que, na última reunião do Fórum Mundial, as estradas brasileiras tiveram classificação de 2,9, contra uma média mundial de 4,0 e de 3,4 da América Latina”, informou.