Publicado em 25 de janeiro de 2013
Valor Econômico - Veneza mira mercado de construção em SP
Veneza mira mercado de construção em SP
Por Murillo Camarotto | Do Recife
Escolhido para distribuir no Estado de São Paulo a linha de máquinas para construção da fabricante americana John Deere, o grupo pernambucano Veneza quer aproveitar a oportunidade para consolidar todos os seus tentáculos na região Sudeste. Além de vender máquinas para construção civil e para o agronegócio, a empresa é uma das principais concessionárias de caminhões e automóveis do Nordeste. Atua ainda no varejo de autopeças e controla uma empresa de ônibus. Seu faturamento total passou de R$ 1 bilhão em 2012. A nova empreitada exigirá investimentos de R$ 55 milhões nos próximos dois anos.
Criada para distribuir os equipamentos da John Deere, a Mega Máquinas também terá exclusividade na região Nordeste, mas é na operação paulista que a Veneza aposta. A fabricante americana, que até então produzia apenas equipamentos agrícolas no Brasil, quer agora uma fatia do mercado nacional de máquinas para construção. Para isso, está levantando em Indaiatuba (SP) duas unidades industriais de onde sairão escavadeiras, retroescavadeiras e pás carregadeiras. O investimento, feito por meio de uma joint venture com a japonesa Hitachi, será próximo dos US$ 180 milhões.
O grupo é parceiro da John Deere desde 2008, quando começou a revender as máquinas agrícolas da americana - a chamada linha verde - nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. A Veneza também é representante do setor de máquinas da Hyundai. "Além de sermos parceiros há algum tempo, pesou a nosso favor a expertise que já tínhamos em máquinas para a construção e em caminhões", disse ao Valor o empresário Marcos Hacker Melo, presidente da Mega Máquinas e filho único do fundador do grupo.
Apesar de as duas fábricas da John Deere ainda estarem em obras - as inaugurações devem acontecer no segundo semestre deste ano -, o grupo americano já atende com máquinas importadas os clientes brasileiros. A primeira concessionária paulista da marca deve ser inaugurada em fevereiro em Barueri, na Grande São Paulo. Também está prevista uma loja em Campinas. O objetivo é ter pelo menos seis revendas no Estado nos próximos dois anos. No Nordeste, será aproveitada a estrutura existente de máquinas agrícolas.
O mercado nacional de linha amarela registrou ligeira queda no ano passado, ao redor de 3%. Ao todo, foram comercializadas quase 30 mil unidades no país, segundo estimativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). Ainda assim, o empresário pernambucano acredita que a chegada da John Deere vai sacudir o setor. "As grandes construtoras brasileiras, que atuam no exterior, já estão acostumadas a trabalhar com a marca e estão animadas com a vinda da empresa para o Brasil", disse.
Ele também vê espaço para crescer no mercado paulista, na esteira de grandes empreendimentos que devem sair do papel nos próximos anos, como a construção do trem-bala e a reforma do Aeroporto de Viracopos, além de obras de saneamento. A Veneza quer aproveitar ao máximo a sua primeira empreitada fora do Nordeste. Segundo ele, já estão sendo analisados aportes nos segmentos de caminhões e automóveis. Tudo, no entanto, ainda em estágio preliminar.