Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 21 de março de 2013

Valor Econômico - Vendas no segmento de construção civil caem 3%

Vendas no segmento de construção civil caem 3%

Por De São Paulo
 
Apesar de as companhias asiáticas não admitirem abertamente, a desaceleração do mercado brasileiro de máquinas para construção em 2012 foi crucial na decisão de segurar o início da fabricação no país. A avaliação é consenso entre representantes da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), que apontaram queda de 3% nas vendas de equipamentos da linha amarela no ano passado.
 
"A falta de dinamismo no mercado em 2012 certamente teve impacto nas avaliações dos investimentos", disse Milton Rego, vice-presidente da câmara setorial de máquinas rodoviárias da Abimaq.
 
"O principal fator foi a retração do mercado e houve também o aumento da concorrência", afirmou Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema. Para Daniel, as quatro principais companhias orientais - Hyundai, XCMG, Doosan e Sany - fizeram seus planejamentos de forma apressada, pressionadas pelas matrizes para obter resultados na América Latina. Além disso, estão entrando em um mercado consolidado por marcas fortes, como Caterpillar, Randon, Komatsu e CNH. "As empresas saíram atirando para todos os lados e agora estão enxergando que o mercado não comporta todo mundo".
 
Avaliação semelhante é feita pela presidente da câmara de máquinas rodoviárias da Abimaq, Andrea Park. Ela acrescenta as dificuldades das companhias orientais em "aprender" a fabricar no Brasil. "As asiáticas se instalaram achando que seria fácil trazer ou desenvolver fornecedores." Andrea lembra que há um forte rigor do BNDES na hora de analisar a nacionalização do processo de produção para conceder o acesso à linha Finame - a linha, atualmente com taxa de 3% ao ano, é a principal vantagem em se produzir máquinas no Brasil e um dos principais objetivos das empresas que se instalam aqui. O procedimento é igualmente complexo para as companhias obterem certificado de origem e poderem exportar para o Mercosul sem pagar taxas.
 
Passar pelo crivo do BNDES tem sido um ponto de dificuldade para as companhias. A Sany, por exemplo, está com 50% de nacionalização nos equipamentos montados em sua unidade em São José dos Campos (SP). Quando tiver a fábrica em Jacareí (SP), pretende alcançar com folga o percentual exigido pelo banco de desenvolvimento, em 60%, disse o presidente da Sany no Brasil, David Cui. O projeto de Jacareí, contudo, ainda não tem previsão para ser concluído. A Doosan, que iniciou em dezembro a produção em Americana (SP), ainda está com o pedido de acesso ao Finame em andamento.
 
A desaceleração do mercado retardou os planos, mas não há, por ora, qualquer perspectiva de que uma dessas quatro empresas possa cancelar o investimento. Daniel, da Sobratema, destaca o lado positivo da vinda das asiáticas: a competição. "Quem ganha é o consumidor; em termos de preço, opções de tecnologia, esse movimento é bom para o mercado." (AF)