Publicado em 10 de junho de 2024
O planejamento das operações abrange equipamentos, pessoas e procedimentos. A atividade é cercada por normas técnicas ABNT e normas regulamentadoras (NRs). Conheça-as!
Publicado em: 10/06/2024
(Foto: Roman_23203/Adobe Stock)
Guindastes torre, também conhecidos como gruas, têm modelos variados que se adaptam às necessidades de cada tipo de construção. O engenheiro Carlos Gabos, instrutor do Instituto OPUS de Capacitação Profissional da Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, explica cada um deles:
• Guindaste torre com lança fixa na horizontal: é dotado de um carrinho (troley) que se movimenta sobre lança e com o giro no topo da torre, levando o moitão para a posição onde a carga vai ser içada;
• Guindaste torre com lança móvel (basculante): nesse modelo, a diferença é que o moitão é levado para a posição de içamento pela inclinação da lança;
• Guindaste torre ascensional: é muito utilizado, principalmente quando a altura do empreendimento é elevada e as cargas são menores. É montado dentro do fosso do elevador e, conforme o edifício é construído, ele vai sendo elevado para auxiliar na construção do próximo pavimento;
• Guindaste torre de montagem rápida: caracteriza-se pela facilidade de mobilização e montagem;
• Guindaste torre sobre trilhos: tanto os guindastes com lanças fixas quanto os de lanças basculantes podem ser montados sobre trilho, facilitando o posicionamento da torre;
• Guindastes móveis: são aplicados nos empreendimentos quando há necessidade de içamento de cargas mais pesadas, como montagem de viadutos e pré-moldados, entre outros. “Nesse caso, temos os guindastes de lanças treliçadas e de lanças telescópicas com base sobre esteiras ou sobre estabilizadores (patolas)”, esclarece Gabos.
• Guindastes de lança articulada (Munck, guindautos): são usados principalmente no apoio da produção, pois conseguem transportar a carga na sua carroceria, viabilizando muitas operações com rapidez. As características e requisitos desse tipo de equipamento estão definidos na norma ABNT NBR 14768 – Guindaste articulado hidráulico – Requisitos.
(Foto: Kings Access/Adobe Stock)
Outros tipos de equipamentos de guindar podem ser encontrados para aplicações especificas. É o caso das minigruas, que são montadas no último pavimento para a desmontagem de gruas ascensionais, ou do miniguindaste que, apesar de ter pouca capacidade de içamento, tem grande aplicação em lugares apertados.
“As capacidades de içamento variam bastante, sendo que um mesmo tipo de guindaste pode ter capacidades diferentes. As gruas são classificadas pelo momento que elas suportam. Há gruas de 80 tm até as maiores com 2.000 tm e capacidade máxima de 60.000 kg. Essas capacidades estão definidas nas tabelas de cargas de cada equipamento”, afirma.
Os valores de capacidade estão também gravados nos sistemas de monitoramento de cargas e momento, item obrigatório que bloqueia as operações quando os valores máximos são atingidos.
Gabos explica que os pontos de içamento ou pontos de ancoragem são os locais e dispositivos onde as lingas serão conectadas. “Os projetos de ancoragem de uma peça devem prever os esforços a que serão submetidos, considerando as fases de fabricação, manuseio, transporte, montagem e posição final”.
Os acessórios de movimentação de cargas são equipamentos utilizados para a conexão da carga com o gancho dos guindastes. Os mais comuns e as normas técnicas que definem os seus requisitos são:
Para garantir os cuidados essenciais no uso desses equipamentos, é preciso planejar previamente todas as operações, mesmo as mais simples. Gabos elenca as perguntas básicas a serem feitas nessa etapa, quanto a cada um dos eixos do planejamento: equipamentos, pessoas e procedimentos.
- Os equipamentos e guindastes, acessórios de amarração têm capacidade de suportar as cargas que serão içadas com folga ou estão no limite?
- Os equipamentos foram revisados e estão aptos para a operação?
- Existe um responsável técnico legalmente habilitado que emitiu um relatório com uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) garantido a performance dos equipamentos?
- Os componentes da equipe são capacitados e certificados?
“Na norma ABNT NBR 17089 - Qualificação e certificação de pessoas para içamento e movimentação de cargas com equipamentos de guindar para trabalhos onshore – Requisitos, são encontrados os requisitos para capacitação e certificação de terceira parte dos sinaleiros amarradores, dos supervisores de movimentação de cargas e dos rigger projetistas de operação de movimentação de cargas”, aponta.
- A quantidade de componentes é suficiente para a operação?
- Os profissionais têm experiência compatível com o nível de dificuldade que a operação exige?
- Existem procedimentos claros e bem definidos que consideram todos os perigos intrínsecos nas operações e definem barreiras de controle para mitigá-los?
- Os procedimentos são de conhecimento dos profissionais que participarão da operação?
Ainda em relação aos procedimentos, o especialista sugere atenção máxima aos seguintes aspectos:
- Definição do tipo de planejamento a ser desenvolvido;
- Definição de operação normal ou crítica, conforme os perigos intrínsecos nas operações em particular;
- Definição da área a ser isolada;
- As características e suporte do solo devem ser certificadas por um profissional legalmente habilitado;
(Foto: Paylessimages/Adobe Stock)
- Definição do Fator de Utilização (FU) máximo a ser atingido, através do cálculo: FU = Carga Bruta / Capacidade Tabelada x 100;
- Identificação da massa e centro de gravidade da carga;
- Cálculo dos pontos de fixação das lingas na peça (pontos de pega);
- Definição e projeto da amarração;
- Definição da folga entre as partes girantes do guindaste e qualquer estrutura, folga entre a lança e qualquer outra estrutura ou da carga;
- Procedimento para operações próximos de redes energizadas;
- Checklist para visitas técnicas de coleta de dados para a operação;
- Procedimento de inspeção dos acessórios de amarração.
Para operação com guindaste torre (grua), está definido no anexo III da NR 18 os documentos que devem estar disponíveis no canteiro:
(Foto: Niko_Dali/Adobe Stock)
Conforme a NR 18, deve haver um responsável técnico pela operação, um responsável pela manutenção dos equipamentos e um responsável técnico pela montagem. “Todos com registro no CREA”, salienta Gabos.
Os riscos nesse tipo de operação são muitos e cada operação tem suas particularidades. A Análise Preliminar de Risco (APR) deve ser feita antes do início da operação. “Uma norma internacional que trata com muita propriedade desse assunto é a ASME P-30.1 Planning for Load Handling Activities”, aponta.
Em todas as operações próximas a redes energizadas existe a possibilidade de uma descarga elétrica, mesmo sem o contato com a rede. O desligamento é a primeira hipótese que deve ser verificada. “No caso da impossibilidade de desligamento, é necessário o aterramento do guindaste, mantendo-o à distância da rede, de acordo com definições das normas”, orienta.
As normas regulamentadoras que falam sobre movimentação de cargas são:
De acordo com Gabos, a NR11 Transporte e Armazenagem e Manuseio de Materiais não define ainda os requisitos para uma operação segura utilizando equipamentos de guindar. Essa norma foi editada em 1978 e, em 2003, passou por atualização sobre operações com chapas de rochas ornamentais. No final de 2023, a NR11 foi reeditada e colocada em consulta pública. Atualmente está em processo de discussão na Comissão Tripartite Paritária Permanente.
A norma ABNT NBR 15637 trata das diretrizes para cintas têxteis, sendo que a parte 1 é destinada a cintas planas, a parte 2 para cintas tubulares e a parte 3 para cintas tubulares confeccionadas com cordões de fios sintéticos de ultra alta tenacidade.
Carlos Gabos – É Engenheiro Mecânico atuante na área de Movimentação de Carga há 38 anos em empresas fabricantes de guindastes locadores e construtoras. Atualmente, é diretor da empresa Hoist Engenharia ltda, coordenador Técnico para movimentação de cargas do Instituto Opus da Sobratema, coordenador na ABENDI do Bureau de Certificação de Pessoas, para a qualificação e certificação de profissionais que atuam no içamento de cargas, e coordenador na ABNT da Comissão de Estudo de Qualificação de Pessoas para Movimentação de Cargas com Equipamentos de Guindar (CE-099:010.001) do Comitê de Qualificação e Certificação de Pessoas (ABNT/CB-099).
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