Publicado em 09 de maio de 2013
Sobra projeto de infraestrutura e falta agilidade na concessão de licenças
Estudo mostra que investimentos planejados para o Brasil vão somar R$ 1,6 tri até 2017, se autorizações forem rápidas
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Mineração, rodovias e ferrovias deverão atrair a maior parte dos recursos |
Considerado um dos termômetros da economia de qualquer país, o setor nacional
de construção está otimista com um estudo elaborado pela Associação Brasileira
de Tecnologia para Construção e Mineração, conhecida como Sobratema. O
levantamento aponta que o poder público e empresas privadas planejam investir,
até 2017, R$ 1,6 trilhão em infraestrutura. Desse total,
R$ 70,6 bilhões, distribuídos em 793 projetos, serão direcionados a Minas
Gerais. Muitos serão implantados em razão da Copa do Mundo de 2014.
O estudo, porém, precisa ser lido nas entrelinhas. Um dos objetivos do
levantamento é alertar o governo sobre o que o próprio Palácio do Planalto já
sabe: os investimentos vão alavancar a economia nacional, mas o empresariado
teme que parte do recurso seja prejudicada em decorrência da morosidade do
poder público em conceder licenças ambientais e outras autorizações. “Ninguém
está reivindicando padrões ambientais mais frouxos. O que as empresas querem é
que o processo de avaliação seja mais rápido”, disse Brian Nicholson, consultor
da Sobratema.
O especialista cita o exemplo da construção da usina hidrelétrica de Belo
Monte, no Rio Xingu, no Sudoeste do Pará. A proposta de edificação da usina se
arrasta desde a década de 1970. “Também há o caso da transposição do Rio São
Francisco. O ex-presidente Lula, em 2007, disse que ela ficaria pronta em 2012.
Já estamos em 2013 e o Nordeste (por onde passarão os dois canais da
transposição) atravessa a pior seca dos últimos anos”, afirmou o consultor,
destacando que, em Minas, a maior parte do investimento será bancada pelas
mineradoras.
O setor prevê despejar R$ 24,3 bilhões. A maior parte desse recurso será
investida no Norte de Minas, região agora chamada de a nova fronteira mineral
do estado. Pesquisas mostraram que o subsolo de Rio Pardo de Minas e de outras
19 cidades vizinhas escondem cerca de 20 bilhões de toneladas de riquezas
minerais. A reserva já provoca uma corrida à região, para onde as mineradoras
já enviaram funcionários para estudos mais detalhados. Como consequência,
pequenos e médios empresários daquelas bandas, sobretudo donos de restaurantes
e hotéis, ampliaram seus negócios.
“Em Minas, os grandes investimentos estão na mineração. Ao todo são seis
projetos no estado. No Brasil, são 15, que somarão R$ 67,1 bilhões”, reforçou
Brian. O especialista alerta, porém, que o estudo reúne projetos previstos. Em
outras palavras, ele quis dizer que “nem tudo que é previsto, necessariamente,
acontece”. Para se ter ideia, parte dos projetos de mineração no Norte de Minas
está com o cronograma atrasado, devido a vários motivos, entre eles a
morosidade do poder público em conceder licença ambiental. O estudo da
Sobratema não tratou desse assunto. Na prática, o levantamento da entidade
reúne, em grande parte, projetos já anunciados.
Concessões
Fazem parte do estudo, por exemplo, os valores previstos na
concessão de rodovias federais: BR-262 (ES/MG), BR-050 (GO/MG), BR-153 (GO/MG),
BR-040 (RJ/MG/DF) e BR-116 (MG). Essa última, que liga o município de Além
Paraíba, quase na fronteira com o Rio de Janeiro, a Divisa Alegre, a poucos
quilômetros do estado da Bahia, consumirá R$ 5 bilhões. A transferência da
administração de rodovias para a iniciativa privada é assunto polêmico no
Brasil.
Os trechos da 040 e da 116 já foram debatidos em várias audiências públicas.
Ainda assim, muitos moradores de cidades cortadas pelas estradas se recusam a
pagar as futuras tarifas. Os leilões dos trechos podem ocorrer neste ano. O
mesmo pode acontecer com os leilões das ferrovias. Segundo o governo federal, o
setor receberá R$ 91 bilhões em aportes.
Em Minas, dois trechos serão contemplados. O primeiro, que ligará Belo
Horizonte a Salvador, terá 1,65 mil quilômetros e será destinado ao transporte
de carga em geral. O segundo, de Uruaçu (GO) a Campos (RJ), passará por Corinto
(MG) e vai transportar minério de ferro e soja. Outros leilões previstos são os
dos aeroportos. Em Minas, o Tancredo Neves, em Confins, será destinado à
administração privada. O investimento no terminal, de acordo com a pesquisa,
será de R$ 4,8 bilhões.
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