Publicado em 10 de junho de 2013
Folha de Londrina - Brasil deve investir R$ 1,2 tri em infraestrutura até 2017
Brasil deve investir R$ 1,2 tri em infraestrutura até 2017
Projeção do setor de construção conta com recursos privados e públicos por meio de concessões com foco em combustíveis e transportes
O Brasil deve contar com um adicional de R$ 1,260 trilhão para investimentos em obras no setor de infraestrutura até 2017, com ampla participação das cadeias de óleo e gás, transporte, energia e indústria. São 8,9 mil projetos que serão iniciados, estão em andamento ou foram concluídos desde 2012, além de R$ 423 bilhões em construções já encerradas, conforme pesquisa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). Dados que renovam o entusiasmo para o segmento, diante do que chamam, na entidade, de necessidade do País de trocar o foco no consumo pelos investimentos públicos e privados, para gerar mais empregos e renda e dar competitividade aos produtos nacionais.
As informações foram apresentadas na Construction Expo 2013 – Feira Internacional de Edificações e Obras de Infraestrutura, que começou na quarta-feira e termina hoje, na capital paulista. Evento que parte do princípio de que os anúncios do governo federal de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos para tentar reduzir o Custo Brasil vão movimentar o setor nos próximos anos. Principalmente porque a grande maioria das obras ainda está represada.
Ao abrir a feira, o presidente da Sobratema, Afonso Mamede, condicionou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em números superiores aos 0,9% do ano passado a uma aceleração nas construções. "Há um consenso na sociedade de que a elevação no volume de investimentos em infraestrutura, tanto públicos quanto privados, é o principal instrumento para ganhar competitividade."
Vice-presidente da entidade, Eurimilson João Daniel disse que espera uma recuperação na cadeia da construção, que contou com um salto na produtividade até 2011, mas teve crescimento abaixo do esperado desde então. "Quero imaginar que os dois piores anos ficaram para trás porque as próximas obras serão longas", afirmou.
Para Daniel, o blecaute no escoamento da safra agrícola deste ano deixou mais claro o deficit em infraestrutura. Os gastos e a demora para enviar grãos do Centro-Oeste para o Sudeste e Sul do País, quando a exportação seria mais fácil pela região Norte, lotaram estradas e deixaram as filas nos portos ainda mais longas. "O transporte é algo mais evidente porque todos usam. Nossos aeroportos também são uma vergonha."
Quando se fala no tempo para acabar com o gargalo, porém, o entusiasmo diminui. "Não tem prazo, tem atitude. Se começar amanhã com políticas sustentáveis para quem quer investir aqui, vai mudar a cara do País", disse o vice-presidente da Sobratema. Ele aproveitou para pressionar por uma reforma tributária, o que também considera distante, e para alfinetar o que chamou de soberba do governo. "Muita gente quis investir aqui, mas o Brasil quis ganhar com isso e estabelecer o ganho do empresário. É salto alto demais", disse Daniel, sobre a Taxa de Retorno (TIR) que o Ministério da Fazenda fixou, por exemplo, em 7,2% para a concessão de rodovias.
Ampliação
A Construction Expo reúne 332 expositores de 15 países e é promovida por meio de um conselho que reúne 20 entidades, capitaneado pela Sobratema. Da última edição, em 2011, a área ocupada passou de 18 mil metros quadrados para 46 mil metros quadrados. Em paralelo, ocorre o Construction Congresso – Edificações e Obras de Infraestrutura, com 31 seminários sobre a cadeia da construção.
*O repórter viajou a convite da organização do evento