Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 17 de fevereiro de 2014

DCI - Sany vê mercado promissor e deve nacionalizar já em 2014

Sany vê mercado promissor e deve nacionalizar já em 2014
 
juliana estigarríbia
 
Em poucos anos, o crescimento exponencial da construção civil tornou o Brasil alvo das maiores fabricantes globais de equipamentos da chamada linha amarela (como escavadeiras, por exemplo). No entanto, para garantir competitividade em meio a diversas marcas de peso, a chinesa Sany, considerada a quinta maior do mundo em volumes, espera nacionalizar produtos ainda em 2014, o que irá garantir um bilhete de ouro à empresa, o financiamento do BNDES. 
 
"A Sany possui subsidiárias fortes no mundo todo, mas o Brasil está entre as prioridades da matriz", afirmou ao DCI o diretor de vendas da companhia no País, Rene Porto. "Apesar da desaceleração sentida recentemente, a Sany tem apostado muito no País", complementa o executivo. 
 
Porto conta que a decisão da marca chinesa de aportar no Brasil ocorreu em meados de 2010, quando a empresa optou por deixar de importar para se tornar uma montadora em solo nacional. O local escolhido foi São José dos Campos (SP), à beira da Rodovia Presidente Dutra, local estratégico por estar entre os dois maiores polos econômicos do País, Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, a unidade fabril também atende ao mercado latino-americano. 
 
As primeiras escavadeiras - que representam a maior demanda nacional em linha amarela juntamente com retroescavadeiras - saíram em janeiro de 2011 e, em abril do mesmo ano, a Sany começou a montar guindastes. Somente em 2013, a marca comercializou 215 unidades do item, que custam a partir de R$ 600 mil cada um. Segundo Porto, o market share da Sany em guindastes subiu para cerca de 35% no País, o que representa a liderança do segmento. 
 
De acordo com dados da entidade do setor, a Sobratema, em 2014 estima-se uma queda de 3,3% para o segmento de linha amarela. Porém, a previsão é de um aumento de 5% a 7% das vendas totais do mercado brasileiro de guindastes, gruas, minimáquinas, manipuladores telescópicos. Somente em guindastes, a projeção para este ano é de um aumento de 5% das vendas sobre 2013, quando foram comercializadas 560 unidades. 
 
No entanto, no Brasil, os aspirantes a fabricar em solo nacional são unânimes ao afirmar que, sem o financiamento do BNDES para bens de capital, o Finame, não é viável manter linhas de produção de forma competitiva. 
 
"Ainda não possuímos o Finame. A nacionalização de equipamentos como estes é um processo muito complexo, mas acredito que ainda neste ano já teremos produtos com o conteúdo local exigido", destaca Porto. 
 
A Sany tem um programa de investimentos no Brasil da ordem de US$ 200 milhões, o que já inclui o plano de expansão da planta de São José. 
 
Competição 
O portfólio da companhia no País abrange equipamentos usados em diversos setores como mineração, indústria eólica, portos, entre outros. No entanto, a disputa é bastante acirrada, uma vez que renomadas marcas globais já possuem fabricação local há décadas, como as gigantes Caterpillar, Case, New Holland, Volvo, Komatsu e, mais recentemente, a sul-coreana Hyundai. 
 
E uma onda de novas empresas chegando ao País deve aumentar ainda mais a competição no setor, como as chinesas Doosan, Zoomlion, SDLG, além de nomes fortes que já atuavam no Brasil em outros setores da indústria, mas que viram no mercado de linha amarela uma oportunidade de crescimento, como a alemã Liebherr (fabricante de implementos rodoviários e componentes para aviação). 
 
A maior produtora de máquinas agrícolas do mundo, a John Deere, também irá produzir equipamentos de linha amarela no Brasil em uma jointventure com a Hitachi. As duas unidades fabris foram inauguradas na semana passada, no interior de São Paulo, operações que demandaram um aporte de US$ 180 milhões. 
 
Porém, segundo o diretor da Sany, marcas que vieram ao País somente para vender máquinas encontraram um cenário mais difícil do que esperavam. "Alguns players estão indo embora", destaca Porto. Isso porque de acordo com o executivo, ocorreu uma retração neste mercado nos últimos dois anos, principalmente porque muitas obras de infraestrutura atrasaram. 
 
Projeções 
Porto destaca que 2014 deverá ser de estabilidade das vendas para a companhia. "Trata-se de um ano de muitas incertezas, com Copa e eleições pela frente", diz o executivo. 
 
De acordo com o diretor da Sany, o momento é de ajustes para o setor, no País. "Há cerca de cinco anos, os números eram superlativos neste mercado, mas não havia tantas opções de produtos disponíveis. Hoje, o Brasil dispõe de mais oferta de marcas que começam a ganhar espaço nos canteiros de obras", garante Porto. 
 
O executivo da companhia ressalta que, com a retomada de algumas obras do governo - principalmente o PAC -, além de diversas licitações em infraestrutura, "o mercado voltará a ficar aquecido nos próximos anos".