Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 05 de maio de 2014 por Mecânica de Comunicação

Especialistas debatem soluções para o desafio da mão de obra na construção

Construtoras, locadoras, entidades e instituições de ensino propõem a elaboração de uma plataforma de boas práticas para qualificação profissional

 Um dos principais problemas da construção brasileira está relacionada à disponibilidade de mão de obra para o setor. A falta de profissionais qualificados interfere na produtividade, na segurança e na qualidade de uma obra. Para debater esse importante tema, foi promovido no dia 29 de abril, uma mesa redonda com o tema Apagão de mão de obra tem solução?.
 
O evento, coordenado e organizado pela revista Grandes Construções em parceria com o Instituto Opus, contou com a participação de Alisson Daniel, diretor da Escad Rental, Antônio Luís Aulicino, gerente de Relações Institucionais da Abendi – Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção, de Dionísio Parisi, gerente a de Alianças Estratégicas no SENAI Paraná, de Elson Rangel, líder da área de Pessoas e Organização (P&O) e Engenharia da área de Equipamentos da Construtora Norberto Odebrecht, de Hugo Marques Rosa, presidente da Método Engenharia, Laertes Vieira, gerente do Sesi/Senai de Rio Branco do Sul, e de Wilson de Mello Jr., diretor do Instituto Opus, da Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, que levantaram os principais fatores para a  falta de mão de obra especializada na construção e para a operação de equipamentos.

Uma das principais sugestões da primeira mesa redonda foi a criação e implementação de uma plataforma com boas práticas para a formação, capacitação e qualificação de mão de obra na construção. “O treinamento é fundamental para o aumento da produtividade, segurança e qualidade nos canteiros de obras. Por isso, ao desenvolvermos essa plataforma, poderemos levar cursos que sejam adaptados à nossa realidade e adequados às exigências da construção brasileira”, explica Wilson de Mello Jr., do Instituto Opus, que enfatiza que os cursos devem ter conteúdo teórico e prático, com um cunho técnico abrangente e sejam ministrados por profissionais altamente qualificados.

Além disso, para Alisson Daniel, da Escad, essa plataforma também pode corroborar para a promoção da importância da capacitação profissional, independentemente de haver métricas que ratifiquem os benefícios do treinamento para as corporações. “É uma maneira de estimular e sensibilizar os empresários da relevância que a qualificação pode trazer para sua atividade, incluindo, melhor rentabilidade e competitividade”, avalia. “Nos últimos anos houve um aumento no número de obras e, com isso, uma maior demanda de operadores de equipamentos. No entanto, a disponibildade de mão de obra não tem acompanhado essa necessidade”, lembra.

Desafios

Para Hugo Marques Rosa, da Método Engenharia, é necessário industrializar a construção. “Um dos nossos principais problemas é de engenharia. Precisamos retirar da obra os processos e sistemas que podem ser feitos em fábrica, na indústria”, avaliou. “Além disso, deveríamos criar condições de trabalho para que a construção civil brasileira possa disputar essa mão de obra com outros mercados”, complementa.

Elson Rangel, da Odebrecht, analisa que existe também a dificuldade em fazer o jovem nos dias atuais a buscar a profissão de operador de equipamentos e/ou de mecânicos. “Um dos desafios na área da construção é valorizar a carreira técnica”, destaca o executivo, que disse que dependendo da área de atuação do operador, o seu salário pode ser maior do que a de um engenheiro.

Alisson Daniel, da Escad, concorda com a visão de Rangel sobre a possibilidade de construir uma carreira técnica bem-sucedida na construção. “É preciso ver que uma obra não será construída e concluída apenas com engenheiros e a área administrativa, a parte técnica é fundamental”, ressalta.

Na opinião de Antônio Luís Aulicino, da Abendi, a resolução do problema da mão de obra é crucial para a construção brasileira e para o País. “Chegamos a um ponto em que o que importa é conseguir um profissional, mesmo que ele não seja o mais especializado. E, por outro lado, precisamos de produtividade. Nesse sentido, acredito que o planejamento é fundamental, tanto para melhorar a educação, como para formação e capacitação profissional”.

Nesse contexto, o Senai está planejando implantar a Rede Nacional da Construção Pesada para formação de operadores de equipamentos e de mão de obra especializada para o setor. “Estamos nos reunindo com toda a nossa rede, além de entidades e instituições para a viabilização desse projeto. Nosso objetivo é ter um campus no Paraná para treinamento”, finaliza Dionisio Parise, do SENAI, e Laertes Vieira, do Sesi/SENAI.