Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 14 de julho de 2014

Jornal Barra News - Empresa do setor agrícola mira novo mercado no Brasil

Empresa do setor agrícola mira novo mercado no Brasil
 
Velha conhecida do setor agrícola mato-grossense, a companhia americana John Deere investe no mercado brasileiro de infraestrutura. A empresa inaugurou duas fábricas de maquinários para a construção civil no fim do ano passado e escolheu 5 distribuidores pelo país, um deles instalado em Mato Grosso. A Rota Oeste vai ser responsável pelas vendas e pós-vendas nos estados do Centro-Oeste e em Rondônia.
 
No país, os investimentos começaram em 2012, mas a companhia desenvolve tecnologia para construção civil há 60 anos. “O Brasil precisa de mais infraestrutura e é exatamente esse o nosso negócio. Fomos ao país porque existe uma necessidade enorme por infraestrutura e isso gera demanda por um longo prazo por nossos produtos. Nós temos soluções”, disse o presidente global da Divisão de Construção e Florestal, Michael Mack, ao destacar que o desafio brasileiro é transportar a grande produção para os portos, e o negócio da John Deere também é fazer melhorias em estradas e rodovias. “Temos uma historia longa no Brasil com equipamentos florestais e agrícolas. Estamos muito felizes neste período em desenvolver nossa rede de concessionárias, nossa marca e a equipe de vendas”.
 
Ao lado do presidente global da John Deere, Samuel Allen, e do vice-presidente global de Vendas e Marketing da Divisão de Construção e Florestal, Domenic Ruccolo; o executivo conversou com jornalistas de países da América Latina e da Rússia sobre os novos investimentos da companhia. O encontro com a imprensa aconteceu na pequena cidade de Moline, em Illinois (EUA), sede mundial da empresa.
 
Sem falar em números, o presidente da companhia já avalia como positiva a presença da John Deere na linha de construção e florestal no país, apesar do curto prazo. “Nós continuamos a ganhar participação de mercado e isso por causa de duas coisas. Primeiro: os parceiros de concessionárias que temos no Brasil hoje são bastante fortes e estamos felizes com o alinhamento com eles e o desempenho no mercado. E em 2º lugar, a amplitude e a qualidade do nosso produto que é bastante apreciado pelo que a gente ouve dos nossos clientes brasileiros”. Segundo Alllen, a combinação de forças dos produtos, que funciona na América do Norte, deve funcionar no Brasil.
 
Mack frisou que o momento é propício. “Ao ter a divisão agrícola, nós nos beneficiamos da experiências dos funcionários. Compartilhamos um escritório para marketing e vendas em Indaiatuba agora. Temos em Campinas a rede de distribuição de peças que é bastante capaz e grande, e vai atender esse mercado. Temos a financiadora John Deere (banco), que é um ativo bastante importante e agora podemos usar isso nos equipamentos de construção. Estamos compartilhando também fornecedores e 2 dos nossos concessionários mais importantes no Brasil também tinham negócios na área agrícola”. Além do monitoramento do progresso e desenvolvimento do mercado brasileiro, o projeto se tornou viável porque a empresa está bem sucedida financeiramente como uma divisão.
 
Mas para entrar no Brasil, alguns desafios precisaram ser superados. O presidente mundial da Companhia, Samuel Allen, contou que o processo de instalação das fábricas foi mais difícil no Brasil do que em outros lugares. Os entraves foram da aquisição do terreno ao processo de permissões (licenças). Ainda assim, conforme o executivo, a indústria em Indaiatuba, São Paulo, terminou em tempo e abaixo da estimativa orçamentária graças ao bom planejamento.
 
O Brasil não está sozinho nos projetos de expansão da companhia. Líder da divisão de Construção e Florestal da John Deere no Brasil, Roberto Marques, revelou que a entrada no mercado brasileiro iniciou praticamente junto com os projetos na China, Índia e Rússia. O Brasil está no plano de globalização dos investimentos da empresa feito há cerca de 5 anos. “Somente nos últimos 4 ou 5 anos, realmente, o Brasil começou a ter volumes significativos de equipamentos de construção. Isso em razão dos projetos de infraestrutura que começaram a ser feitos. Se você voltar mais de 5 anos, a indústria do Brasil tinha volumes modestos”.
 
De acordo com Marques, os produtos construídos no Brasil são similares aos americanos, passando pelos mesmos critérios de qualidade com algumas diferenças relacionadas a configuração da máquina. “Produzimos retroescavadeira, escavadeira e pás-carregadeiras. Evidentemente, novos modelos entrarão na linha até o fim do ano e estaremos produzindo 16 modelos de equipamentos da linha de construção. Para completar essa linha, temos produtos importados motoniveladores e os tratores de esteiras”, ressaltou o líder da linha de construção no Brasil. Para o cliente, a fabricação dos equipamentos no país facilita o acesso ao financiamento subsidiado (Finame).
 
A companhia está confiante no crescimento mundial do mercado de bens e equipamentos para infraestrutura. Espera-se que, até 2020, a Índia ocupe o lugar dos Estados Unidos no ranking de maior importador de produtos para infraestrutura e a China esteja na mesma posição quanto aos equipamentos de construção. Já o Brasil, nos próximos 16 anos, saltará da 15ª para 10ª posição na lista de maiores exportadores de infraestrutura. Os dados apontados pela companhia constam no relatório da Global Connections, da Oxford Economics. Para estimar um crescimento de anual de 5,5% nas vendas de máquinas até 2018, a Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) baseou-se nos R$ 500 bilhões de investimentos confirmados no Brasil até 2018 e em outros R$ 700 bilhões previstos em projetos.
 
Florestal
 
Desde 1996, a John Deere comercializa máquinas para colheita e transporte florestal no Brasil. O líder da divisão no país explica que o foco é a colheita de florestas plantadas, principalmente eucalipto e pinus. Dentro do Centro-Oeste, Marques afirmou que o mercado bastante desenvolvido é o de Mato Grosso do Sul, com destaque para Três Lagoas. Como a exploração em Mato Grosso é de mata nativa, o Estado está fora do interesse de mercado da companhia. “Na questão de madeira retirada da mata nativa, a John Deere é rígida: não participa desses negócios”, pontuou Marques, ressaltando que a certificação é insuficiente para comprovação da atividade de reflorestamento. Todos os equipamentos florestais usados no Brasil vêm de fábricas nos Estados Unidos e na Finlândia.
 
Financiamento
 
O Brasil é um dos 8 países onde ao Banco John Deere opera com linhas de crédito específicas para a compra de equipamentos agrícolas e de construção. Cerca de 65% da carteira de R$ 4 bilhões movimentadas por clientes brasileiros, são de recursos repassados pelo Finame.
 
› FONTE: Evania Costa, enviada aos EUA