Publicado em 12 de junho de 2014
Redação PE
Nos últimos anos, não faltaram previsões otimistas ventiladas pelo governo, por políticos e entidades ligadas ao setor de equipamentos ao enfatizar que o Brasil necessita de obras emergenciais para sustentar o crescimento econômico. Porém, o cenário aparentemente próspero deu lugar a uma das piores crises vivenciadas por esse segmento, devido a atrasos e paralisações de muitos empreendimentos previstos no país.
Na construção pesada e infraestrutura, a locação atende a um percentual de 30% da necessidade de frota. As compras por essas empresas são planejadas no que pode se chamar de gestão de oportunidades, ou seja, a disponibilidade estratégica de uma frota nova e tecnicamente adequada para o trabalho. Na visão de contratantes, uma empresa de locação que estiver congruente com as inovações tecnológicas e ofertar não só equipamentos novos, mas também boa assistência técnica, sempre sai na frente desse mercado.
Em contrapartida, de acordo com especialistas e clientes, projetos com duração maior justificam a compra de equipamentos pelas construtoras, já que parte importante do lucro vem do uso dessas tecnologias.
Paulo Esteves, diretor da locadora Solaris Brasil, enfatiza também que entender e interpretar corretamente os números de fato faz muita diferença. Numa comparação do mercado brasileiro com seus similares europeu e norte-americano, ele ressalta a extrema profissionalização das associações que representam esse setor nesses países. No Brasil, isso ainda não ocorre. Há uma acentuada dispersão entre as empresas, falta de parâmetros em termos de governança e fatores de desempenho que não são devidamente levados em consideração.
De acordo com Mario Humberto Marques, diretor da Alusa Engenharia, até o próximo ano, o setor se reorganizará por meio do esforço acentuado de redução de passivos. Já a partir de 2016, a tendência é um desaparecimento acelerado de oportunistas, o que pode aumentar ainda mais a competitividade nesse mercado. “O nicho de oportunidades está concentrado fora do core business, para quem oferecer preços mais competitivos em relação ao custo próprio e demonstrar diferenciais competitivos, provando ao cliente que vale a pena locar, mesmo com um valor unitário maior.”
Com base na experiência vivida em décadas de mercado de locação, passando por épocas boas e turbulentas, Eurimilson Daniel dá boas dicas para os empresários do setor enfrentarem com disposição e habilidade períodos de crise. “A princípio, todos sabemos que as entressafras ruins são passageiras e, depois dos entraves, naturalmente as obras são liberadas e novamente haverá um cenário mais positivo”, acredita ele.
A gestão financeira durante a crise deve receber atenção especial, porque ela será a responsável por manter a saúde da empresa. “Uma das alternativas pode ser a venda de algumas máquinas. Embora a procura por equipamentos usados esteja em baixa, é uma das maneiras de obter rentabilidade e desonerar o caixa. Muitos pensam erroneamente que essa solução indica falta de competência do administrador, mas é uma boa forma de gestão de investimentos, afinal a empresa pode adquirir novas máquinas quando a situação melhorar”, diz Daniel.
Para equilibrar o custo fixo com o de produção é necessário desonerar a planilha de despesas, ser ponderado nas compras e, em muitos casos, as demissões de funcionários são inevitáveis. Para os carnês de financiamento e empréstimos existem algumas saídas sugeridas por Daniel, como a redução de juros no que se chama de alongamento da dívida. “O empresário terá maiores carência e prazo”, diz.
A inadimplência é uma das “pedras no sapato” comumente encontradas no setor do rental.Petrônio Lopes Lobo, diretor da Associação Baiana das Empresas Locadoras de Máquinas e Equipamentos (Abelme), ressaltou que a inadimplência causa um grave desbalanceamento do fluxo de caixa da empresa.
Para enfrentar esse problema, ele recomenda que os locadores adotem uma postura mais prudente antes de negociar os contratos. “É preciso selecionar melhor o cliente, para não ser surpreendido pela inadimplência, e saber onde a máquina vai trabalhar, caso contrário o custo operacional e logístico pode ser alto”, alerta Petrônio.
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