Gazeta Digital - Mais de R$ 5 bi serão investidos

Nos últimos três anos, as obras de infraestrutura espalhadas por todo o Brasil estão sendo concluídas sem que haja a contratação de novos empreendimentos. Essa situação, confirmada pela Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) por meio de pesquisa anual (Investimentos em Infraestrutura no Brasil até 2019) e divulgada nesta semana, irá se manter em 2015, como conclui o vice-presidente da entidade, Mário Humberto Marques. Entre 2014 a 2019, serão investidos R$ 1,169 trilhão em projetos de infraestrutura divididos em 7 segmentos - transporte, óleo e gás, energia, indústria, saneamento, infraestrutura de habitação e esportiva - conforme mapeamento realizado pela Sobratema, em todo o país.

 

Em Mato Grosso, nesse mesmo período, serão aplicados R$ 5,178 bilhões, sendo o segundo maior aporte de recursos programados para o Centro Oeste, região que receberá R$ 31,606 bilhões para infraestrutura nos próximos 5 anos. Mato Grosso do Sul lidera a captação de investimentos, com a cifra de R$ 5,897 bilhões investidos até 2019. O setor que agrega o maior volume de recursos investidos em Mato Grosso durante o intervalo analisado é o de energia, com aporte de R$ 4,051 bilhões. Na sequência, estão os segmentos de transporte (R$ 638,138 milhões), saneamento (R$ 267,777 milhões), infraestrutura esportiva (R$ 21,3 milhões), infraestrutura de habitação (R$ 19,327 milhões) e outros não detalhados (R$ 180 milhões).

 

“Mato Grosso, mais que qualquer outro Estado, sabe o custo de ter uma infraestrutura ruim, porque tira a competitividade dos produtos ou parte do lucro acaba perdida pela distância de transportar a produção até os portos, mas, infelizmente a nossa leitura é que somente em 2016 os investimentos possam começar a ser retomados”, comenta o vice-presidente da Sobratema. “Para retomar os investimentos em projetos de infraestrutura, é necessário o capital privado e os investidores precisam de segurança para fazer projeções nos negócios”. Além disso, a condição atual do governo fazer aportes em infraestrutura é mínima, acrescenta Marques. “Houve um certo descontrole dessas questões macroeconômicas e isso prejudicou o andamento de projetos de infraestrutura mais importantes”.

 

De acordo com ele, a pesquisa realizada em 2012 constatou que os investimentos em execução até 2017 somavam R$ 1,260 trilhão em todo o país. No ano seguinte, o aporte de recursos mapeados para projetos estruturantes até 2018 totalizava R$ 1,19 trilhão. Neste ano, foram contabilizados R$ 1,17 trilhão que serão consumidos em empreendimentos de infraestrutura até 2019. “Esses dados mostram que as obras estão sendo concluídas sem novos empreendimentos de infraestrutura surgindo”.

 

O professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e especialista em Logística e Transporte, Eldemir Pereira de Oliveira, acrescenta que o atual estágio de desenvolvimento de Mato Grosso alimenta grande expectativa dos investidores, especialmente do agronegócio. “Ganha particular importância no aporte de novos investimentos para fazer frente aos seus desafios de superação de gargalos, dentre eles a falta de infraestrutura logística, que se assim persistir, certamente, não conferirá uma boa condição competitiva com outros mercados nacionais e estrangeiros”.

 

Nesse sentido, ele ressalta que é preciso continuar a implementação dos projetos em andamento, bem com assegurar novos investimentos em infraestrutura de transportes. Nas diferentes modalidades, ele cita a rodoviária (duplicação da BR-163 até Sinop; pavimentação da BR-163 até Santarém), a ferroviária (ligação ferroviária de Rondonópolis até Sinop; Ferrovia Oeste-Leste (FIOL), ligando Ilhéus, na Bahia, até Vilhena, em Rondônia, cortando transversalmente o estado de Mato Grosso) e hidroviária (hidrovia Teles Pires - Juruena - Tapajós; hidrovia Paraguai - Paraná, a partir de Morro de Santo Antônio; melhoramentos na hidrovia do Araguaia, a partir da cidade de Água Boa).

 

A esses investimentos, também é necessário somar aportes financeiros para um programa estadual de rodovias interligadas à infraestrutura mencionada para abastecimento de insumos e escoamento dos produtos das fontes de produção, completa. Sobre os investimentos em transporte programados para Mato Grosso e elencados na pesquisa realizada pela Sobratema, o especialista acrescenta que são irrisórios, já que o Plano Federal até 2019 prevê aportes de R$ 638,138 bilhões e não os R$ 438,407 bilhões citados pela entidade. 

PRINCIPAIS OBRAS - Em Mato Grosso, a Sobratema destaca 4 projetos de infraestrutura em execução, sendo 3 deles na área de energia: a construção das Usinas Hidrelétricas(UHE) de Colíder e de Sinop e a implantação de 300 quilômetros de linhas de transmissão (LTs). No transporte, aponta como relevante os investimentos no Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para atender a população que circula em Cuiabá e Várzea Grande. Pela implantação do sistema de transporte foram pagos até agora R$ 1,340 bilhão, sendo 90,72% do valor do contrato (R$ 1,477 bilhão), segundo informações da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa).

 

A obra, iniciada em 20 de junho de 2012 recebeu um aditivo de prazo e o segundo acréscimo está sendo acertado para que a obra seja entregue em dezembro de 2015. Do total do contrato, foi executado 70%, incluindo material rodante, projetos básico e executivo, Licenciamento e execução de obras. As obras civis representam 41% do contrato e foram executadas 50%.

Sobratema destaca projetos de construção das Hidrelétricas de Colíder e de Sinop além da implantação de 300 Km de linhas de transmissão

Investimentos em projetos de Infraestrutura

Região Centro Oeste - 2014/2019

Mato Grosso R$ 5,178 bilhões

Mato Grosso do Sul R$ 5,897 bilhões

Goiás R$ 2,734 bilhões

Distrito Federal R$ 2,584 bilhões

Brasil R$ 1,169 trilhão

Fonte: Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração - Sobratema