Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 16 de novembro de 2014

Hoje em Dia - Minas Gerais é o 10º colocado no ranking de investimentos

Minas Gerais é o 10º colocado no ranking de investimentos
 
Bruno Porto - Hoje em Dia

Eugênio Moraes/Hoje em Dia
Posto de pedágio em trecho duplicado da BR 040: estrutura logística de qualidade é excessão

Principal gargalo da economia do país, a infraestrutura não receberá nos próximos quatro anos investimentos suficientes para eliminar seus déficits. E a perspectiva de investimentos em Minas Gerais é ainda menor que a média nacional. Detentor do terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, o Estado ocupa o último lugar no ranking da região Sudeste de investimentos futuros em infraestrutura, e apenas o décimo lugar no cenário nacional. Em Minas deverão ser aportados, entre 2014 e 2019, R$ 34,2 bilhões, menos da metade do que será alocado no penúltimo colocado, o Espírito Santo – R$ 71,1 bilhões. 
 
Os dados são de levantamento da Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema) e considera investimentos tanto da iniciativa privada como do setor público. O recorte regional é publicado com exclusividade pelo Hoje em Dia. O valor a ser investido em Minas Gerais equivale a 6,4% do total previsto para a região Sudeste e 2,9% do que será investido no país, o que representa queda na participação do Estado no bolo total dos investimentos. 
 
Incertezas
 
A pesquisa anterior divulgada pela Sobratema, que apontava os aportes de 2013 a 2018, indicava o Estado como alvo de R$ 57,2 bilhões em investimentos em infraestrutura, com participação de 9,8% do total da região Sudeste e 4,8% do bolo nacional. O declínio dos desembolsos na atividade extrativa, aliado às incertezas relacionadas ao novo Marco Regulatório da Mineração, explicam parcialmente o que ocorre em Minas Gerais, sobretudo na comparação com os capixabas.
 
“O Espírito Santo se beneficia dos grandes investimentos em óleo e gás da Petrobras, enquanto em Minas a mineração represa investimentos em virtude um cenário desfavorável. Outro setor importante da economia mineira que está praticamente deixando de exisitir é o etanol”, afirmou o vice-presidente da Sobratema, Mário Humberto Marques. 
 
Petróleo
 
Para destacar a dimensão da Petrobras no total dos investimentos, ele informou que dos R$ 214 bilhões de investimentos em infraestrutura no país previstos para 2015, a estatal responde sozinha por 46,7%. Para o presidente do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes, o governo federal tem desprestigiado o Estado. “Minas tem sido claramente preterida pela União. Acredito que com o rearranjo político em curso, o Estado terá maior influência sobre governo federal”, disse, se referindo a eleição de um petista no governo estadual, Fernando Pimentel, e a reeleição de sua correligionária, Dilma Rousseff. 
 
 
 
Mineração ainda é setor que mais investe no Estado
 
Mesmo com o cenário adverso, de preços em queda e insegurança jurídica causada pela indefinição sobre a legislação setorial, a mineração ainda é quem tem mais representatividade nos investimentos a serem realizados em Minas Gerais. A Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema) destacou os cinco principais planos de investimentos para o Estado, que somam R$ 26 bilhões, e três deles são da indústria extrativa mineral, totalizam R$18,2 bilhões.
 
A insegurança jurídica reside nas alterações que poderão ser promovidas pelo novo marco regulatório da Mineração, em tramitação no Congresso Nacional, o que impacta diretamente nas decisões de investimentos. Os royalties da mineração, por exemplo, podem passar de 2% do faturamento líquido das vendas de minério de ferro para 4% do faturamento bruto. Enquanto não forem definidas as novas regras, o contingenciamento de desembolsos será realidade. 
 
Além disso, o preço do minério de ferro, que oscilava acima de US$ 120 por tonelada no início do ano, hoje está cotado abaixo de US$ 80. Os projetos destacados pela Sobratema, porém, foram iniciados antes do movimento de queda dos preços. A extração de minerais metálicos representa 15,9% do PIB de Minas Gerais, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
 
Projetos gigantes
 
Entre os projetos listados está o Minas-Rio, da Anglo American, em Conceição do Mato Dentro, orçado em R$ 8 bilhões. A planta vai produzir 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, e o projeto consiste, além da mina, em planta de beneficiamento e um mineroduto, já em operação, que escoará a produção do município mineiro para o Porto de Açu, em São João da Barra (RJ), de onde será exportado.
 
Outro projeto é a expansão das atividades mineradoras da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na mina de Casa de Pedra, em Congonhas, na região de Campos das Vertentes. O plano, de acordo com a Sobratema, vai consumir R$ 7 bilhões. A intenção da mineradora é atingir uma capacidade de produção anual de 40 milhões de toneladas de minério de ferro na unidade.
 
O outro é da Vale, e consiste no beneficiamento de minérios de baixo teor, hoje depositados em pilhas de estéril. Com R$ 3,2 bilhões, a gigante da mineração planeja beneficiar esse produto, antes tratado como rejeito, e dar valor comercial a ele. 
 
Obras rodoviárias deveriam ter ‘prioridade máxima’
 
Obras rodoviárias são o maior gargalo logístico de Minas Gerais. As interveções nas rodovias BR 381, 040 e 116 deverão ser encaradas como prioridades máximas dos governantes, defende o presidente do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes.
 
“O governo deve optar pelas Parcerias Público-Privadas (PPPs) para tirar do papel essas obras que são demandas históricas. Além disso, temos a necessidade também de uma ferrovia ligando a região Norte de Minas Gerais ao Nordeste brasileiro”, afirmou Fernandes. 
 
No que diz respeito às rodovias, as obras visam, além de reduzir as tragédias nas estradas, amenizar o impacto da estrutura precária das pistas e seus traçados no custo das empresas. Já a reivindicação do investimento ferroviário se deve a chama nova fronteira mineral do Estado, no Norte de Minas, que atrai investimentos em mineração. Como o minério depositado no solo do Norte mineiro é de baixo teor, os custos reduzidos com o transporte ferroviário ajudariam a viabilizar investimentos. “Não temos sequer um projeto (em andamento no Norte de Minas)”, lamentou o dirigente da Fiemg.
 
A pujança do setor de óleo e gás e a capacidade de investimentos da Petrobras coloca no topo do ranking da região Sudeste o Rio de Janeiro, a frente de São Paulo, que liderou o levantamento anterior. Estão programados R$ 114,9 milhões para o estado fluminense no período 2014-2019 enquanto os paulistas receberão R$ 109,8 milhões.
 
A região Sudeste concentra 45,7%, ou R$ 434 bilhões, do total de R$ 1,169 trilhão a serem alocados no país em setores ligados à infraestrutura. Nordeste (21,59%) e obras que abrangem mais de uma região (12,68%) figuram na sequência. Depois, aparecem Norte (9,63%), Sul (7,67%) e Centro-Oeste (2,70%).