Publicado em 13 de abril de 2015 por Mecânica de Comunicação
Sobratema Workshop 2015 ressalta a importância de promover investimentos contínuos para elevar a produtividade na construção
Evento realizado no dia 8 de abril contou com quatro palestras proferidas por especialistas, que abordaram diferentes aspectos que interferem diretamente na produtividade
Os investimentos para alcançar um nível de excelência em termos de produtividade devem ser contínuos e não apenas em situações de crises. E, esses aportes precisam envolver toda a cadeia de valor e abranger todo o ciclo de vida do empreendimento imobiliário ou da obra de infraestrutura. Essa é a uma das conclusões do Sobratema Workshop 2015, promovido no dia 8 de abril, em São Paulo, com a participação de um público altamente qualificado, formado por empresários, gestores, engenheiros, técnicos e profissionais de construtoras, empresas de engenharia, locadoras e fabricantes de equipamentos, além de representantes de entidades setoriais.
Um dos aspectos envolvidos na questão da produtividade é a melhoria do nível de qualificação da mão de obra na construção que, segundo Rüdiger Leutz, diretor geral da Porsche Consulting Brasil, deve ser feita de maneira constante durante todo o ciclo de vida profissional. “Os colaboradores, desde sua entrada na corporação, precisam falar a mesma língua, ou seja, passar por um treinamento operacional para compreender a filosofia e os valores da empresa. Isso significa que essa qualificação tem início na seleção até a aposentadoria, passando pelas etapas de integração, avaliação, gerenciamento de talentos, ganhos de responsabilidades e promoções”, explicou.
No Brasil, de acordo com dados do IPEA – Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada, a produtividade do trabalhador brasileiro cresceu, em média, 1,8% ao longo dos últimos 25 anos. “Esse resultado é muito inferior ao registrado por outros países, inclusive, da América Latina, como o Peru e o Chile”, enfatizou Jevando Barros, diretor do IOPEX Brasil – Institute for Operational Excellence, também palestrante do Sobratema Workshop.
Para Rüdiger Leutz, as companhias precisam investir no profissional para que ele melhore seu conhecimento técnico, por meio, por exemplo, de cursos específicos e especializações. E, para completar o desafio da produtividade na mão de obra, está a compreensão e o investimento na motivação dos funcionários na empresa. Segundo uma pesquisa feita pela Porsche Consulting, a remuneração é importante para manter o colaborador motivado, mas antes dela, outros três fatores lideram o ranking: experiências aprendidas, atividades executadas e novas oportunidades.
Nesse sentido, um dos desafios que passa, atualmente, o setor da construção é atrair os jovens para trabalhar no segmento. Hugo Marques da Rosa, presidente da Método Potencial Engenharia, lembrou em sua palestra no Sobratema Workshop 2015 que, na década de 50, a área foi importante para absorver a mão de obra que vinha do campo para as cidades e que vem cumprindo, desde então, uma função social imprescindível para o desenvolvimento da sociedade e da economia nacional. No entanto, nos últimos anos, essa realidade mudou e outros campos de trabalho tornaram-se mais atrativos para esses jovens.
Por esse motivo, o diretor geral da Porsche Consulting Brasil destacou que o setor da construção precisa comunicar os benefícios que os jovens podem obter ao trabalhar nesse segmento, as oportunidades que eles terão de adquirir novos conhecimentos e experiências, e que existe um investimento constante para sua qualificação, além de mostrar que há um desenvolvimento contínuo em tecnologia e inovação, que alterou a realidade dos canteiros de obras em todo o país. “Precisamos, novamente, aumentar a fascinação do jovem pelo trabalho na área da construção, que é um setor com muitas possibilidade e potencialidades”, avaliou.
A Método Potencial Engenharia, por exemplo, possui uma Universidade Corporativa, cujo objetivo principal é fomentar a gestão do conhecimento na empresa, gerando oportunidade de desenvolvimento para todos os colaboradores. Estruturada em seis escolas, possui 50 cursos, o que equivale a um total de 903 horas de treinamento.
Lean Construction e excelência operacional
Segundo Hugo Rosa, a empresa também tem a preocupação em formar uma cultura de gestão por processos. Em seu programa de trainees, por exemplo, existe uma avaliação sobre o que já é implantado internamente na empresa, a fim de assegurar o desperdício zero de recursos. Todos os envolvidos nesse programa passam por uma etapa de formação, com treinamentos focados na metodologia Lean Construction e cada trainee é responsável por estudar um tema, utilizando esse método. A Método Potencial Engenharia ainda promove encontros entre os atuais e futuros líderes da empresa.
O Lean Construction foi citado por Rüdiger Leutz, da Porsche Consulting Brasil, como metodologia para alcançar um melhor nível de produtividade na construção, uma vez que ela considera o processo de agregação de valor na obra como ponto central dos acontecimentos, direcionando o foco das melhorias. “São vários tipos de desperdícios que ocorrem em uma obra e isso acontece não apenas no Brasil, mas em todo mundo”, opinou. Um exemplo mostrado por ele é o retrabalho, quando há a movimentação repetida de equipamentos e materiais devido a má organização do canteiro.
Jevando Barros, diretor do IOPEX Brasil, levou para o Sobratema Workshop 2015 casos de sucesso no Brasil que estão baseados no Lean Construction e Excelência Operacional, a metodologia denominada “Gestão Integrada por Processo”, que faz parte do ®Ciclo GPPC, do IOPEX, utilizada para otimizar desde o processo de gestão, passando pelo planejamento puxado e programação do Takt (ritmo de produção) até o controle de rotina. As obras apresentadas foram Arena Manaus e Hospital Metropolitano de Belo Horizonte, da Andrade Gutierrez, e o Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, da Construtora Carioca Christiane Nielsen Engenharia.
No caso do Arco Metropolitano, apenas com a implementação da metodologia “Programação do Takt”, foram obtidos resultados em termos de produtividade, prazo e gestão, com a redução média do prazo das cinco principais obras de arte de 23% sobre o planejado e aumento médio de 35% na produtividade da mão de obra direta das frentes envolvidas. De acordo com Barros, metodologias inovadoras são implantadas para garantir resultados, qualificação de colaboradores e sustentabilidade.
Equipamentos e mecanização
No Sobratema Workshop 2015 também foi trazido o tema relativo aos equipamentos na construção, que podem ser altamente produtivos, quando o operador devidamente treinado tira a máxima eficiência do equipamento. Nesse sentido, Afonso Mamede, presidente da Sobratema, reiterou a importância da Certificação da Terceira Parte para profissionais e operadores de equipamentos de movimentação e içamento de cargas e da linha amarela, que garantem a qualificação daquele profissional em sua função. Uma aliança entre o Instituto Opus e a Abendi – Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção, a Certificação está baseada em rigorosos padrões de certificação com base na ISO 17.024.
Além da qualificação do operador, Marcos Schmidt, gerente de produtos da divisão Construção da Atlas Copco Brasil, ressaltou a importância do planejamento para a seleção correta do equipamento em determinado tipo de função, em especial, na área de demolição. “São diversas variáveis que devem ser consideradas na seleção do equipamento, como o propósito, a logística, o prazo, os custos, a segurança e a legislação”, afirma. “A demolição não se faz aleatoriamente, não é empírico”, acrescentou.
De acordo com Schmidt, os equipamentos e implementos usados para demolição no setor da construção evoluíram significativamente nos últimos anos que, inclusive, atendem os itens das normas regulamentadoras e a Política Nacional de Resíduos Sólidos. “Atualmente, para as grandes metrópoles, onde os espaços livres são quase inexistentes, a demolição torna-se imprescindível, já que para construir é preciso, primeiro, demolir”, avaliou.
Para o setor avançar ainda mais, Schmidt comenta que será preciso vencer as barreiras culturais e de conhecimento, uma vez que existem uma diversidade de tipos de implementos e equipamentos para demolição hidráulica, com inovações e conquistas importantes em termos de ruídos e vibrações, mas que são pouco conhecidas do mercado em geral. “Precisamos divulgar mais sobre o desenvolvimento e evolução de nosso segmento”, enfatizou. “Por exemplo, há um desconhecimento de como se mede a produtividade neles”, complementou. No rompedor hidráulico, a oferta de potência (kW) é importante para garantir a produtividade e a redução de custos. Na tesoura hidráulica, que vem ganhando espaço no Brasil, outros fatores contam, como por exemplo a velocidade e a força de corte nas mandíbulas.
Por fim, Schmidt avalia que a mecanização na construção é um processo irreversível, não para substituição de mão-de-obra, mas para dotar a construção civil de opções que reduzam os tempos de execução, incrementem a precisão e garantam elevado nível de segurança.
Após as apresentações, ocorreu um debate com os palestrantes com a medição de Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema. Ainda durante o Sobratema Workshop 2015, foi promovido o lançamento da segunda edição do livro técnico Gerenciamento e Manutenção de Equipamentos Móveis, do engenheiro mecânico Norwil Veloso.