Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 14 de fevereiro de 2015

Folha de S.Paulo - Setor de máquinas contorna crise das obras e fatura com a de energia

Folha de São Paulo - Mercado - Página B4 

Setor de máquinas contorna crise das obras e fatura com a de energia

Vendas para construção pesada caem 6% em 2014; empresas se voltam para os geradores

Possibilidade de racionamento de luz faz crescer demanda por equipamentos de geração elétrica

JOANA CUNHA DE SÃO PAULO

"A construção deu uma guinada para baixo, mas não estamos saindo dela. Os geradores são um projeto que vem desde o ano passado, quando olhávamos a crise de energia no médio prazoMurilo Farias Santosdiretor da Emit Brasil

Enquanto o escândalo da Petrobras com as grandes empreiteiras abala o setor da construção pesada, freando as vendas e o aluguel de máquinas para obras, o mercado de geradores de energia desponta como alternativa aos empresários do setor.

O segmento passa a ser visto como nicho promissor à medida que a ameaça de um racionamento se avoluma e o ministro Eduardo Braga (Energia) defende que grandes consumidores de energia usem geradores próprios para aliviar a pressão sobre o sistema elétrico.

A importadora Emit, que traz aparelhos como andaimes e escoramentos, é uma das que se interessaram.

Fechou contrato de exclusividade com a sul-coreana Hyundai Corp para ingressarem juntas na distribuição de geradores no Brasil a partir de março.

"A construção deu uma guinada para baixo, mas não estamos saindo dela. Os geradores são um projeto que vem sendo desenvolvido desde o ano passado, quando nós olhávamos essa crise de energia no médio prazo", diz Murilo Farias Santos, diretor da Emit.

Os modelos trazidos adaptam-se a pequenos e médios negócios, como restaurantes, padarias e postos de combustível, além de condomínios residenciais, segundo Farias.

Segundo cálculos da Sobratema (entidade que reúne empresas da cadeia de equipamentos de construção, como gruas e guindastes), as vendas do setor caíram cerca de 6% em 2014.

"Muitas construtoras estão inadimplentes. É um sinal negativo para 2015. Em outros anos, nesta época, já estaríamos fazendo muitos orçamentos" afirma Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema.

CONSULTAS MAIORES

No segmento de geradores, a tendência é inversa.

A Stemac, líder no setor, viu o número de consultas de clientes subir 60% entre janeiro e fevereiro, mas em vendas efetivas a alta ainda é de 10%, segundo Jorge Buneder, presidente da empresa.

"Elevamos a capacidade instalada no final do ano passado e podemos aumentar a produção assim que a demanda se concretizar", afirma Buneder.

A Abimaq, que reúne a indústria de máquinas, diz que ainda não consolidou dados da alta na produção de geradores e que os interessados devem estar esperando informações mais firmes acerca do racionamento, antes de tomar decisões de investimento, especialmente em tempos de indefinição econômica.

"O brasileiro vai deixar para tomar a decisão no último minuto", diz Reinaldo Sarquez, que preside a área de geradores na Abimaq.

Hospitais, centros de processamentos de dados e indústrias que não podem ter processos interrompidos são alguns dos clientes que têm procurado informações sobre geradores a diesel, de acordo com Paulo Esteves, da Solaris, empresa que atua com aluguel de equipamentos de construção e também já tem uma área para o negócio de geradores.