Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 11 de junho de 2015

DCI - Venda a locadoras deve crescer em ano difícil

DCI - Indústria - Pág. 7 

Venda a locadoras deve crescer em ano difícil

Com a alta dos juros do BNDES para a compra de bens de capital e o arrefecimento da economia, empresas devem optar mais pela locação de equipamentos para utilização nos canteiros de obras

Juliana Estigarríbia

 

O setor de máquinas de construção sofre com o recuo do mercado

Foto: Divulgação Caterpillar

São Paulo - Com a perspectiva de um ano difícil para máquinas de construção, a participação das locadoras nas vendas dos fabricantes deve crescer em 2015. A média pode variar entre 25% e 30% do total vendido pelas marcas no ano.

Um dos principais motivos que devem levar a esse aumento é a alta dos juros do BNDES para a compra de bens de capital (Finame). Além disso, com a crise, as empresas preferem locar a comprar máquinas.

"A expectativa é que o segmento ocupe um espaço maior nas vendas dos fabricantes neste ano", afirma o vice-presidente da entidade que reúne as marcas que fabricam no País (Sobratema) e presidente da Analoc, que representa os locadores, Eurimilson Daniel.

Estudo inédito obtido com exclusividade pelo DCI revela que o segmento de locação movimenta R$ 8,5 bilhões por ano no País. São cerca de 10 mil empresas que empregam, atualmente, 100 mil pessoas.

"Este negócio cresceu muito nos últimos anos", destaca Daniel. Conforme dados compilados pela primeira vez pela Analoc, do faturamento total das locadoras, linha amarela responde por R$ 3,5 bilhões; geradores e compressores, R$ 2 bilhões; linha leve, R$ 2 bilhões e plataformas, R$ 1 bilhão.

"A locação auxilia principalmente entrantes recentes do mercado, pois muitos empresários não arriscam a compra de novas marcas", explica.

É o caso da BMC Hyundai, que fabrica há alguns anos no País. "Metade das nossas vendas vai para locadoras", afirma o presidente da empresa, Felipe Cavalieri. Segundo ele, o segmento cresce principalmente em períodos difíceis. "Em épocas de crise, a indústria tende a locar máquinas", pondera o executivo.

Com a queda brusca das vendas de equipamentos para construção, que segundo a Sobratema devem recuar mais de 30% neste ano, os fabricantes reveem as estratégias para se manter vivos.

"O mercado está muito parado. Não há grandes expectativas para 2015", diz a diretora de assuntos governamentais e corporativos da Caterpillar no Brasil, Suely Agostinho.

Ela conta que a empresa - que é líder no Brasil e no mundo - vai continuar investindo em novos produtos e em tecnologia embarcada para manter sua participação de mercado. "Como a marca é muito antiga, precisamos nos reinventar sempre", destaca Suely.

De acordo com o diretor comercial da Sotreq (maior revendedora da Caterpillar no mundo), Ricardo Fonseca, a participação de locadoras nas vendas da rede gira em torno de 30%. "Principalmente em momentos de crise, o poder de barganha do cliente aumenta", destaca o executivo.

Para o líder da divisão de construção e florestal da John Deere, Roberto Marques, a tendência é que as vendas para o segmento de locação cresçam agora e pelos próximos dois anos. "Com a economia difícil e restrição ao crédito, as empresas optam por locar", avalia o executivo.

Apesar disso, Daniel ressalta que o faturamento do segmento de locação deve cair cerca de 35% em 2015. "Metade da frota está parada atualmente", diz. O ideal, segundo o dirigente, é que 70% das máquinas estejam ocupadas.

"A demanda caiu muito e as empresas não conseguem repassar custos", afirma. Porém, Daniel se mantém otimista. "Acreditamos que já no fim deste ano a retomada do mercado comece a vir", estima.