Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 21 de julho de 2015 por Mecânica de Comunicação

Certificação acreditada ganha espaço no mercado

Certificação de terceira parte desenvolvida pela aliança estratégica entre a Sobratema e a Abendi vem sendo reconhecida pelo mercado

As grandes corporações brasileiras que atuam no segmento de infraestrutura estão constantemente em busca de melhores práticas para aumentar a segurança e a produtividade em sua operação. A capacitação, qualificação e treinamento de funcionários são considerados um importante investimento para alcançar esse objetivo e, por esse motivo, parte dessas empresas começaram a exigir que os profissionais tenham um nível de certificação. Na Petrobras, por exemplo, áreas como solda, mergulho e trabalho em altura requerem a certificação de terceira parte, reconhecida por um organismo internacional.

Para Wilson de Mello Jr., diretor de Formação e Certificação da Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, essa exigência está se expandindo entre as grandes corporações e, em um futuro próximo, se tornará uma prática do mercado. “Isso ocorre porque elas estão atentas ao problema de segurança e ao risco de um acidente, que traz muitos prejuízos econômicos, sociais e mercadológicos para a empresa”, explica. Atualmente, a construção brasileira de forma geral – predial e pesada – está no topo em termos de acidentes de trabalho, com uma morte, em média, por dia. “A certificação não vai eliminar o risco de acidentes, mas temos a certeza que a redução será grande”, avalia.

Nesse sentido, a certificação acreditada desenvolvida pela aliança estratégica entre a Sobratema e a Abendi – Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção vem ganhando, cada vez mais, espaço no mercado. “Já estamos percebendo um maior envolvimento dos profissionais, em decorrência da exigência dessas grandes corporações e dos benefícios que a certificação traz para as empresas e pessoas”, conta Mello Jr. Até o final de fevereiro, cerca de 60 profissionais estavam em processo de certificação ou certificados para as funções de Rigger, Supervisor de Rigging e Sinaleiro Amarrador.

A partir de março, foi disponibilizada a certificação para operadores de grua, de guindaste móvel, de guindauto e de ponte rolante e pórtico. E, com isso, a expectativa das duas entidades é que haja uma procura, ainda maior, pelo processo de certificação. “Vamos abrir, ainda neste semestre, a certificação para os equipamentos de linha amarela – escavadeiras, tratores de esteira, motoniveladoras, pás carregadeiras, rolos compactadores e retroescavadeiras e está em estudo a certificação para os operadores de guindastes offshore, que são os profissionais que ficam nas plataformas de extração de petróleo”, adianta Mello Jr.

Processo

A certificação de terceira parte foi idealizada e desenvolvida para atender as necessidades do mercado da construção, assim, ficou definido que ela seria dividida em duas fases. A primeira possui um período de dois anos e é direcionada para a certificação por reconhecimento, ou seja, para os profissionais que possuem experiência comprovada no setor. “Isso foi criado para a adaptação do mercado ao perfil do profissional que será certificado na segunda etapa e, também, para o próprio processo de certificação”, ressalta o diretor de Formação e Certificação da Sobratema. Como as certificações para funções de Rigger, Supervisor de Rigging e Sinaleiro Amarrador tiveram início em dezembro de 2013, essa modalidade vale até o final deste ano.

O processo de certificação por reconhecimento é prático e rápido e existem requisitos mínimos para os níveis de certificação, com pontuações para cada item. No caso do Rigger, por exemplo, o profissional precisa ter um curso técnico ou ensino superior. “Toda solicitação feita passa por uma série de análises quanto à qualidade dos documentos enviados. Se um profissional afirma ser um engenheiro, a equipe da Abendi confere a autenticidade do diploma, fazendo contato com a universidade no qual ele se graduou. Por isso, afirmamos que o processo é seguro e possui credibilidade”, destaca Mello Jr. O primeiro profissional certificado foi o engenheiro Ricardo Sávio, instrutor do Instituto Opus, também da Sobratema, que recebeu sua certificação na semana seguinte ao envio dos documentos. 

A segunda fase exige, além da qualificação profissional – comprovação da escolaridade e da atuação no setor –, a realização de uma prova de conhecimento, dividida em duas partes: geral e específica. Em alguns casos, há ainda uma prova prática. Para obter a certificação, será necessário que o profissional obtenha uma nota mínima de 70 pontos. “Nosso banco de questões para cada função tem, no mínimo, 120 perguntas distintas. Para cada prova e candidato, a prova será diferente e as questões serão escolhidas de maneira aleatória”, explana Mello Jr. 

Formação de pessoas

A certificação acreditada da Sobratema e da Abendi é baseada na ISO 17024, que normaliza a certificação de profissionais. Ela detalha todas as metodologias e os critérios que precisam ser adotados para fornecer uma certificação, incluindo até a forma de elaboração das provas, no sentido de evitar que perguntas estejam redigidas de modo ambíguo e com dupla interpretação. “A escolha pela norma como base para nossa certificação é para dar transparência, segurança e credibilidade ao processo, evitando qualquer tipo de condução inadequada dos procedimentos”, diz Mello Jr. Países como Estados Unidos, Canadá, Noruega e, praticamente, toda a comunidade europeia adotam a certificação na área de equipamentos para construção, em especial, no segmento de içamento de cargas. 

Outro ponto focado pela norma refere-se ao órgão de treinamento, com requisitos para formar pessoas, como por exemplo, a dimensão mínima das salas, o local onde elas se situam, a carga horária, o conteúdo programático, entre outros. Em organismos internacionais, por exemplo, a carga horária mínima para um profissional começar a aprender a utilizar um equipamento é de 160 horas. Porém, no Brasil, não existe uma padronização do que deve ser passado de conhecimento para o profissional. “Isso chega ao ponto de que existem empresas que em 16 horas fazem o processo de treinamento”, alerta Mello Jr. “Assim, a certificação visa, também, trazer um padrão para os institutos e organismos que são especializados na formação de pessoas”, finaliza.