Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 29 de abril de 2016

DCI - Fabricantes de máquinas voltadas à construção apostam no agronegócio

Fabricantes de máquinas voltadas à construção apostam no agronegócio

Após vendas de equipamentos de linha amarela despencarem durante o ano passado, sem perspectiva de recuperação neste ano, agronegócio vira a principal demanda do segmento

 

Máquinas antes destinadas à construção ganham adaptação para atender as demandas na área rural
Foto: Divulgação

Ribeirão Preto - O bom desempenho dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional, o recorde nos resultados de colheita e o câmbio ainda interessante para exportações são os principais fatores que fazem com que o agronegócio seja um grande mercado em potencial para venda de máquinas de construção.

A estratégia das companhias de maior porte é criar uma sinergia entre as empresas 'irmãs' de maquinário agrícola e otimizar a carteira de clientes, no intuito de expandir a adesão dos agricultores. A Case Construction atua em parceria com a Case Agrícola, fato que se repete entre as companhias de agricultura e construção da New Holland, todas integrantes do grupo CNH Industrial.

Em eventos como a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), o maior da América Latina no segmento, que acontece em Ribeirão Preto (SP), estas parcerias são claramente identificadas.

Os fabricantes dos chamados equipamentos de "linha amarela" viram a comercialização despencar até 50% em 2015, segundo levantamento da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). Para este ano, a projeção da entidade está entre a manutenção e uma nova queda de até 3%. A aplicação deste tipo de máquina na lavoura está associada a atividades como nivelamento do solo e logística dentro da propriedade, o que permite ganhos de produtividade.

"Diferente dos demais setores, que apenas renovam seus parques, o produtor rural aumenta suas compras paralelo ao avanço de áreas, o que é uma constante durante a safra de diversas culturas", afirma o gerente de marketing da Case Construction, Carlos França. Para a companhia, as vendas voltadas ao setor agrícola já atingiram a casa dos 10%.

Já presentes no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), há cerca de dois meses as máquinas de construção passaram a integrar o Finame agrícola, linha de crédito atrelada ao Plano Safra. Para o executivo, a medida permite que o agricultor possa se programar de acordo com o ciclo produtivo, o que também diverge da modalidade de utilização em infraestrutura, por exemplo.

A valorização do dólar, que ganhou força durante o ano passado, elevou em 50% as exportações da Case Construction, como um todo, em relação ao desempenho de 2014. Em linhas gerais, contribuiu para este resultado a abertura de novos mercados, como a Índia, e o aumento da demanda por países da América Latina, além dos EUA. Parte disso se deve aos embarques para uso em lavouras de outros países.

França conta que no norte da América do Sul e no Caribe existe uma demanda para os produtos brasileiros partindo da cana-de-açúcar, arroz e café. Como a intenção é novamente avançar no mercado internacional, em maio, o País receberá um grupo de concessionários, majoritariamente, da Índia, Austrália, Rússia e Cingapura a fim de expandir estas relações comerciais.

No Brasil, as usinas de cana lideram a procura por este tipo de produto. A gerente de marketing para a América Latina da New Holland Construction, Paula Araújo, e o gerente de produto para América Latina da empresa, Marcos Rocha, destacam que alguns equipamentos já sofreram adaptações para melhor desempenho na agricultura.

"À medida que vai aumentando a mecanização, também aumenta a demanda por alta tecnologia de equipamentos de construção", afirma a executiva. "Hoje temos versões de pás carregadeiras voltadas para fertilizantes e outras para cana, algo que nunca se imaginaria há dez anos", acrescenta Rocha. No setor sucroenergético, vale destacar o avanço da colheita mecanizada, que inseriu as usinas e produtores nas tecnologias e, recentemente, a perspectiva de melhor desempenho de preços para os subprodutos da cana.

O açúcar tem boas expectativas vindas do déficit global da commodity e o etanol segue em alta pelo aumento no consumo interno. O cenário pode dar suporte à adesão de investimentos no campo. /A repórter viajou à convite da organização da Agrishow

Nayara Figueiredo