Publicado em 22 de junho de 2016
Mesmo em um setor tradicional, é possível encontrar novas oportunidades de
negócios e inovação. As impressoras 3D e a possibilidade de construir casas
mais rapidamente, de maneira mais sustentável e a um valor mais acessível,
inspiraram Juliana Martinelli a desenvolver o protótipo de uma impressora 3D
para a construção civil. A impressora, ligada a computador, é capaz de
"imprimir" blocos de concreto e substitui, na visão da CEO da
InovaHouse3D, os moldes nas fábricas de concreto.
A impressora dá origem aos blocos a partir de um projeto de uma casa inteira em
três dimensões desenvolvido em softwares de modelagem. Cada bloco é impresso em
camadas, assim como nas impressoras 3D já mais conhecidas. "A impressora
pode ser usada em processos construtivos tradicionais ou pode substituir o uso
de formas resultando em redução de preços, de resíduos gerados e de mão de
obra."
Juliana explica que o uso de moldes tem implicações tanto no desperdício de
materiais quanto na logística. "Se uma forma é muito específica,
utiliza-se quatro, cinco vezes e tem que descartar. A impressora dá liberdade
de formatos diferentes e a vantagem de não ter que fazer o transporte das
formas, só a logística da máquina." Segundo ela, a previsão é que o uso da
impressora resulte na redução de até 40% nos custos de uma obra.
Por enquanto, a startup, que é de Brasília, montou um protótipo de impressora
de apenas um eixo. Mas o objetivo, ainda este ano, é conseguir R$ 30 mil de
investimento para finalizá-lo.
Sobras
Nas sobras de materiais do canteiro de obras, a eStoks, de São Paulo, encontrou
o combustível para uma plataforma de gerenciamento de excedentes da construção
civil. O papel da startup é mapear, vender e dar destinação correta aos
resíduos gerados pelas obras. De acordo com o diretor executivo, Arthur
Rozenblit, vários fatores podem contribuir para gerar sobra de material nos
canteiros de obras, como mudança de projetos ou erros nas compras. "Não é foco
das construtoras dar liquidez a esses materiais, que acabam ficando em um canto
e perdendo valor", lembra.
Para quem precisa de material, é uma oportunidade de adquiri-lo a um preço mais
atrativo. Os ativos vão desde computadores e mesas da parte administrativa das
obras, até materiais de construção e máquinas pesadas como betoneiras e
bobcats. O diretor da eStoks ressalta que a plataforma é apenas uma
intermediadora das vendas, algo como um "Uber da construção civil".
Os negócios são realizados entre as próprias construtoras. Criada em 2012, a
ferramenta hoje já é utilizada por grandes empresas como Odebrecht, Rossi e
Cyrela, destaca Rozenblit.
Mie Francine Chiba
Reportagem Local
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