Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 09 de junho de 2017 por Mecânica de Comunicação

Projetos incorporam planejamento urbano e sustentabilidade

 Se por um lado a tecnologia traz inovação, também cresce o lixo eletrônico. Prova disso é que somente em 2011 foram lançados mais iPhones do que o nascimento de bebês no planeta. E mais, nos últimos 200 anos a população mundial saiu de 1 bilhão de pessoas para 8 bilhões. Diante desse cenário, preservar o meio ambiente deixou de ser somente um objetivo perseguido pelos países do globo, mas a busca pela alta qualidade ambiental.

Esse foi o tema do seminário realizado no Sobratema Summit 2017 durante a Semana das Tecnologias Integradas para Construção, Meio Ambiente e Equipamentos, que termina nesta sexta-feira (9) em são Paulo. As atuais demandas por planejamento urbano e sustentabilidade fazem com que os dois conceitos sejam incorporados nos projetos de mais alto padrão e também nas habitações de interesse social (HIS), levando em consideração desempenho predial e conforto de usuários. Para tanto, as certificações de sustentabilidade têm ajudado na criação de padrões para futuros empreendimentos.

O pano de fundo para as discussões sobre o futuro das habitações é a explosão demográfica, a escassez de recursos naturais e moradia. Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech, comentou que algumas projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que o limite populacional do planeta é de 11 bilhões de pessoas, acima disso aumentará a falta de alimentos e de recursos naturais, uma vez que o consumo crescerá impactado pelo aumento menor do PIB, que cresce apenas 3,4% anualmente.

Consequentemente, haverá menos recursos para a construção de novas moradias caso continuemos usando os mesmos materiais, como os blocos para imóveis de alvenaria. “Em São Paulo, por exemplo, o Minha Casa Minha Vida não atende o déficit populacional, que está hoje em 7% na cidade, considerando números absolutos”, comenta Ferreira. Ele destaca que o setor de construção é voraz por recursos naturais. Além disso, o desperdício é grande com o setor descartando diariamente 14 mil toneladas de entulho por dia.

Industrialização na construção civil

Com números tão alarmantes, muitos países, inclusive o Brasil, buscam solucionar a questão da escassez de recursos, industrializando o processo de construção de imóveis. Em Bismaya (Iraque), é possível construir 80 apartamentos por dia numa linha de produção de chão de fábrica com o uso da plataforma BIM. E o custo do metro quadrado é de US$ 600. Se considerarmos que esses apartamentos têm 100 metros quadrados, o custo para o consumidor final é de R$ 80 mil aproximadamente. “Esse valor é bastante inferior se comparado a um imóvel do Programa Minha Casa Minha Vida”, aponta Ferreira.

Apesar de as políticas públicas mudarem a cada eleição, assim como impostos, no Brasil existem empresas que entregam projetos como os construídos no Iraque. Mesmo com as dificuldades econômicas e políticas, a Tecnoverde construiu uma fábrica e industrializou o processo da construção civil e já há um case no Paraná. Além dela, também a Precon oferece soluções de moradias com sistema industrializado de concreto.

Outro tema que inspira debates e avança nas discussões sobre moradia envolve equipes multidisciplinares com profissionais de arquitetura e urbanismo, tecnologia da informação, engenheiros e gestores públicos e privados. Prova disso é a disciplina sobre smart city da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que fez uma parceria com a Escola Politécnica.

Segundo o Professor Doutor Leandro Patah, do curso de engenharia de produção da USP, do ponto de vista tecnológico as smart cities são criadas para melhorar a qualidade de vida das pessoas, proporcionando que toda a infraestrutura urbana funcione através de secretarias de Tecnologia da Informação em cada subprefeitura para resolver problemas locais. Da mesma forma, pode atender os sistemas de transporte, saúde, entre outros, fazendo com que sejam interligados, aumentando a eficiência, a exemplo da troca da iluminação pública por lâmpadas de led.

“Essa interligação gera inteligência nos municípios. Um dos aspectos é o empoderamento através de plataformas abertas, aumentando a inovação e agilidade de resolução de problemas em determinadas regiões”, comenta.

Integração e preservação de cidades e portos

O Brasil avançou muito nessas tecnologias e já exporta a metodologia Acqua Portos para o Marrocos e França. Além disso, segundo Bruno Casagrande, responsável por desenvolvimento de negócios e Certificações da Construção Sustentável na Fundação Vanzolini, quatro novos projetos no Brasil estão em negociação. Além disso, o Acqua Portos foi recomendado pela Associação Nacional de Tecnologia no Ambiente Construtivo (ANTAC), o que levou o Ministério do Meio Ambiente a negociar a criação de dispositivos usando os parâmetros da certificação.

Casagrande explica que o processo de certificação compreende a Qualidade Ambiental da Instalação Portuária (QAIP) e o Sistema de Gestão Empreendedora (SGE-P). O QAIP é composto por vida social e econômica, qualidade de vida e meio ambiente, totalizando 15 categorias – três melhores práticas, cinco de boas práticas e sete básicas. Da mesma forma do processo predial, o portuário possui ciclos de construção e operação, com as auditorias realizadas pela Fundação Vanzolini.