Publicado em 09 de junho de 2017 por Mecânica de Comunicação
Com a queda nos números do setor da construção em função da crise, entidades e governo se articulam para apoiar o crescimento da industrialização no setor, por meio de normas técnicas, manuais, parcerias público e privado, padronização e apostas no desenvolvimento tecnológico e inovação. Prova disso foi o anúncio do decreto presidencial, na terça-feira (6), que cria o Comitê Estratégico de Implementação do Building Information Modelling (BIM), com o objetivo de propor, no âmbito do Governo federal, a Estratégia Nacional de Disseminação do sistema de construção.
Além do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, que exercerá a sua presidência, o Comitê será integrado pela Casa Civil da Presidência da República; Ministério da Defesa; Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; Ministério das Cidades e pela Secretaria-Geral da Presidência da República.
Claudionel de Campos Leite, coordenador de difusão tecnológica da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), explica que o decreto prevê ainda a criação do Grupo de Apoio Técnico – GAT-BIM, que prestará apoio técnico e administrativo ao CE-BIM e o assessorará no desempenho de suas funções. “A ABDI fará parte da equipe do GAT. Os temas discutidos pelo comitê serão de cunho técnico, regulamentação, tributária, entre outros aspectos para fomentar a demanda pela construção industrializada”, diz Leite durante a sua palestra no Sobratema Summit, durante a Semana das Tecnologias Integradas para Construção, Meio Ambiente e Equipamentos, que termina nesta sexta-feira (9) em São Paulo.
Para João Carlos Leonardi, diretor da Leonardi, a industrialização da construção trouxe velocidade para as obras, com menos rigidez e mais qualidade. “Há uma semelhança com as montadoras de veículos, que antes eram fabricantes e agora apenas montam. Nós caminhamos para isso, com os sistemas de pré-fabricação representanto uma evolução, uma nova realidade para a construção”, diz.
Avanços e articulações
Outras entidades, como a ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) também apoiam as iniciativas para fomentar a industrialização da construção. Ambas, ABRAMAT e ABDI, criaram o Manual da Construção Industrializada em 2015, quando lançaram o primeiro volume com o objetivo de fornecer um conjunto de orientações, conceitos e referências. Recentemente, o Ministério das Cidades, o Ministério do Planejamento e o TCU (Tribunal de Contas da União) também se envolveram no projeto para contribuir para a evolução do conteúdo nas próximas publicações.
“O manual pode ser aplicado a qualquer processo de construção, fornecendo um passo a passo e um check list de cada procedimento e está dividido em duas partes: conceitual e sistemas construtivos”, diz Leite. Esse ano ainda será lançado o volume dois, com informações sobre instalação hidráulica, elétrica e racionalizados. Para 2018, o volume três envolverá conteúdos sobre infraestrutura pesada – rodovias, ferrovias, etc. – e escolas.
Como a publicação pode ser acessada gratuitamente pelo site da ABDI, atualmente já são mais de dois mil downloads e a agência fará ainda neste ano uma pesquisa com as empresas, escritórios, universidades que fizeram o acesso para melhorar as próximas edições e contribuir com os avanços no setor.
Paralelamente, a ABDI fará oficinas e lançará em agosto seis guias sobre BIM para difundir a ferramenta através de um convênio com o MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que também prevê a criação de uma plataforma web para ser um repositório do BIM nas aplicações e projetos. “O portal está em fase de testes e deverá ser lançado em setembro. Para disseminar a sua criação, realizaremos eventos regionais”, diz Leite.
Sistemas favorecem industrialização
O esforço para industrializa a construção tem como aliados alguns sistemas que trazem agilidade e aumento de produtividade nas obras. O Drywall, segundo Luiz Antonio Martins Filho, gerente executivo da Associação Brasileira do Drywall, é uma ferramenta importante no processo. “Conseguimos aumentar a produtividade, reduzir os resíduos, pois trabalhamos com produtos recicláveis como aço e gesso, diminuindo as perdas, além da economia com transporte”.
Martins Filho pontua, no entanto, a dificuldade em levar as inovações tecnológicas para os canteiros de obras. “Para isso, é preciso qualificar melhor a mão-de-obra e buscar mudar a forma de atuação na execução da obra”, diz
O Drywall é uma tecnologia que substitui as vedações internas convencionais (paredes, tetos e revestimentos) de edifícios de quaisquer tipos, utilizando chapas de gesso aparafusadas em estruturas de perfis de aço galvanizado. Esta tecnologia já é utilizada na Europa e nos Estados Unidos há mais de 100 anos e no Brasil veio ganhando espaço nos últimos anos devido a seus inúmeros benefícios.
Também o Light Wood Frame surge como outro auxiliar para o processo de industrialização da construção no país. Trata-se de um sistema de construção civil que tem como diferencial a utilização de painéis de madeira (pinus) reflorestada.
Segundo Carla Monich, gerente de inovação da Tecverde Engenharia, o sistema tem linha de produção totalmente automatizadas e garante construção três vezes mais rápida. “Além disso, conseguimos redução de 85% dos resíduos em obras, economia de 90% em recursos hídricos, maior conforto térmico”.
Carla lembra que a Tecverde conseguiu levar parte da industrialização para os canteiros de obras, ao implantar a elaboração das coberturas na própria obra. “Montamos o telhado e colocamos sobre a construção com um guindaste, tornam a operação mais rápida”, diz.
A Semana das Tecnologias Integradas conta também com a BW Expo 2017 – Feira de Serviços e Tecnologias para Gestão Sustentável de Água, Resíduos, Ar e Energia, a Construction Expo 2017 – Feira de Edificações e Obras de Infraestrutura – Serviços, Materiais e Equipamentos e a M&T Peças e Serviços 2017 – Feira e Congresso de Tecnologia e Gestão de Equipamentos para Construção e Mineração.
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