Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 22 de março de 2018

Portal dos Equipamentos - Produtividade e robustez devem ser consideradas na escolha de caminhões

Veículos usados na construção são expostos a condições severas, devendo ser escolhidos com cuidado. Há que se analisar o meio onde rodarão e o tipo de carga que irão transportar

Produtividade e robustez devem ser consideradas na escolha de caminhões

Veículos usados na construção são expostos a condições severas, devendo ser escolhidos com cuidado. Há que se analisar o meio onde rodarão e o tipo de carga que irão transportar

Texto: Juliana Nakamura

SEGURANCA-guindastes
Os caminhões precisam apresentar robustez e confiabilidade (foto: Syda Productions / shutterstock)

Bens de alto valor agregado imprescindíveis para viabilizar obras de edificações e de infraestrutura, os caminhões são submetidos a condições de operações severas, em função do terreno sobre os quais trabalham, muitas vezes irregulares e acidentados, e da quantidade de carga transportada.

Não à toa, robustez e confiabilidade são duas das principais características exigidas desses veículos, que muitas vezes precisam funcionar sem intervalos e em sua capacidade máxima. “A produtividade é outro fator-chave, pois, quanto maior o número de viagens que o caminhão faz no período, mais carga ele transporta em menos tempo, reduzindo o custo operacional”, comenta o engenheiro Álvaro Menoncin, gerente de engenharia de vendas da Volvo.

COMO ESCOLHER CAMINHÕES

O processo de análise e comparação de caminhões deve começar pela identificação do uso que o veículo terá. É preciso considerar se ele rodará em meio urbano, rural ou rodoviário. Veículos que circulam em estradas de péssima qualidade precisam priorizar a resistência. Os que trafegam em áreas com desníveis (serras, por exemplo) demandam potência. Já para rodar em rotas com muitas curvas, os caminhões curtos e mais estáveis costumam ser mais eficientes.

Também deve-se levar em conta o tipo de carga que o caminhão irá transportar, se solo, rocha, agregado, asfalto, resíduos, concreto etc. “No caso de caminhões basculantes, há de se levar em conta, ainda, a capacidade do equipamento de carga, lembrando que o equipamento carregador (carregadeira, escavadeira etc.) deve ser compatível com o veículo”, comenta o engenheiro Silvimar Fernandes Reis, consultor em gestão de ativos e vice-presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração).

Como a aplicação é muito diversificada na construção, caminhões com caçamba multiúso (ou seja, mista para aplicação em rocha ou solo) costumam ser uma escolha comum nesse segmento
Silvimar Fernandes Reis

Reis conta que o tipo de aplicação e a capacidade de carga influenciam diretamente a definição da quantidade de eixos e se o caminhão será articulado, rodoviário ou fora de estrada. “Como a aplicação é muito diversificada na construção, caminhões com caçamba multiúso (ou seja, mista para aplicação em rocha ou solo) costumam ser uma escolha comum nesse segmento”, informa Reis.

CUSTOS COM MANUTENÇÃO

De acordo com Vinicius de Melo Arantes, engenheiro de marketing do produto responsável pelo segmento de caminhões na Volkswagen, no caso de caminhões seminovos, a recomendação para a hora da seleção é identificar e avaliar o estado geral do veículo, quilometragem, chassi, motor, transmissão, pneus, suspensão, chicote elétrico, parte interna e externa da cabine. Outro ponto a ser considerado é o consumo total de combustível até o momento da compra.

Ao optar por um ou outro fornecedor, é importante se informar sobre a disponibilidade de peças de reposição no mercado. Essa recomendação vale tanto para quem compra veículos usados, quanto para quem vai adquirir um modelo zero quilômetro. Não são raros os caminhões que ficam longos períodos parados aguardando peças para completar uma revisão, comprometendo a produtividade e aumentando os custos operacionais.

CAMINHÕES – TECNOLOGIA EMBARCADA

Nos últimos anos, principalmente com o boom da construção civil no início da década 2000, cresceu a demanda das empresas por caminhões mais produtivos e com menor custo de operação. Isso incentivou as montadoras a incorporar novas tecnologias aos seus veículos, incluindo a adição de itens de segurança para reduzir riscos de acidentes (ABS, airbags, válvula sensível à carga etc.).

A telemetria é uma importante ferramenta para redução do custo operacional
Vinicius de Melo Arantes

Entre os desenvolvimentos mais impactantes destacam-se os sistemas de telemetria utilizados para avaliar diversos aspectos de condução, como performance do caminhão, monitoramento da quilometragem e do consumo, velocidade média, regime de rotações; assim como os sistemas de gestão de frota, que auxiliam no aumento da produtividade. “A telemetria é uma importante ferramenta para redução do custo operacional. Com ela é possível ter uma análise completa de toda a operação e buscar por melhorias tanto na condução dos caminhões pelo motorista, quanto no transporte da carga, análise de rotas, entre outros”, diz Arantes.

Outro avanço importante foi a incorporação da transmissão automatizada, que, ao padronizar a troca de marchas, pode gerar menor consumo de combustível e menores custos com manutenção. “Motores mais eficientes, novas calibrações, curvas de torque e potência, pneus com baixa resistência à rolagem e a utilização de materiais mais nobres e leves na construção do chassi também fizeram com que os caminhões mais modernos consumissem menos combustível, em comparação aos modelos mais antigos”, destaca Silvimar Reis, lembrando que os caminhões mais novos atendem às normas ambientais vigentes (Euro, Tier ou Proconve) e são menos poluidores do que suas gerações anteriores.

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COLABORAÇÃO TÉCNICA

Vinicius de Melo Arantes – Engenheiro de marketing do produto do segmento de caminhões da Volkswagen
 
 
 
Álvaro Menoncin – Engenheiro mecânico, atua como gerente de engenharia de vendas da Volvo
 
 
 
Rogério Kowalski – Engenheiro mecânico, é gerente de caminhões seminovos da Volvo
 
 
 
Silvimar Fernandes Reis – Engenheiro mecânico, é consultor em gestão de ativos e vice-presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração) e autor do livro “Conversando com a Máquina”, editado pela Sobratema