Publicado em 18 de janeiro de 2019
ORIGINAL DE BUILDIN
Quando pensamos sobre o ano de 2018 no Brasil, podemos verificar dois opostos. Foram 365 dias bastante agitados na política. Já na economia, foi um ano devagar, quase parando. Assim, é possível que você esteja se perguntando quais as tendências da construção civil para 2019, certo?
Pois saiba que as perspectivas indicam uma inversão em 2019. A indústria da construção tem um olhar otimista com relação ao novo governo. Assim, espera, finalmente, a volta dos investimentos, especialmente a partir do segundo trimestre. Seria a tão aguardada retomada da construção civil!
Quer saber mais sobre as principais tendências da construção civil em 2019?
Elaboramos este conteúdo completo para ajudar você a se preparar para esse novo ciclo que se inicia. Falaremos sobre:
A confiança dos empresários da construção civil aumentou gradativamente ao longo de 2018, sobretudo no último trimestre.
O Índice de Confiança da Construção (ICST) calculado pela FGV/IBRE era de 80,3 em setembro. Subiu para 81,8 no mês seguinte e chegou a 84,7 em novembro . Este é o maior nível atingido pelo índice desde janeiro de 2015.
Outro dado positivo do estudo da FGV/IBRE é a capacidade de produção da indústria da construção. Pela terceira vez consecutiva, a utilização da capacidade instalada cresceu 3,5 pontos percentuais e chegou a 65,6%.
Segundo Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV IBRE, “a atividade setorial ainda está muito aquém de sua média histórica, mas a direção é de retomada”.
Enquanto a construção civil apresenta queda em suas atividades desde 2014, o mercado imobiliário registrou aumento do número de lançamentos e incremento das vendas em 2018.
“Houve uma redução do estoque, o que dá uma perspectiva positiva. É o momento de reação do mercado, de gerar mais empreendimentos”, diz a economista Ieda Vasconcelos, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Os indicadores nacionais do mercado imobiliário da CBIC também são positivos. Eles mostram que os lançamentos residenciais cresceram 30,1% no terceiro trimestre de 2018, em relação ao mesmo período de 2017. As vendas, por sua vez, registraram aumento de 23,1%.
Com relação às vendas, foram 118,4 mil unidades escoadas no acumulado em 12 meses encerrado em setembro de 2018. Isso contra 93,5 mil unidades nos 12 meses anteriores a esse período.
Se mantido o ritmo atual de vendas, o estoque poderá ser zerado em 14 meses.
Em 2018, o PIB da construção civil registrou o quinto ano seguido de retração. Mas a expectativa é a de que, em 2019, esses números negativos fiquem para trás. A projeção de crescimento de 1,3% pode parecer tímida, mas já significa uma mudança de direção.
Para o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, “a projeção leva em consideração o início de uma retomada no segundo semestre de 2018”. Ele continua: “e a expectativa é de uma política econômica de reequilíbrio das contas públicas. Ou seja, com reforma da Previdência e desburocratização para empreender”.
Segundo dados apresentados na pesquisa Focus do Banco Central, espera-se que em 2019 o PIB do Brasil cresça em 2,8%. É um valor expressivo em comparação com o crescimento de 1,01% registrado em 2017.
Buildin conversou com dois líderes setoriais da indústria da construção para entender melhor o que esperar de 2019. As tendências da construção civil para 2019 são otimistas, mas as construtoras vão precisar se adaptar à nova realidade.
Confira a seguir um compilado bem objetivo dessas entrevistas realizadas com:
José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
José Carlos Martins – Primeiramente é preciso tratar bem o capital privado para que ele invista. Para isso, segurança jurídica e crédito são fundamentais. Também é necessário haver um planejamento confiável. Com isso, o capital privado entra no jogo e teremos anos de muita demanda para a construção civil.
José Romeu Ferraz Neto – O mais importante é aprovar a reforma da previdência e implementar medidas de reequilíbrio fiscal e estímulo ao ambiente de negócios. No segmento imobiliário, com a retomada da confiança na economia, será possível atrair novos investidores e novas formas de financiamento. Na habitação popular, é preciso reforçar o FGTS e os subsídios para diminuirmos o déficit habitacional. Também é necessário estimular as parcerias público-privadas habitacionais, bem como as privatizações e concessões para a ampliação da infraestrutura.
Martins – O governo eleito está atacando problemas estruturais. Está sinalizada, por exemplo, uma efetiva redução da máquina pública, que trará economia de dinheiro público e produtividade. Mas, independente de qualquer coisa, a eleição passou. Precisamos dar uma trégua ao novo governo, nos engajarmos e construir um Brasil melhor para nossos filhos e netos.
Ferraz Neto – A sinalização dada em busca do reequilíbrio fiscal e do incremento das privatizações e concessões é muito positiva. Mas determinadas tarefas devem seguir sob coordenação do governo, como o estímulo à habitação popular. Propostas como permitir que os cotistas do FGTS possam aplicar parte de seus recursos no mercado financeiro fariam os investimentos do Fundo em habitação diminuírem ainda mais e agravariam o problema do déficit habitacional.
José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sindicato da Indústria da Construção em São Paulo (SindusCon-SP)
Martins – Creio que a partir de janeiro. Nossas propostas ao novo Governo geram efeito imediato, como a retomada de obras paralisadas. Existem 4.378 obras paradas no Brasil. Também há o programa de concessões municipais. Já foram contratados 46 projetos e é possível acelerar.
Ferraz Neto – Possivelmente a partir do segundo trimestre de 2019 e com mais intensidade a partir de 2020.
Martins – Somos otimistas, mas conservadores. Se as propostas que fizemos forem implantadas, estamos certos de que funcionará. Mas não sabemos se elas serão implantadas, nem como isso se dará. Digo aos nossos associados que sejam conservadores e levem o barco devagar. E que fiquem preparados para a arrancada.
Ferraz Neto – Apostamos continuamente na elevação da produtividade. Isso envolve melhoria na gestão, modernização de processos produtivos e abertura para inovações tecnológicas e de sustentabilidade ambiental.
Se olharmos para o futuro próximo e para o que foi apontado como tendência para 2018, não há diferenças marcantes. Na verdade, o uso de tecnologias como BIM, inteligência artificial e internet das coisas foi reforçado ao longo ano e deve continuar assim por um bom tempo. Assim, o perfil das edificações tende a mudar, com presença de serviços agregados compartilhados, como mostra a Vitacon.
Falarei mais sobre essas soluções a seguir:
A modelagem 3D dos projetos permite organizar informações da obra de forma consolidada em uma única plataforma. Assim, seu uso facilita o compartilhamento do projeto e a compatibilização de projetos em tempo real.
Segundo o consultor Tiago Ricotta, a digitalização da construção possibilitada pelo BIM já provou garantir resultados da ordem de 99%, 92% e 90% de precisão. “Isso vale para custos, cronograma e auditoria de qualidade respectivamente”, disse o especialista em entrevista recente ao Buildin.
Segundo ele, “com a digitalização e acesso dos projetos em dispositivos móveis, os engenheiros podem ganhar até 16% do seu tempo. Não utilizar a tecnologia disponível atualmente é perder dinheiro no curto prazo e competitividade no médio e longo prazo”.
Muito forte no hemisfério norte, a construção modular é uma solução para racionalizar recursos e aumentar a produtividade. Estamos falando sobre edificações pré-fabricadas montadas a partir de módulos produzidos fora do canteiro, sob rigorosos controles industriais.
Segundo estudo da Turner and Townsend, a expectativa é que a de que esse tipo de construção aumente globalmente 6% até 2022.
A construção modular pode ser aplicada com diversas finalidades (comerciais, residenciais, hotelaria etc.). Ela também não precisa se restringir a um material estrutural específico, podendo se basear no uso do aço, do concreto, madeira ou mesmo novos materiais.
Qualidade construtiva, redução de prazo de execução, previsibilidade de custo, menor dependência de mão de obra e eliminação de desperdícios são motivos que justificam a implementação da construção modular pré-fabricada no Brasil. Outro exemplo é a construção de casas modularespara reduzir o déficit habitacional.
O engenheiro Jonas Medeiros escreveu mais detalhadamente sobre isso em artigo publicado pelo Buildin. Confira.
Sustentabilidade e eficiência energética
A sociedade tende a exigir, cada vez mais, edifícios eficientes, que gerem menos danos ao ambiente. Isso se deve à maior conscientização das pessoas e, também, a uma questão de custo.
De acordo com o Green Building Council Brasil, um projeto de construção sustentável médio é capaz de reduzir em 40% o uso de água, 35% a emissão de gás carbônico e 65% o desperdício.
Não custa lembrar que, além de ser uma das tendências da construção civil, todos ganham quando se investe em sustentabilidade na construção. Para os empreendedores, práticas ambientalmente corretas para construção valorizam os empreendimentos. Para o consumidor, o ganho está na redução de custos de operação e na disponibilidade de usufruir de ambientes com melhor qualidade interna. Isso sem contar nos impactos positivos das construções sustentáveis que beneficiam toda a sociedade.
O professor Masa Noguchi, da rede ZEMCH (Zero Energy Mass Custom Home), falou sobre essa tendência empalestra recente no Construsummit.
A inteligência artificial (IA) é uma das tendências da construção civil. A tecnologia já é utilizada, em maior ou em menor grau, por muitas empresas da construção civil. Assim, em 2019 a tendência é que essas aplicações se intensifiquem ainda mais.
A IA envolve ciência da computação, matemática, estatística, programação de computadores, visão computacional e, até mesmo, linguística. Ela permite aos computadores aprenderem e a tomarem decisões com o mínimo de intervenção humana.
As aplicações da IA na indústria da construção são infinitas. Elas podem apoiar estratégias de relacionamento e atendimento personalizado ao cliente, bem como garantir melhores níveis de segurança no canteiro.
Se quiser saber mais sobre essa tendência, veja a palestra realizada por Bruno Loreto, CEO da Construtech Ventures.
Fundamental para se chegar à Construção 4.0, a Internet of Things (IoT) aplicada à indústria da construção está causando transformações profundas. E essas mudanças representam tendências da construção civil. Assim, devem continuar acontecendo em 2019 com o maior uso de sensores para monitoramento.
Na área de manutenção, esses dispositivos permitem monitorar o ciclo de vida de edifícios e seus componentes com mais precisão.
Integrada a etiquetas para Identificação por Rádio Frequência (RFID), a IoT pode ajudar as construtoras a rastrear toda e qualquer movimentação de matéria-prima, evitando problemas que comprometam a produtividade.
Confira o potencial de utilização da IoT explica pelo presidente da Teleco, Eduardo Tude.
Tendências da construção civil para carreiras em 2019
Em sintonia com essas tendências que acabei de te mostrar, novas habilidades e conhecimentos serão demandados dos profissionais que atuam na indústria da construção.
Você deve ter notado que, felizmente, uma das tendências da construção civil é que o setor está cada vez mais aberto à informatização. Refiro-me principalmente à gestão de projetos online, às ferramentas BIM e às plataformas de colaboração baseadas em nuvem (cloud computing). Isso sem falar nas possibilidades referentes a realidade aumentada e realidade virtual, por exemplo.
Assim, os profissionais que atuam na construção civil serão cada vez mais exigidos a conhecer os softwares e apps para engenharia civil mais importantes. Mais além, serão valorizados aqueles que estejam dispostos a aprender, uma vez que as tecnologias mudam constantemente.
Além disso, cabe lembrar que a inovação é um vetor de crescimento para as empresas da construção civil. E não é exagero dizer que as empresas – construtoras ou fornecedoras – estão cada vez mais conscientes da necessidade de serem inovadoras.
Isso indica que:
Assim, as tendências da construção civil indicam que o segmento de habitação estará aquecido em 2019. Ou seja, puxando a retomada da construção civil. Logo, profissionais com experiência nessas áreas, incluindo eletricistas, mestres de obras, engenheiros e projetistas (estruturais, de instalações e de automação), deverão ser bastante procurados.
O importante é que, se as tendências da construção civil estiverem certas, profissionais e empresários do setor estejam preparados para a retomada. Para isso, é preciso se informar, se atualizar, explorar novas tecnologias e fazer networking.
Dentre os maiores e mais importantes eventos do setor de construção, o Construsummit 2018 recebeu mais de 500 pessoas para debater sobre inovação e tecnologia na indústria da construção
Um bom jeito de fazer isso é participando de eventos setoriais da construção. Para te incentivar, listamos abaixo uma série de feiras/congressos interessantes que acontecerão ao longo do ano.
Para saber sempre quais as tendências da construção civil, fique por dentro também dos eventos do Buildin. Em 2019 haverá novas edições do Construtalk, evento itinerante sobre inovações na indústria da construção, e do Construsummit 2019.
Faça seu cadastro, fique por dentro dessas novidades e garanta descontos de até 60% para participar dos eventos do Buildin!
Ao longo desse artigo, você viu que a retomada da construção civil pode finalmente acontecer em 2019. É verdade que essas tendências da construção civil para 2019 dependem de medidas governamentais que ainda não foram concretizadas, mas o clima é de otimismo.
Se esse conteúdo foi útil para você, não deixe de compartilhá-lo em suas redes sociais!
Além disso, se quiser saber ainda mais sobre tendências da construção civil brasileira não deixe de ler o artigo de Aldo Dórea Mattos sobre o tema.
E que tenhamos um 2019 com muita prosperidade, boas notícias e repleto de ideias inovadoras! Até breve!
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade