Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 06 de março de 2020

Revista Safra - BW Talks: tecnologia reduz impacto ambiental nas indústrias

BW Talks: tecnologia reduz impacto ambiental nas indústrias

O Brasil também pode ser protagonista na sustentabilidade ambiental voltada para o agronegócio. A nação é líder na produção de commodities e, além disso, os alimentos vindos do solo nacional alimentam aproximadamente 1 bilhão de pessoas no mundo

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O debate sobre o meio ambiente tem proporcionado reflexões acerca da finitude dos recursos naturais e sobre a responsabilidade de empresas, instituições, governos, países e pessoas no aquecimento global, no aumento da poluição das águas, do ar e da terra e no crescimento exponencial da geração de lixo.

“Por muito tempo, achávamos que os recursos eram inesgotáveis. Dentro da visão daquela época, fazíamos o melhor, sem nos darmos conta que utilizávamos recursos de forma geométrica, enquanto eles se recompunham em escala aritmética. Hoje, claramente, ultrapassamos o limite e precisamos tomar atitudes concretas em nossas empresas e em nossos negócios”, disse o executivo Afonso Mamede, presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), durante o BW TALKS, realizado nesta quarta, 4, em São Paulo.

Nesse sentido, o evento promovido pela BW Expo 2020 – 3º Biosphere World (outubro/SP) mostrou que é possível adotar práticas sustentáveis em diferentes setores da economia. “A tecnologia é a melhor ferramenta para estancar e reverter o processo atual de degradação ambiental do nosso planeta. E ela pode ser aplicada em diferentes níveis na indústria, mas também pelas famílias”, enfatizou Mamede.

Economia circular

Um dos exemplos trazidos pelo BW Talks é a economia circular, que contribui para um novo conceito na forma de produzir e de consumir, objetivando diminuir o impacto ambiental dos produtos fabricados. Como resultado, há a redução da extração de recursos naturais e maior reutilização e recuperação de materiais pós-consumo.

De acordo com a Fundação Ellen MacArthur e a Consultoria McKinsey, a adoção da economia circular poderia reduzir em 83% as emissões de gases de efeito estufa até 2050 e milhões de empregos poderiam ser gerados nesse período. Além disso, US$ 1 trilhão seriam economizados por ano só de extração de novos recursos naturais da terra.

“É uma oportunidade para o Brasil liderar essa transformação, uma vez que o País ainda não pratica esse conceito (recicla apenas 1,6%) e pode avançar rapidamente perante outras nações”, disse o CEO da Solidos, Ian McKee, também curador do Núcleo Economia Circular da BW 2020.

Agronegócio sustentável

O Brasil também pode ser protagonista na sustentabilidade ambiental voltada para o agronegócio. A nação é líder na produção de commodities como o suco de laranja, açúcar, café, celulose de fibra curta e vice-líder na produção de carne e complexo de soja. Além disso, os alimentos vindos do solo nacional alimentam aproximadamente 1 bilhão de pessoas.

Segundo o executivo Lucas Henrique Ribeiro, gerente de Sustentabilidade da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o momento é propício para a adoção de práticas sustentáveis no agro. “O consumo consciente vem crescendo, o que significa que o consumidor quer saber a origem dos produtos que o alimenta. Isso representa uma oportunidade para que o segmento evolua ainda mais.”

De fato, argumenta ele, o sucesso que “temos hoje foi fruto de ações importantes, contudo vivemos em um novo momento e a fórmula não poderá ser repetida. É um novo ciclo que se inicia com os três aspectos do desenvolvimento sustentável (econômico, social e ambiental) como ponto principal dessa evolução”. A Abag é a entidade curadora do Núcleo Agronegócio Sustentável da BW 2020.

Transformação Energética – Hidrogênio

Outro segmento que já percebeu a importância do meio ambiente é o sistema energético que vem buscando ampliar o fornecimento de energias renováveis para indústrias e habitações. No entanto, será necessário fazer mais para atender o objetivo do Acordo de Paris em manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C.

Ou seja, trabalhar para descarbonizar grande parte da matriz energética mundial e os setores que mais demandam energia, como transporte e indústria. Assim, será fundamental instalar e integrar uma quantidade significativa de fontes renováveis e o hidrogênio pode ser a resposta e o pilar dessa transformação.

“O hidrogênio pode ser armazenado de forma subterrânea ou em tanques ao ar livre por um longo tempo, atuando como um ‘buffer’ para aumentar a confiabilidade e segurança dos sistemas solar, eólico e hidrelétrico. Dessa forma, ele permite a captação da energia que não seria utilizada evitando o desperdício e permite a distribuição dessa energia armazenada para outras regiões, onde a produção renovável não seria possível”, exemplificou a especialista em tecnologias de hidrogênio e células a combustível Mônica Saraiva Panik, curadora do Núcleo Transformação Energética – Hidrogênio da BW 2020.

Waste-to-Energy

A produção de energia também pode vir do lixo, a partir de tecnologias de tratamento térmico de usinas waste-to-energy. “Infelizmente, no Brasil, ainda não há nenhuma planta WTE mass burning (por incineração) de grande porte em operação”, contou o executivo Yuri Schmitke Almeida Belchior Tisi, presidente executivo da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren).