Publicado em 10 de setembro de 2020 por Mecânica de Comunicação
O mundo da moda sempre trabalhou fortemente às questões de pertencimento e de identidade, refletindo a sociedade e a cultura de cada época. Sua essência disruptiva também contribuiu para a realização de sonhos em mulheres, homens e adolescentes e para questionamentos, principalmente, de jovens, que utilizam as roupas em protesto e como forma de expressão. Por outro lado, nos dias atuais, esse setor enfrenta dois desafios: o alto impacto ambiental da atividade e a precária condição de trabalho em alguns lugares do mundo.
“Eu ouvi a expressão de que a “moda é a filha predileta do capitalismo”. E, de fato, ela sempre incentivou o consumo exagerado”, afirmou Fernanda Simon, diretora executiva do Instituto Fashion Revolution Brasil, durante a BW LIVE: Moda e Sustentabilidade, transmitida no dia 9 de setembro, pelo perfil @bwexpo no Instagram. Ela avaliou que antigamente as confecções trabalhavam em quatro coleções e, atualmente, esse número pode chegar a 50, por isso que semanalmente lojas recebem algumas peças novas, principalmente, as de departamento.
Em sua opinião, para combater os dois desafios, é preciso olhar na cadeia como um todo. “Necessitamos de uma revolução e uma mudança sistêmica no mundo da moda. Não adianta olhar apenas um aspecto, como por exemplo, a matéria-prima ou o comportamento do consumo”, enfatizou Fernanda, que ressaltou que o consumidor tem uma “chave na mão” para essa mudança porque é ele quem faz o investimento em uma peça.
Para isso, ela ponderou que é possível incentivar o cidadão a questionar as marcas sobre a origem dos produtos, a forma como as peças foram feitas e que tipo de matéria-prima ou processo de tingimento foi utilizado. “Esse poder do consumidor pode abrir uma porta para essa transformação sistêmica, despertando as marcas para a necessidade de melhorias”.
Entretanto, o questionamento é apenas uma etapa nesse processo. Outra seria a mudança de comportamento no consumo de forma geral. Isso porque, segundo Fernanda, não basta apenas adquirir produtos de marcas ecologicamente sustentáveis, mas também como usar essa roupa. “O cidadão pode, por exemplo, refazer, trocar, comprar de segunda mão, customizar, ir além da simples aquisição do produto”, complementou.
No caso da indústria, a diretora executiva do Instituto Fashion Revolution Brasil comentou sobre a importância de uma alteração em todo o ciclo de produção, desde a adoção de matérias-primas mais limpas, de processos de beneficiamento atóxicos, do desperdício em todas as etapas - no corte, por exemplo, pode chegar até 30% -, no uso de tecidos biodegradáveis, entre outros. “Essa nova geração está muito mais crítica e informada. Por isso, as marcas têm buscando mudanças, que precisam também ser reconhecidas. Mas, ainda temos muito a fazer”, finalizou.
BW 2020
O movimento BW 2020 irá promover entre os dias 17 e 19 de novembro, um grande evento totalmente digital, que proporcionará uma experiência ímpar para todos os seus participantes.
Uma das propostas da BW 2020 é trazer os assuntos prioritários da sustentabilidade do meio ambiente para o mercado. Dessa forma, para abordar com profundidade esses temas, o movimento conta com os Núcleos Temáticos, que irão conectar redes específicas, compartilhar conhecimento e ampliar as conexões das empresas e profissionais, gerando sinergias e oportunidades de negócio para todos. São eles: Agronegócio Sustentável, Conservação de Recursos Hídricos, Construção Sustentável, Economia Circular, Reciclagem de Resíduos na Construção, Transformação Energética – Hidrogênio, Valorização de Áreas Degradadas e Waste-to-Energy.
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