Publicado em 15 de outubro de 2020 por Mecânica de Comunicação
No dia 7 de outubro, a M&T Expo promoveu o primeiro webinar com o tema As perspectivas do governo para infraestrutura na retomada da economia. O evento virtual, realizado pela Messe München Brasil com o apoio da Sobratema, contou com a participação de especialistas que ressaltaram que o Brasil investe pouco em infraestrutura, levando à depreciação dos ativos e à queda do estoque.
Por outro lado, o país já é um dos que mais investem em infraestrutura via capital privado, que chega quase a 60% do total atualmente. “Não existe oposição entre investimento privado e investimento público, que têm uma dinâmica simbiótica, pois um alimenta o outro”, afirmou Igor Rocha, diretor de planejamento e economia da ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base). “O privado do ponto de vista de arrecadação e o público de puxar aportes privados, promovendo um movimento de ‘crowding out’, de junção de forças na economia.”
Nesse sentido, o especialista da ABDIB destacou que a principal preocupação no momento diz respeito justamente aos investimentos públicos. “Mas diversos projetos de lei estão sendo encaminhados, trazendo maior dinamização ao setor de infraestrutura e abrindo oportunidades aos investidores”, acentuou.
No que se refere aos efeitos desses investimentos no mercado, as opiniões dos especialistas foram convergentes. “A expectativa de investimento está muito baseada em investimentos privados”, destacou Newton Cavalieri, membro do conselho de administração da BMC Hyundai. “Além de cuidar da questão fiscal e orçamentária, o governo precisa manter um mínimo de investimento em obra pública, pois isso move a cadeia produtiva da construção, que é longa.”
Para ele, o país não pode parar de injetar dinheiro em obras que vão dar retorno e contribuir para a formação bruta de capital fixo, permitindo retomar um nível de crescimento que possa girar o estoque de infraestrutura. “Hoje, o país está deficiente em infraestrutura”, disse. “O caso do saneamento, por exemplo, é um vexame para o Brasil. E esse vexame tem nome, que é desigualdade social.”
Sobre os impactos da retomada das obras no mercado de máquinas, o vice-presidente da Sobratema e diretor da Analoc (Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Máquinas, Equipamentos e Ferramentas), Eurimilson Daniel, destacou que obras de perfil de longo prazo seguem firmes. “O investimento de quem compra equipamento não é de curto prazo, mas de 36 a 60 meses”, comentou. “Quando se investe, é preciso olhar para o futuro.”
Nesse sentido, o locador cita as concessões que estão ocorrendo, além dos marcos legais que vêm sendo estabelecidos em diferentes áreas. “Estamos com uma maior atratividade para receber investimentos”, ressaltou, destacando que isso também demanda investimentos em máquinas. “A locação cresceu 30% em 2019, totalmente descolada do PIB. E, neste ano, vamos crescer acima disso.”
Outro ponto destacado no evento foi oferta atual de máquinas, profundamente abalada pela pandemia. “Hoje, tem capital e obra, mas a indústria não está conseguindo suprir o mercado com equipamentos e peças, o que pode limitar o nosso crescimento”, disse Daniel, realçando que as frotas estão totalmente mobilizadas com o aquecimento do setor. “Isso sem falar do aumento de preços dos produtos, provocado pela oscilação cambial, o que prejudica o planejamento.”
Na mineração, a expectativa acompanha a evolução das commodities, que dispararam no início do ano, ao mesmo tempo em que houve uma inversão entre a globalização e a localização, tudo por conta da pandemia. “Isso ocorreu não só por custo, mas também por disponibilidade”, afirmou Marcelo Motti, vice-presidente de vendas e serviços da Metso Outotec para o mercado brasileiro. “Quem tinha uma nacionalização de produtos um pouco maior passou por esse exercício.”
Com a forte virada no custo de capital no Brasil, ocasionada pela queda das taxas de juros, o movimento agora tem sido de crescimento. Em agregados, exemplificou Motti, várias empresas chegaram a crescer até 15%, com o volume de produção voltando ao nível de 2014, quando houve um grande boom no setor da mineração. “Existe uma recuperação, e por isso é que falta máquina no mercado”, reforçou.
Nesse quadro, as grandes mineradoras estão ‘surfando’ uma onda positiva no momento, impulsionadas também pela queda de quase 40% do câmbio e, simultaneamente, por um aumento de quase 40% no preço do minério de ferro, além cotações altas em ouro, cobre e níquel.
“Esses dois vetores são positivos do ponto de vista de geração de caixa e resultado operacional”, sublinhou Motti, apontando ainda uma demanda crescente por finos (areia). “E não vemos sinais de que o preço das commodities vai aterrissar, o que significa que mais investimentos devem vir no segmento.”
Fonte: Revista M&T
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