Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

Publicado em 24 de novembro de 2020

TEM Sustentável - Projetos de acústica e luminotecnia são importantes para a sustentabilidade das edificações

A área da construção tem buscando reduzir o impacto ambiental de suas atividades por meio do atendimento de critérios estabelecidos em diversas certificações, como o LEED, GBC Condomínio, Aqua-HQE, Well, EDGE, Fitwel, entre outros, e também as recomendações previstas na Norma de Desempenho. Nesse sentido, tanto o projeto de acústica quanto o de luminotécnica são importantes para cumprir os requisitos, mas também para levar bem-estar e conforto aos usuários desses empreendimentos. O tema foi tratado no workshop Abordagens sustentáveis nos projetos de Acústica e Luminotecnia no Brasil e na Europa, durante a BW Expo, Summit e Digital 2020, que terminou na última quinta (19). Para rever as apresentações, basta clicar aqui.

 

Para Paula Longato, líder da equipe de iluminação em Berlim e na Europa da BuroHappold Engineering, a sustentabilidade na área luminotécnica significa combinar e integrar a luz natural com o planejamento inteligente da luz elétrica, baseado em procedimentos simples e claros. Isso significa introduzir a luz do dia no interior dos espaços, aproveitando todos os benefícios desse recurso natural, aplicando a eletricidade quando necessário.

 

“O projeto deve criar uma infraestrutura flexível de luminotécnica, sendo adaptável para que possa ser usado em um mesmo ambiente, para diferentes usos, sem a necessidade de reformar todo o espaço. O objetivo é criar soluções que permita reutilizar os equipamentos de iluminação em boas condições e não os usar apenas uma única vez. Além de sustentável, é uma forma excelente de poupar recursos”, disse.

 

Paula comentou sobre a evolução da indústria de iluminação nas últimas décadas, que desenvolveu produtos mais sustentáveis, ampliando seu ciclo de vida. Por isso, em sua apresentação, ela reforçou a necessidade de reparar e reutilizar esses equipamentos ou dar uma destinação adequada para quando chegar ao final do seu ciclo de vida. Outra possibilidade seria transformar o produto em serviço, por meio do aluguel desses produtos. “Essa modalidade reduz o investimento dos usuários e fornece manutenção enquanto o contrato estiver em vigor”.

 

 

Já na área de acústica, Andrea Destefani, Sócia e Líder de Acústica da Ca2 Consultores Ambientais Associados, ponderou que a maioria dos edifícios não está preparado para fornecer a experiência auditiva que o usuário gostaria de ter. O motivo é que as três principais fontes sonoras – externas, empreendimento e interna – precisam ser avaliadas em conjunto para fornecer o desempenho acústico correto, observando os pontos críticos depois da ocupação dos empreendimentos.

 

Segundo Andrea, a abordagem deve ser multidisciplinar, porque ele possui, por exemplo, interface com os facilities, a fachada, a luminotécnica e o conforto térmico. Um exemplo é quando há uma academia nos andares superiores do edifício, que pode gerar impacto vibracional ou de ruído em pavimentos inferiores. Já na questão da luz natural, a escolha do vidro precisa também ser pensada do ponto de vista acústico, assim como se a abertura das janelas emitirá muitos ruídos externos.

 

Outro ponto tratado por Andrea foi quanto as certificações, que exigem um desempenho acústico adequado para a edificações. “O arquiteto responsável pelo projeto da acústica precisa estar bastante envolvido com várias disciplinas para dar suporte e argumentações quando for necessário, além de verificar se tudo o que é requisitado na certificação está sendo atendido. O ideal é que o projeto seja integrado para obter um melhor resultado”, finalizou.

 

Valorização de áreas degradadas

Ainda no setor da construção, o webinar Plano de desativação de áreas industriais e a remediação ambiental trouxe informações técnicas a respeito desses dois temas. A gestora de Projetos e Pessoas da EBP Brasil, Ariani Faria,  explicou o funcionamento do plano de desativação, desde o início do processo de encerramento da operação industrial até uma possível construção futura naquele local. 

 

O plano precisa conter, por exemplo, a caracterização e o dimensionamento da situação ambiental do site, por meio do histórico, de uma avaliação preliminar, e de uma investigação confirmatória, em caso de necessidade de seguir para as demais etapas do gerenciamento de áreas contaminadas. Outra informação importante refere-se à remoção e destino dos materiais existentes no local. “Quando temos uma demolição ou reforma, aconselha-se a fazer um plano de descomissionamento. Já uma área classificada como contaminada ou com risco confirmado para contaminação, é preciso também ter o plano de intervenção, onde deve ter uma ação de remediação, cronograma ao final de reabilitação e obtenção do termo de reabilitação para o uso declarado”, afirmou Ariani.

 

Já Talita Noccetti, gestora de Projetos e Pessoas da EBP Brasil, explanou sobre a remediação sustentável, cujos primeiros passos são: prospecção do ativo para entender a área e sua vocação imobiliária; definição do uso futuro e projeto; identificação do passivo ambiental e plano de intervenção e projeto de remediação sustentável. “É importante que haja sinergia entre a remediação e implantação do empreendimento futuro, a fim de haver um desenvolvimento com foco nos pilares da sustentabilidade”, ressaltou.

 

A remediação sustentável utiliza as melhorias técnicas disponíveis, tecnologias, que garantam o melhor custo-benefício, remoção de material, preservando os recursos naturais. A atividade proporciona a redução do consumo de água e da geração de resíduos e o melhor aproveitamento do solo urbano. Na avaliação de Talita, a remediação sustentável contribui não apenas para o meio ambiente, mas também para a evolução econômica e o desenvolvimento social, ao revitalizar bairros, áreas degradadas ou desocupadas, aumentando a atratividade imobiliária e valorização dos ativos, melhorando as condições de infraestrutura local e da comunidade local, por meio da geração de emprego e renda.

 

Resíduos Sólidos

A BW Expo, Summit e Digital 2020 destacou nesta quinta (19) o Pacto Setorial de Integridade, uma iniciativa de empresas e entidades de classe do setor de limpeza urbana, resíduos sólidos e efluentes, junto às Organizações das Nações Unidas, por meio do Pacto Global de Integridade, para a criação de referências de condutas e sanções, protagonizando mudanças para a elevação de padrões, por meio de autorregulação e promoção de comportamentos éticos.

 

O objetivo da iniciativa é mobilizar o setor para a consolidação de um ambiente ético e saudável com integridade e livre de corrupção, criando estímulos à defesa da concorrência leal, para gerar novas oportunidades em bases sustentáveis.

 

“Nos últimos anos, é notório que o Brasil evoluiu e amadureceu na criação de uma cultura e consciência de integridade e transparência no setor público e privado, implementando e atualizando leis, regulamentos e incentivos. O governo, as empresas e a sociedade civil sinalizam que a preservação da reputação é um valor fundamental para negócios mais éticos e sustentáveis”, disse Diógenes Del Bel, assessor da diretoria da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre).

 

O Pacto já constituiu alguns materiais importantes, como a cartilha de integridade, apresentando 15 cenários que podem ferir a integridade. O documento de referência traz medidas de prevenção, orientações e como enfrentar essas situações. Outro ponto que está sendo trabalho, segundo Del Bel, é a consolidação da transição do Pacto para o Instituto Brasileiro de Autorregulação, Ética e Integridade no Setor de Infraestrutura (Ibric), que promove o fortalecimento do setor, através de atividades e finalidade de relevância pública e social. As próximas etapas englobam o desenvolvimento de cooperações com o setor público e outros setores privados e a ampliação do quadro de empresas e grupos aderentes ao pacto.

 

Totalmente virtual, com transmissão pelo site oficial, a BW contou com mais de 100 horas de conteúdo, atividades interativas, ações de relacionamento e de negócios e exposição de produtos, serviços e tecnologias. A programação teve palestras, webinars e debates relacionados ao nove Núcleos Temáticos: Agronegócio Sustentável, Conservação de Recursos Hídricos, Construção Sustentável, Economia Circular, Reciclagem de Resíduos na Construção, Resíduos Sólidos, Transformação Energética – Hidrogênio, Valorização de Áreas Degradadas e Waste-to-Energy.