Publicado em 08 de abril de 2021 por Mecânica de Comunicação
A reunião de abril do Conselho Superior da Indústria da Construção da Fiesp (Consic) da FIESP contou com a participação de Gustavo Ene, da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, órgão ligado ao Ministério da Economia, que afirmou que o principal problema da desindustrialização é o Custo Brasil. A Sobratema é representada neste Conselho por seu presidente, o engenheiro Afonso Mamede.
“Qual o maior custo do Brasil? A maioria de nós responderia: o tributário. Na verdade, este é o segundo maior. O primeiro é empregar capital humano, e o terceiro, que é o nosso assunto de hoje, é a disposição de infraestrutura”, afirmou o representante da pasta, explicando em seguida que a missão da secretaria é coordenar, em nível federal, o planejamento de longo prazo e definir metas de investimentos em infraestrutura. “Precisamos maximizar a produtividade e a competitividade, a fim de fomentar o desenvolvimento econômico e gerar empregos qualificados”.
Ene disse que a sociedade não pode fazer as mesmas coisas e esperar resultados diferentes, e que nos últimos 40 anos o Brasil não fez o dever de casa em relação ao estoque de infraestrutura como porcentagem do PIB. “Se não atacarmos os problemas de infraestrutura, dificilmente conseguiremos construir uma nação próspera para todos”.
Participação do setor privado
Segundo o secretário, a necessidade de investimento anual gira entre R$ 100 a R$ 300 bilhões por ano, recursos que poderiam vir do setor privado. “Não existe outro caminho, a não ser o choque de investimento privado. Os recursos públicos são escassos e limitados, e agora essa questão se agravou pela pandemia. Mas para que isso ocorra [investimento privado] é necessário liberalizar, onde for possível, a participação do Estado”.
No que depende exclusivamente do governo, Ene afirmou ser necessário melhorar os projetos, melhorar a atratividade e reduzir riscos. “O plano integrado de longo prazo da infraestrutura prevê para os próximos 30 anos a indicação dos investimentos necessários, agregados por setor. Não apenas isso, mas também é essencial analisar a relação custo-benefício de cada projeto”.
Algumas questões devem nortear a avaliação de projetos, além da dimensão socioeconômica. “Precisamos saber a real necessidade do investimento, saber a melhor solução comercial, quais tecnologias devem ser empregadas, se existem recursos ou não, bem como a capacidade de pagamento dos usuários, mão de obra, alinhamento com parceiros, entre outros fatores”, exemplificou.
Preparar bem um projeto evita problemas durante a execução e, de acordo com o secretário, ter mais de 14 mil obras paralisadas, como “creches, unidades de saúde concluídas e fora de operação por falta de recursos de custeio, projetos que avançam sem maturidade, alterações de projeto durante a execução ou que simplesmente não são a melhor alternativa para solucionar o problema”, pontuou.
E se o Brasil quiser atrair investimento externo, não pode esquecer três pontos cruciais. “O dinheiro não virá de fora se não houver clareza em relação ao retorno financeiro estimado, dos riscos envolvidos e da existência de segurança jurídica”, finalizou.
Com informações de Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp
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