Publicado em 22 de abril de 2021
Desativações de barragens estão entre as obras que se beneficiam de operações remotas de equipamentos
22 de abril de 2021
Máquinas em áreas de risco podem ser operadas à distância, desde que disponham de tecnologia e mão de obra qualificada
Crédito: Construtora Barbosa Mello
Na construção civil, máquinas já substituem homens em uma quantidade razoável de tarefas. À transformação impulsionada pela robótica convencionou-se chamar de Engenharia 4.0. Agora, esse processo dá um passo adiante. Com a aplicação da IIot (do inglês, Industrial Internet of Things [Internet Industrial das Coisas]) os equipamentos podem ser operados remotamente de longas distâncias. Quem mais tem se beneficiado destas novas tecnologias é a construção pesada, principalmente quando o projeto de execução requer serviços de engenharia em áreas com elevado risco para a vida dos trabalhadores.
Obras em barragens são as que mais têm utilizado esse processo disruptivo aqui no Brasil. É o que foi revelado no recente workshop virtual promovido pela Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração) intitulado “Engenharia 4.0: operação remota de equipamentos”. Engenheiros que participaram do debate mostraram cases bem-sucedidos da aplicação dessas tecnologias na descaracterização de barragens. Isto ocorre quando o reservatório de resíduos atinge seu ciclo de vida útil e precisa ser descontinuado. A intervenção geralmente requer reforço da estrutura para estabilizá-la e reincorporá-la ao relevo e ao meio ambiente.
Por se tratar de uma operação de risco para os humanos, a construção pesada tem usado escaneamento de alta precisão, máquinas automatizadas e profissionais com várias horas de treinamento para intervir nas barragens a serem desativadas. “São processos que possuem uma complexidade maior, e é necessário trabalhar essa mudança também na equipe que irá atuar na obra, como operadores, encarregados, profissionais de apoio e a alta liderança”, diz o engenheiro mecânico Carlos Magno Schwenck, da Construtora Barbosa Mello.
Tecnologia 5G tende a aproximar ainda mais as novas tecnologias ao canteiro de obras
A adoção da Engenharia 4.0 acoplada à IIot aumenta a segurança na obra, reduz custos e oferece ganho de produtividade, asseguram os debatedores. Os participantes do workshop também avaliam que esta é a via do futuro na construção civil. “Independentemente da área de atuação e da questão do investimento, essa é uma tendência que vai se tornar cada vez mais próxima de nossas obras. É um fato irreversível, ainda mais com a proximidade da aplicação da tecnologia 5G. Esses equipamentos se tornarão comuns para todos”, avalia Hugo Pereira Soares, diretor da Construtora Vale Verde.
Um fato curioso revelado pelos participantes do workshop é que a possibilidade de utilizar máquinas operadas à distância tem aberto o mercado de trabalho para profissionais com deficiência motora nas pernas dentro da construção civil. “Isso gera inclusão social, com a possibilidade de contratar pessoas com deficiência (PcD) para esse tipo de trabalho, uma vez que a operação ocorre de forma remota. Diversos operadores, que possuem, por exemplo, lesões na coluna podem ser reintegrados para atuar em operações não–tripuladas”, finaliza o engenheiro eletrônico Tiago Barros, gerente-técnico da SITECH Brasil.
Entrevistado
Reportagem com base no conteúdo apresentado no “Engenharia 4.0: operação remota de equipamentos”, promovido pela Sobratema
Jornalista responsável:
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