Publicado em 16 de julho de 2021 por Mecânica de Comunicação
Os desafios apresentados na área de recursos hídricos podem ser superados se houver uma maior conscientização do governo, da iniciativa privada e das pessoas. Para a bióloga Ana Luiza Fávaro, CEO da Acqua Expert e curadora do Núcleo Conservação de Recursos Hídricos da BW Digital, o problema é grave e urgente, mas, ao mesmo tempo, subestimado.
“A água que nós bebemos é a mesma que os dinossauros bebiam. Porém, a falta de água tratada pode levar em casos extremos à morte. Hoje, nossos rios se tornaram verdadeiros esgotos e para realizar o tratamento dessa água poluída é preciso utilizar tecnologias bem mais avançadas”, ponderou Ana Luiza, durante o BW Talks Água: Do saneamento à energia, promovido pelo Movimento BW, iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), no dia 15 de julho.
De acordo com o engenheiro químico José Eduardo Wanderley de Albuquerque Cavalcanti, fundador da Ecopam Engenheiros Consultores, o Brasil utiliza o mesmo procedimento para tratamento da água de 150 anos atrás, o que impossibilita tratar rios altamente poluídos para se obter um recurso potável. Contudo, existem tecnologias no mercado global para transformar a água com o maior número de poluentes em ultrapura. “Entretanto, o problema está no custo”, ressaltou. Por isso, a saída encontrada pela esfera pública em São Paulo, por exemplo, é buscar mananciais em locais distantes. “O valor gasto é bem menor”, pontuou.
Sobre iniciativas para conservar os recursos hídricos, Ana Luiza citou o caso da Natura, que utiliza a tecnologia MBR – união do sistema de convencional de lodos ativados com uma membrana que impede a passagem de vírus e bactérias - para tratamento de seus efluentes. O resultado obtido é um efluente com qualidade, que pode ser reutilizado na própria indústria.
O setor sucroalcooleiro paulista é outro caso de sucesso na redução do consumo de água. “Há uns 20 anos, as usinas utilizam 25 metros cúbicos de água por tonelada de cana. Atualmente, é aplicado menos de 1 metro cúbico por tonelada de cana. Essa economia veio do próprio processo produtivo. A colheita mecanizada possibilitou que o produto tivesse menos terra, eliminando, dessa forma, a etapa da lavagem”, explicou Cavalcanti, que acrescentou que a cana possui 60% de água, que é reusada pela indústria para produção de vapor que se transforma em energia. A seu ver, por questões de competitividade, as empresas estão mudando processos produtivos arcaicos, a fim de utilizar menos insumos e água.
O BW Talks Água: Do saneamento à energia está disponível no site oficial do Movimento BW.
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