Publicado em 05 de agosto de 2022 por Mecânica de Comunicação
Globalmente, a construção e a operação de edifícios correspondem por 47% das emissões de gases de efeito estufa e pela metade das pegadas de materiais. Esses dados ressaltam a importância de o setor encontrar estratégias para diminuir o impacto ambiental.
De acordo com a engenheira Fernanda Belizario, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), na Unidade de Negócios de Habitação e Edificações, a medição do desempenho ambiental da construção pode contribuir para que as decisões sejam mais sustentáveis. "Algumas recomendações não necessariamente diminuirão o impacto ambiental, mas dados qualificados e confiáveis podem embasar as decisões de forma mais assertiva", explicou a pesquisadora durante o BW Talks A Importância de “Medir" o Desempenho Ambiental da Construção, promovido no dia 4 de agosto.
Em sua opinião, o método mais adequado é a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), que analisa os impactos ambientais em diversas fases do processo construtivo, desde a extração das matérias-primas para a produção dos materiais, passando pela construção e uso da operação até a demolição. "É um inventário de entradas e saídas, cujos números serão convertidos em indicadores de impacto ambiental", pontuou.
Nesse sentido, o Brasil possui um sistema gratuito e online, o Sistema de Informação do Desempenho Ambiental da Construção (SIDAC), uma iniciativa do Ministério de Minas e Energia, que permite calcular indicadores de desempenho ambiental de produtos de construção com base em dados brasileiros e nos conceitos da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Fernanda, que participou do desenvolvimento do SIDAC, afirmou que a ferramenta é voltada para o mercado e que a ideia é que os fabricantes dos principais produtos da construção insiram suas informações na plataforma. Atualmente, cada produto possui uma faixa de valores por indicador - demanda de energia primária e emissão de CO2 -, uma vez que os dados são genéricos.
Durante o evento online do Movimento BW, iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), a pesquisadora do IPT avaliou as políticas públicas precisam apontar os caminhos da sustentabilidade, como é o caso do SIDAC, enquanto o mercado financeiro já vem ofertando taxas de financiamento melhores para projetos com menor pegada ambiental. No caso da sociedade, é fundamental conhecer os indicadores ambientais para diferenciar o que é efetivo daquilo que é greenwashing. "No final das contas, é a integração entre eles", disse.
Para Fernanda, os projetistas de estrutura, de arquitetura e de fundações também conseguem fazer a diferença na otimização do projeto, assim como as incorporadoras têm papel preponderante na decisão sobre construções ambientalmente amigáveis. "Entre os cinco indicadores de desempenho - água, resíduos, energia, materiais e CO2 -, somente o último ainda não é item de custo. Com isso, podemos desmistificar a questão de que um edifício sustentável é mais caro", destacou.
No caso da certificação, ela falou que alguns desses sistemas já trazem pontos para os edifícios que têm indicadores calculados, além de outros itens que podem gerar subsídios para o cálculo de indicadores. Mas, somente a certificação alemã é baseada na Avaliação do Ciclo de Vida. Sobre autoconstrução, ela disse que o primeiro passo para reduzir a pegada ambiental é combater o desperdício.
O BW Talks A Importância de “Medir" o Desempenho Ambiental da Construção está disponível no site oficial do Movimento BW.
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