Publicado em 23 de setembro de 2022 por Mecânica de Comunicação
A dinâmica de ocupação para o desenvolvimento urbano, associada à falta de moradia, aos problemas econômicos e ao alto custo do terreno em áreas mais nobres, leva a população de baixo poder aquisitivo para a periferia, onde o terreno é mais acidentado e inclinado. Somado a esse fato, parte das moradias não teve um acompanhamento de engenheiros ou arquitetos, sendo construída pelos próprios moradores, que não possuem a mesma percepção de risco relacionado ao terreno. Com isso, a moradia pode não ter uma fundação e/ou estrutura bem feitas, que poderiam amortizar deslizamentos ou outros riscos urbanos.
“Por isso, é importante pensar em políticas públicas inovadoras com foco na população mais carente e em uma política habitacional para beneficiar as pessoas, por meio de construções resilientes quando há um evento de escorregamento ou inundação”, pontuou Alessandra Cristina Corsi, pesquisadora na Seção de Investigações, Riscos e Gerenciamento Ambiental da Unidade de Cidades, Infraestrutura e Meio Ambiente, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), durante o BW Talks Gestão de Riscos Urbanos e Inovação, promovido no dia 22 de setembro.
Para a pesquisadora que desenvolve mapas de riscos urbanos, há alternativas de intervenção do local de risco para tornar ele seguro, como as obras de urbanização para transformar o local. A seu ver, remover as pessoas nem sempre é a melhor situação, pois há um custo social. “Esses locais têm uma infraestrutura consolidada e os moradores têm um círculo de convivência e amizade. O ideal é que a ocupação seja segura”.
A ocupação em áreas impróprias cresceu devido ao empobrecimento da população, na avaliação de Alessandra, e para minimizar os riscos de perder vidas é importante realizar um trabalho educativo para que essas pessoas, que convivem com o risco diariamente, possam saber como tornar o local mais seguro. Nesse sentido, a ocupação de mananciais traz sérios riscos, porque promove o desmatamento e cria problemas, como contaminação do manancial e das nascentes, erosão, assoreamento do corpo hídrico, redução do volume de água e pode, em última instância, inviabilizar reservatórios e o próprio manancial.
Durante o evento online do Movimento BW, iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), a pesquisadora do IPT comentou sobre as mudanças climáticas, com eventos extremos mais frequentes a cada ano. “Apesar de afetar o risco, ainda estamos construindo elementos para reformular a forma de mapear os riscos nas cidades”, disse. Após a ocorrência de um evento extremo, é importante reconstruir o local de uma forma mais segura, utilizando tecnologias, estratégias e soluções que possam atenuar os efeitos dos eventos extremos.
No caso da chuva na cidade, a questão é complexa, porque os cursos d’água estão ocupados, prejudicando a vazão natural do rio. “Os piscinões são necessários. Mas, onde ainda tem cursos d’água a céu aberto, é possível pensar em adotar soluções verdes, em um processo de renaturalização”, ponderou Alessandra, que acrescentou que os alagamentos são um problema de microdrenagem e, hoje, existem soluções inteligentes, como o monitoramento dos bueiros, por meio de sensores, que informam antecipadamente a necessidade de manutenção. Para a pesquisadora do IPT, apoiado em novas tecnologias, é possível atenuar os riscos e construir cidades inteligentes e inclusivas no futuro.
O BW Talks Gestão de Riscos Urbanos está disponível no site oficial do Movimento BW.
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