Publicado em 15 de setembro de 2022
Por Rodrigo Conceição Santos – 15.09.2022 – Entenda como as pás carregadeiras caíram nas graças dos produtores e empreiteiros mato grossenses
Criando 1,5 mil cabeças de gado e planejando dobrar a produção até o ano que vem, o pecuarista Rafael Gaeta Bender cansou de locar máquinas e mão de obra para carregamentos pesados e ajustes de infraestrutura na sua fazenda, no Mato Grosso, e comprou a primeira máquina própria, uma pá carregadeira. Sim, você leu pá-car-re-ga-dei-ra.
Diferente do que acontecia há poucos anos, quando a primeira máquina de uma frota era a retroescavadeira ou a minicarregadeira, o exemplo de Bender ilustra um movimento de mercado a favor das pás carregadeiras, que vêm tomando espaço de outras classes de máquinas da linha amarela de construção. “A pá carregadeira, com um bom operador, é a mais versátil de todas”, define o pecuarista.
Os números validam a percepção dele: em 2021, foram comercializados mais de 31 mil equipamentos da linha amarela, representando um bom ano para o setor. Desse total, 7,5 mil foram pás carregadeiras, classe de máquinas que ficou atrás apenas das escavadeiras hidráulicas (9,5 mil) e ultrapassou as – até pouco tempo campeãs de vendas – retroescavadeiras (7,1 mil).
As informações são do estudo de mercado da Sobratema e devem ser maiores neste ano, quando o setor espera bater o seu recorde histórico com a comercialização de mais de 35 mil máquinas da linha amarela de construção.
De olho neste mercado, com clientes como Rafael e, obviamente, levando em conta os estudos de mercado disponíveis, a fabricante John Deere lançou, no ano passado, um modelo de pá-carregadeira (444G), com 10 toneladas de peso bruto operacional. Ela é mais leve e compacta que a sua imediata, a 524-k II, que pesa 13 toneladas.
A 444G foi lançada para atender a demanda crescente do chamado mercado loader classe A, no qual disputam as pás carregadeiras da faixa de 9 a 11 toneladas. E a iniciativa está funcionando, como pôde conferir esta reportagem.
No Mato Grosso, a John Deere é representada e distribuída pela Rota Oeste Máquinas, empresa que vem avançando na análise de dados de mercado e operação de equipamentos a ponto de já poder validar a representatividade que a 444G pode ter em seus negócios. “Na região do Centro Oeste, estimamos que metade de todas as vendas de pás carregadeiras [incluindo todos os fabricantes] sejam dessa classe de máquinas”, revela Alexandre Tibúrcio, diretor de operações da Rota Oeste.
Foram 1.596 máquinas da classe loader série A vendidas no Centro Oeste no ano passado, de acordo com a área de inteligência de mercado da empresa. Desse montante, a maioria (cerca de 70%) foi para o agronegócio, para atender necessidades semelhantes às do pecuarista Rafael Bender.
A Rota Oeste não pode revelar a quantidade de pás carregadeiras que vendeu, porém, pontua que elas são o carro-chefe entre as cerca de 800 máquinas da linha amarela comercializadas pela empresa no ano passado. “Até pela vocação da região em que atuamos (MT), o agronegócio é o maior demandante. Porém, o setor de construção, onde estão as construtoras e locadoras de equipamentos, também é relevante. Inclusive, ele consome máquinas para atender obras de escoamento do agronegócio”, pontua Tibúrcio.
Tagore Amaral, diretor da Minas-Pará, tem uma frota de cerca de 30 equipamentos de construção e comprou recentemente uma 444-G para ampliá-la. “Adquirimos para operar em conjunto com uma usina de asfalto da Wirtgen com capacidade de 150 toneladas/hora”, diz. “Pela diferença de assistência técnica na região, em comparação aos seus concorrentes, não tivemos dúvidas quanto à marca a ser escolhida. Inclusive, ressalto que renovamos a nossa frota para que 100% dela fosse da marca John Deere”, defende ele.
A produção de asfalto da empresa atende prioritariamente obras governamentais, que chegam a representar 80% da demanda, segundo Amaral. “Geralmente, são obras de recapeamento ou operação tapa-buraco nas vias de escoamento da produção agrícola”, reforça.
Segundo ele, a 444G carrega até 3 toneladas por caçambada em sua altura máxima de despejo e isso tem sido o suficiente para atender a alimentação de 30 mil toneladas de agregados por mês para a produção da usina de asfalto.
Segundo os especialistas da John Deere, ao pesar menos, ter motor menor – porém quase páreo ao da sua série superior (apenas 20 hp de diferença de potência) – esse tipo de máquina consome menos combustível e, portanto, entrega uma operação mais econômica.
Ainda em comparação à 524-K II, o modelo de 10 toneladas tem braço mais curto e alcança até 3,58 metros de altura de despejo. Já a 524-K II chega a quase 4 metros. Em ambas, contudo, é possível optar por braço estendido (Hi-Lift) e incrementar a altura em cerca de 40 centímetros.
A Rota Oeste Máquinas cresceu 40% de 2020 para 2021 e prevê crescimento semelhante neste ano. Não por menos, ela está animada e promoveu o encontro da reportagem com os personagens aqui citados. A empresa prevê faturar cerca de R$ 3,1 bilhões em 2022 – lembrando que isso corresponde à distribuição da John Deere e da Wirtgen, mas também da Scania – e está aproveitando o momento positivo para ampliar a estrutura, que já conta com 21 filiais espalhadas pelo Centro Oeste.
Na sede, em Cuiabá, o terreno vizinho, com 50 mil metros quadrados, foi comprado e deve ser usado para suportar a expansão do pátio de caminhões e equipamentos, ampliação de estoque e construção de dez boxes de oficina.
Em outra frente, a distribuidora criou uma área de inovação, na qual há 34 projetos em andamento, incluindo ciência de dados para obter insights cada vez mais elevados dos equipamentos da John Deere conectados pelo JDLink e para contribuir com o avanço da era dos equipamentos 4.0.
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