Publicado em 03 de dezembro de 2022
O mercado de máquinas está otimista para 2023. Para 64% dos entrevistados do inédito Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção o setor deve crescer no próximo ano. As expectativas para a economia brasileira, para as empresas e para a construção são também positivas para 87%, 83% e 74% dos entrevistados, respectivamente.
O Estudo de Mercado estima que as vendas em 2023 tenham uma elevação da ordem de 4% tanto para o segmento de máquinas da linha amarela como todo o setor de equipamentos para construção. Entretanto, Mario Miranda, coordenador do Estudo de Meracdo e consultor da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), explicou no Tendências no Mercado da Construção, que a indústria está preparada para um crescimento maior. “Nossa estimativa é crível, mas pode ter um viés de alta. Se a demanda for muito maior, é importante lembrar que a reação dos fabricantes demora entre 120 a 140 dias”.
Miranda avaliou ainda que o cenário do próximo ano pode ser desafiador, devido a conjuntura econômica incerta, a desaceleração da economia mundial (PIB Global estimado de 2,7%), a alta dos juros e um espaço menor de investimentos para infraestrutura no orçamento público.
“O menor o crescimento mundial afeta o crescimento do Brasil, sendo um ano de ajuste e combate à inflação. Mas a boa notícia é que entre 2024 e 2027, a previsão é que o PIB volte a ter uma média de crescimento de 3,2%”, reiterou o economista Luís Artur Nogueira, durante o evento virtual da Sobratema, realizado no dia 1º de dezembro. Em relação ao Brasil, a expectativa é de uma elevação de 1% do PIB em 2023, menor do que a expectativa de 2022, na ordem de 2,8%, com crecimento médio de 2024 a 2027 de cerca de 2%. Para Nogueira, o país cresce menos que o mundo por questões políticas, como insegurança jurídica, dificuldades institucionais e ingerência entre os três poderes.
Sobre a política econômica do governo eleito, ele espera que se tenha responsabilidade fiscal, respeitando o teto de gastos públicos, que os bancos públicos sejam protagonistas na oferta de crédito, sem ampliar o endividamento da população, que uma possível mudança na política de preços da Petrobras mantenha o caixa e gere alívio aos motoristas, e que seja respeitada a autonomia do Banco Central.
Na avaliação de Nogueira, deve haver uma ampliação do comércio exterior, devido ao melhor relacionamento do governo eleito com diversos países, como Estados Unidos. Além disso, espera que o novo governo impulsione o consumo, trabalhe para o ressurgimento da nova classe média, retome o financiamento estudantil, resgate o investimento público, avance nas grandes obras da infraestrutura e retome programas de habitação social.
Recorde em 2022
Em 2022, o Estudo da Sobratema prevê o recorde de 39,9 mil máquinas da linha amarela (movimentação de terra) comercializadas, o que representa um crescimento diante de 2021, quando foram vendidas 33,1 mil máquinas. Essa quantidade supera em 19,6% o melhor ano obtido pelo segmento, em 2013, quando mais de 33,4 mil equipamentos foram comercializados.
“Essa quantidade foi alcançada devido a uma série de fatores, como a ampliação do setor agrícola, do segmento da mineração, maior mecanização das atividades econômicas e as concessões de infraestrutura. Estamos em um patamar de produção de equipamentos fantástico e nosso futuro é de alta, mas precisamos continuar a monitorar o mercado para seguir nessa tendência”, explicou Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema.
Miranda contou ao público Tendências no Mercado da Construção, formado por mais de 1800 profissionais do setor, que a frota das construtoras cresceu 66% em 2022 e 23% foi a média da frota parada, um índice próximo ao máximo ideal que é de 20%.
Segundo Marluz Cariani, head Comecial de Equipamentos pesados da Unidas, a frota da companhia cresceu em cerca de 30%, lembrando que no início do ano faltaram equipamentos da linha amarela de pronta entrega. Nesse sentido, o setor de locação representou 26% das vendas em 2022, o que significou uma queda em 3% diante dos 29% alcançados em 2021. Contudo, Daniel explicou que o volume de máquinas foi maior do que o ano passado.
Cariani, ponderou que a locação representa mais de 20% do volume produzido pelas montadoras quando se trata dos setores florestal e sucroalcooleiro. No passado, a representatividade era menor, entre 10% a 12%, o que demonstra o crescimento expressivo. “Quando tiramos esses dois setores, a locação representa entre 5% e 6% no agronegócio, o que mostra o potencial de crescimento do rental”, disse. “Hoje, os empresários estão entendendo a necessidade de se ter um parceiro para seus negócios, a fim de investir seus recursos para aumentar a produção”, acrescentou.
Na avaliação de Miranda, o mercado de locação brasileiro está alinhado a mercados mais maduros, como o americano. Ele falou também sobre a taxa de juros, que estava em último lugar na preocupação do setor e passou para segundo colocado em 2022. “A taxa de juros baixa é motor para investimento e a expectativa é que no final de 2023 o percentual caia para 11%, segundo estimativas de bancos privados e do Banco Central”.
De acordo com Afonso Mamede, presidente da Sobratema, os patamares mais altos de juros e preços trouxeram novos desafios, que foram a manutenção da rentabilidade, uma vez que houve dificuldades para repassar o custo ao cliente final, e a qualificação e escassez de mão de obra. “A mecanização elevou a produtividade, por outro lado trouxe a questão de qualificar os profissionais para operar os equipamentos”.
Diante desse cenário, a Sobratema anunciou que irá isentar a anuidade associativa das empresas usuárias de equipamentos e fará o lançamento de um marketplace, o Sobratema Shopping, uma ferramenta online, onde o mercado encontará oportunidades para suprir suas necessidades de vendas e compras de equipamentos, peças, insumos e serviços. “Será o local ideal para solucionar cada caso específico”, finalizou Mamede.
Outros pontos tratados no debate do Tendências no Mercado da Construção foram o preço dos equipamentos, que deve se estabilizar no primeiro trimestre de 2023, e da pulverização do mercado, com a conquista de novos clientes.
Metaverso
O metaverso possui diversas definições, incluindo uma rede mundos virtuais 3D focada em conexões sociais. Para Yoshio Kawakami, consultor da Raiz Consultoria e colunista da Revista M&T, o metaverso é o futuro da internet, com carcterísticas diferentes, maior nível de sofisticação tecnológica e respostas imediatas. “A palavra mais importante é a experiência. Ele precisa de bilhões de participantes para que se viabilize”, pontuou.
Em sua palestra, ele explicou que a interação no metaverso será muito maior, com as pessoas podendo perceber a expressão real de cada um, por meio do uso de um avatar que copia gestos, voz e coloração de pele. Também ponderou que esse mundo virtual terá uma continuidade e as pessoas entrarão e sairão desse universo. Para acessá-lo será necessário um dispositivo, que pode ser um óculos, porém mais avançado tecnologicamente, menos incômodo e mais ecológico.
De acordo com Kawakami, o metaverso terá ambientes específicos de acordo com os interesses dos participantes. “Contudo, hoje, a tendência ainda é de um ambiente mais fechado”, avalia. A seu ver, o setor de equipamentos para construção ainda não está no metaverso. “O grande interesse da formação de metaverso ou da web 3.0 não está focado neste tipo de atividade. O que deve evoluir rapidamente são os serviços e produtos puramente digitais. Essa inter-relação com o mundo real possui desafios que precisam ser resolvidos.”
O 17º Tendências no Mercado da Construção teve ainda a mensagem de Rolf Pickert, diretor geral da Messe Muenchen do Brasil, e os depoimentos de Adilson Butzke, diretor de vendas da Divisão de Construção da John Deere; Luciano Rocha, vice-presidente dxecutivo da Divisão de Equipamentos de Construção da Komatsu; Luiz Marcelo Daniel, presidente Volvo Construction Equipment; Marcelo Bracco, diretor da Manitou; Ricardo Bertoni, vice-diretor comercial da Zoomlion Brasil; e Sergio Kariya, CEO da Mills.
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