Publicado em 10 de agosto de 2010
A Eletronuclear está tomando iniciativas para que Angra 3 torne-se uma realidade o mais rápido possível. O presidente da empresa , Othon Luiz Pinheiro, afirmou que a companhia, subsidiária da Eletrobras, está trabalhando para publicar nos próximos dias o edital de montagem eletromecânica da Usina Angra 3, cujo valor deve ser de R$ 1,4 bilhão. Esse contrato abrangerá a montagem dos sistemas e circuitos elétricos da central bem como a parte mecânica, incluindo o reator e a turbina de geração. Até o momento, foram publicados editais para serviços de engenharia eletromecânica e civil e para o suporte ao gerenciamento e à implantação no valor de R$ 550 milhões. Estão em elaboração outros editais de serviços no valor de R$ 40 milhões. A meta éassinar todos esses contratos até dezembro.
Recentemente foram anunciados outros contratos no valor de R$ 97 milhões com a Confab, uma empresa do grupo Tenaris, para o fornecimento do envoltório de contenção do reator da usina nuclear Angra 3; este equipamento consiste em uma esfera de aço carbono especial com 56 metros de diâmetro e aproximadamente 3,3 mil toneladas de peso. Ainda neste semestre, a Eletronuclear anunciou um acordo com a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep) para o fornecimento de acumuladores e condensadores; neste caso o valor do contrato não foi revelado.
Pinheiro disse ainda que a Eletronuclear já assinou também o contrato com a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) para o fornecimento do combustível nuclear. O acordo, disse ele com exclusividade ao DCI, contempla o fornecimento de 225 toneladas de concentrado de urânio, o yellow cake, para cada mil megawatts de capacidade instalada. Angra 3 (1,405 mil MW) demandará um montante de 316 toneladas anuais do produto por ano. Somando a capacidade das duas outras centrais termonucleares, a demanda nacional será de mais de 750 toneladas do energético, uma vez que a capacidade instalada somada de Angra 1 e Angra 2 alcança 1,990 mil MW.
O primeiro contrato de construção da usina, assinado com a construtora Andrade Gutierrez ainda na década de 80, também precisou passar por uma revisão conforme recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU). Depois de "árduas negociações", nas palavras do executivo, houve uma redução de R$ 120 milhões no preço do contrato.
O valor do investimento na terceira central nuclear brasileira foi atualizado e está em R$ 9,9 bilhões, segundo a empresa.
Confusão
Pinheiro reafirmou que as obras da central continuam, apesar da recomendação de paralisação das obras da central da Angra 3 feita pelo Ministério Público Federal (MPF). Segundo ele, a medida foi gerada por uma confusão de um funcionário da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
Na avaliação do executivo, essa pessoa misturou dados sobre como licenciar diferentes centrais nucleares, às já existentes, caso de Angra 3 e as novas centrais. Como a usina em construção é idêntica a Angra 2, explicou ele, o plano de segurança apresentado atendia às necessidades atuais em função de ser óbvia a possibilidade de utilizar a experiência que já existe.
"Podemos utilizar como referência e fazer a licença inicial baseada nesse cenário para depois realizar uma análise de confiabilidade do sistema para tudo aquilo o que se fez de diferente", ressaltou Pinheiro. "Para certificar de que está tudo seguro, antes de ligar a central, apresentamos o documento final. Esse é o processo mais efetivo de licenciamento que pode ser feito", acrescentou.
Para o executivo, um plano completo de confiabilidade do sistema de segurança é necessário quando se fala de novas centrais inovadoras. "Se temos esse cenário de referência, só posso imaginar que o camarada, por falta de competência ou por má-fé, mandou as informações para o procurador misturando os dois processos de licenciamento; só tenho essa hipótese para justificar a recomendação", esbravejou ele.
Para resolver a questão, a Eletronuclear enviou um documento ao MPF explicando essas diferenças de forma detalhada. "Parece que entenderam, tanto que não se manifestaram mais sobre esse assunto", concluiu Pinheiro. A diferença entre Angra 2 e Angra 3 está no sistema de instrumentação e sala de controles. A usina que está em construção utilizará medidores digitais, enquanto a anterior utiliza sistema analógico. A previsão é de que Angra 3 entre em operação no final de 2015. A capacidade é de gerar 10,9 milhões de MWh ao ano, o suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte por 12 meses.
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