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Publicado em 05 de outubro de 2023 por Mecânica de Comunicação

Eletrificação contribui para reduzir emissões do setor automotivo

Os avanços recentes na comercialização de veículos elétricos, colocados em evidência por montadoras como a Tesla, sugere que a eletrificação pode ser considerada uma das principais alternativas para reduzir emissões, especialmente quando somada a mudanças ambientalmente benéficas no setor de geração de energia. Tendo em vista que há diversas tecnologias promissoras em desenvolvimento, estudos indicam que a substituição parcial da frota atual de veículos a combustão por veículos elétricos, sejam eles movidos a bateria, veículos elétricos híbridos (que possuem um motor elétrico e um motor a combustão) ou veículos elétricos a célula de combustível, pode viabilizar metas ambiciosas de redução de impactos.

O desenvolvimento de tecnologias relacionadas à eletrificação da frota veicular apresenta um grande potencial também de redução no consumo de combustíveis fósseis no setor de transportes, e, consequentemente, da demanda por energia primária, além de garantir uma maior segurança energética, elevar a qualidade do ar em ambientes urbanos e reduzir a poluição sonora causada por veículos.

A utilização de carros elétricos no Brasil já é uma realidade, e apresenta grande sinergia com os recursos de energias renováveis (e.g. hidrelétrica, solar, eólica, nuclear e biomassa) que compõem a matriz energética do país e são apontados como alternativas interessantes para mitigar impactos a longo prazo. A combinação destas tecnologias tem grande potencial para reduzir custos ambientais, e a elevada participação da fonte hídrica na matriz elétrica brasileira, por ser uma fonte renovável e que sofre um baixo impacto da intermitência (quando comparada a outras fontes), possibilita que os carros elétricos tenham um excelente desempenho ambiental.

A redução de impactos ambientais decorrente da eletrificação do setor de mobilidade individual urbana é considerável no potencial de depleção abiótica e na demanda de energia primária. Por ser um índice que avalia a eficiência energética total da cadeia de processos que envolve a produção, utilização e fim de vida de um carro, e quando comparados dois modelos equivalentes (carro elétrico e carro à combustão), os resultados apontam a tecnologia que, mesmo na eventualidade de abundância de energia, proporciona a disponibilidade da energia excedente ou a redução de preços.

Em termos de potencial de aquecimento global, as emissões totais do carro a combustão representam 28.868,19 kgCO2eq, enquanto as emissões totais do carro elétrico representam 16.931,38 kgCO2eq e 12.932,56 kgCO2eq, com a produção e reciclagem da bateria na Europa e no Brasil, respectivamente. A redução do impacto ao longo do ciclo de vida dos veículos elétricos equivale a 41,35% e 55,2% do total de emissões ao longo do ciclo de vida do veículo a combustão

O preço médio dos veículos elétricos ainda está num patamar elevado para o mercado consumidor brasileiro, porém a variedade de veículos no mercado é um bom sinal, assim como os valores obtidos pela conversão direta para moedas mais valorizadas.  Por outro lado, os cenários de penetração de veículos elétricos no mercado nacional ao longo das próximas décadas indica que uma baixa penetração de mercado não seria suficiente para reduzir os impactos gerados pelo setor, visto que o aumento total da frota de veículos contribui para o aumento dos impactos.

Para que o Brasil se aproxime das metas de redução de impactos almejadas, serão necessários esforços para aumentar a penetração de veículos elétricos no mercado, além de manter a matriz elétrica com alta predominância de fontes de energia com baixo impacto ambiental. Tecnologicamente, é provável que a produção nacional siga as tendências dos países desenvolvidos e, portanto, o principal objetivo deve ser nacionalizar as cadeias de produção e reciclagem de baterias elétricas.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Contexto energético da mobilidade individual urbana no Brasil: análise do ciclo de vida e avaliação do impacto ambiental de carros elétricos, defendida por Lucas dos Santos Sanches, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Mecânicas, da Universidade de Brasília, sob orientação do professor Armando de Azevedo Caldeira-Pires.