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Publicado em 13 de junho de 2024 por Mecânica de Comunicação

Degradação do solo pode se intensificar com a alta concentração de metais tóxicos

O solo é um sistema biogeoquímico complexo com funções ecológicas, econômicas, sociais e culturais que desempenha um papel fundamental para a atividade humana, para a sobrevivência dos ecossistemas e da vida em geral. Desse modo, a alta capacidade de adsorção desse recursos natural produz uma ação protetora contra os efeitos negativos decorrentes da contaminação, impossibilitando que outros compartimentos ambientais sejam degradados.

A alta concentração de metais tóxicos no solo pode estar associada tanto ao material geológico que deu origem ao solo quanto a contribuições antropogências. Dentre os dez principais eventos ambientais que ocorrem no mundo, dois desses estão relacionados à contaminação por elementos tóxicos. Entretanto, existem diferentes fontes de origem antrópica que contribuem para a liberação desses elementos nos solos, dentre elas, as atividades industriais, em especial o setor metalúrgico, é o que produz altas quantidades de resíduos sólidos ricos em metais pesados, principalmente, Chumbo (Pb), Cádmio (Cd), Zinco (Zn), Cobre (Cu), Níquel (Ni) e Cromo (Cr), que intensificam a degradação do solo superficial, desencadeando um progressivo grau de contaminação aos demais componentes do meio ambiente.

Diversas pesquisas vêm sendo desenvolvidas objetivando conhecer a dinâmica dos contaminantes no sistema solo, para subsidiar no processo de monitoramento e mitigação de impactos ambientais. O uso de valores de background universais, quando se avalia a concentração de metais em solos, é inadequado, devido as características genéticas do solo que variam de local para local. Ainda neste contexto, os valores dos teores naturais de substâncias químicas fornecem orientação sobre a condição da qualidade de solo e água subterrânea e são utilizados como instrumentos para prevenção e controle da contaminação e no gerenciamento de áreas contaminadas sob investigação.

No Estado da Bahia, a Companhia Brasileira de Chumbo (COBRAC), de propriedade da multinacional Peñarroya, produziu ligas de chumbo no município de Santo Amaro, durante o período de 1960 a 1993, o que desencadeou um dos maiores passivos ambiental por metais tóxicos da história. Estima-se que a COBRAC e posteriormente a Plumbum produziram durante o processo produtivo da metalurgia cerca de 490.000 toneladas de escória enriquecida em metais pesados, principalmente, Chumbo, Cádmio, Zinco, Cobre e Arsênio, sendo que uma quantidade não estimada de escória foi utilizada na pavimentação de áreas públicas e privadas, além de efluentes líquidos do processo metalúrgico lançados diretamente no rio Subaé.

Desse modo, a contaminação por metais tóxicos nos solos do município de Santo Amaro é um assunto bastante discutido pela comunidade científica, principalmente nos últimos 30 (trinta) anos, pois as pesquisas sobre o tema começaram na década de 90.

O problema dos solos contaminados no Brasil, em especial por metais tóxicos, requer que haja uma reflexão por parte do poder públicos sobre as funcionalidades desse recurso para que ocorra a sua proteção. Além disso, nota-se que a legislação brasileira, responsável pelo direcionamento na análise de solos contaminados por substâncias tóxicas, ainda possui algumas contradições, em relação a definição dos valores de background aceitáveis para uma área já contaminada, levando em consideração as características genéticas locais desses solos, que inicialmente não tiveram seus valores naturais definidos.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Evolução da contaminação do solo por metais tóxicos: o caso da Plumbum Mineração e Metalurgia Ltda, Santo Amaro, Bahia, Brasil, defendida por Aldeneidiane Santana dos Santos, no Programa de Pós-Graduação em Geologia do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, sob orientação do professor José Ângelo Sebastião Araújo dos Anjos.