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Publicado em 20 de junho de 2024 por Mecânica de Comunicação

Possibilidade de tratamento de águas residuais com wetlands construídas com jacinto d’agua

As wetlands construídas (WCs) compreendem um conjunto de ecotecnologias reconhecidas que são projetadas e construídas para reproduzir e manipular os processos físicos, químicos e biológicos simultâneos que ocorrem em áreas úmidas naturais. Atualmente, as WCs são uma tecnologia bem conhecida para o tratamento de águas residuais. Eles são reconhecidos por serem eficazes na remoção de compostos orgânicos dissolvidos e sólidos em suspensão.

As aplicações das WCs nas pesquisas sobre tratamento de águas residuais domésticas, em geral, demonstram que essas tecnologias que demandam baixos custos, baixa energia e manutenção, têm sido prioridade na maioria dos países do mundo. Para o tratamento de águas residuais domésticas, tratamentos convencionais podem ser usados em grandes populações e tratamentos não convencionais em núcleos de pequenas populações ou em áreas rurais, onde não há serviço de esgoto ou edifícios são amplamente dispersos.

Um dos principais fatores que influenciam diretamente na eficiência de remoção de poluentes dos sistemas WCs, é a metodologia de dimensionamento que é empregada ao implementar esses tipos de tecnologias de tratamento. No dimensionamento de um WC, a escolha do tipo de vegetação é primordial e deve ser baseada segundo os aspectos de sanidade, resistência e adaptabilidade da planta, eficiência de remoção dos poluentes, viabilidade de aquisição e cultivo em longo prazo, e função estética ao sistema de tratamento.

A Eichhornia crassipe Mart. (Aguapé) no Brasil é chamada popularmente de “E.crassipes” ou jacinto d’água. Esta macrófita aquática é um vegetal nativo do Brasil e da região equatorial, tem aproximadamente de 30 a 40 cm de comprimento, com folhas arredondadas e com raízes adventícias longas e fibrosas, é classificada como flutuante e tem alta capacidade para descontaminar águas poluídas.

A utilização da planta no tratamento de águas residuais é feita em sistemas de lagoas, em que as plantas flutuam na superfície e distribuem seu sistema radicular longo (até 1,0 m) e muito bem desenvolvido. A propagação é vegetativa, mas pode ocorrer a germinação de suas sementes. A cobertura completa da superfície da lagoa comumente ocorre em poucos dias. A planta apresenta a característica de conduzir e liberar oxigênio dissolvido (OD) por meio das raízes, garantindo condição aeróbica em lagoas de tratamento de águas residuais. Uma intensa atividade microbiana é verificada na rizosfera dessas plantas, o que deve estar relacionado com a presença de elevada concentração de nutrientes orgânicos (aminoácidos, açúcares e ácidos orgânicos), que são exsudados pelas raízes.

O tratamento de águas em lagoas de Eichhornia crassipe Mart. ocorre por vários mecanismos, incluindo a sedimentação de sólidos (com e sem floculação induzida pela planta), absorção dos contaminantes pela planta, biotransformações (principalmente microbianas) e reações físico-químicas. Em um estudo, realizado por pesquisadores, de pós-tratamento de efluentes da digestão anaeróbica, a remoção de N da água ocorreu principalmente por nitrificação, volatilização, absorção pelas plantas, aprisionamento de material particulado contendo N nas raízes das plantas e por sedimentação.

Além disso, modelos matemáticos são bastante aplicados, pois fornecem uma estreita relação entre a disponibilidade de substrato e o crescimento da biomassa, sendo também uma alternativa para o desenvolvimento de modelos preditivos de zonas úmidas mais realistas.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Avaliação da Eficiência do Tratamento de Esgoto Doméstico por meio de Sistema Adaptado de Wetlands Construídos, defendida por Jonathan Oliveira Arantes, no Programa de Pós-Graduação – Stricto Sensu em Engenharia Aplicada e Sustentabilidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde, sob orientação do professor Bruno Botelho Saleh e coorientação do professor Édio Damásio da Silva Júnior.