Publicado em 04 de julho de 2024 por Mecânica de Comunicação
O desafio atual das empresas é gerenciar horizontes de curto e longo prazo dentro do conceito de desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, é importante compreender qual o papel dos incentivos monetários aos gestores diretamente encarregados da definição das estratégias de sustentabilidade das organizações pode ser de grande valia para que as empresas possam desenvolver mecanismos facilitadores para o alcance de metas e objetivos corporativos que envolva sua responsabilidade socioambiental e assim usufrua dos benefícios decorrentes dessas escolhas.
Outro fator importante é investigar a existência da relação entre esses incentivos com o desempenho de carbono dessas empresas. O resultado desses estudos pode representar vantagens sociais, organizacionais e acadêmicas considerando o caráter exploratório e atual do tema.
A literatura que trata de remuneração de executivos mostra que os incentivos tendem a alinhar interesses entre agente e principal, na medida em que são usados de forma eficiente para convergir os esforços do agente em satisfazer os interesses do principal ao mesmo tempo em que busca também seus próprios interesses.
Contudo, para o Brasil, pesquisas mostram que a maior parte da remuneração dos executivos é fixa e sem caráter motivacional (cerca de 60% da remuneração total desses agentes), dessa forma não se baseia no desempenho alcançado, tendo em vista que não variam de acordo com os resultados alcançados pela organização. Portanto, dado o caráter de longo prazo do desempenho de carbono voltado ao desenvolvimento sustentável, os incentivos não fixos são tidos pela literatura como capazes de motivar resultados organizacionais de longo prazo.
Por outro lado, pesquisas internacionais mostram que as métricas de responsabilidade socioambiental são cada vez mais incorporadas à política de remuneração variável, sendo consideradas, portanto, como fator de motivação extrínseca.
Em se tratando de mercado de créditos de carbono, ainda que este represente potencial investimento para as empresas brasileiras, o problema da motivação na condução das operações, tendo em vista que os gestores não possuem interesses pessoais em questões de sustentabilidade. Nesse sentido, muito se diferenciam os contextos empresariais do Brasil e do exterior, no primeiro caso ressalta-se o potencial mercado de carbono, e no âmbito internacional, a necessidade de redução das emissões de carbono e equivalentes (CO2e) das grandes empresas mundiais.
Os benefícios de um bom desempenho ambiental e de carbono têm sido observado ao longo dos últimos anos em pesquisas de âmbito mundial, sobretudo como consequência de reputação e imagens positivos e legitimados perante a sociedade, que por sua vez está cada vez mais crítica e ambientalmente consciente. Contudo denota-se um conflito de horizontes temporais, já que os impactos financeiros e econômicos, muitas vezes, não são imediatos e só podem ser percebidos contabilmente no longo prazo, após o período de adaptação de processos produtivos e supressão dos custos de transição envolvidos.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Desempenho de carbono e remuneração de executivos: evidências sobre o mercado brasileiro, defendida por Juliana Costa Ribeiro Prates, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal de Pernambuco, sob orientação do professor Luiz Carlos Marques dos Anjos.
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