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Publicado em 09 de janeiro de 2025 por Mecânica de Comunicação

Papel da arquitetura para a construção de edificações voltadas à área da saúde

O hospital é uma das edificações mais complexas da modernidade, pois possui diversas funções e especificidades que buscam em conjunto curar, conservar e melhorar os padrões de vida e saúde das pessoas, formar e qualificar profissionais e gerar capital, pois se constitui em uma empresa que realiza atividade econômica e demanda investimentos para que seja possível seu funcionamento.

A abordagem histórica do surgimento dos espaços para a saúde indica que inicialmente esses eram espaços para morrer, pois ainda não tinham a concepção do hospital como espaço de cura. Na ausência de tratamento médico adequado, as medidas de controle espacial eram os primeiros métodos históricos contra doenças a arquitetura fazia seu papel para a saúde de modo a conter a propagação de doenças.

Com o grande aumento de pessoas nas cidades, os hospitais e as cidades passam a não conseguir comportar com salubridade essa população e se gerou grande surtos de doenças e mortes como a peste negra. Com isso, o movimento do renascimento foi impulsionado o que trouxe grandes transformações na arquitetura e urbanismo voltados para a saúde como o desenvolvimento das tipologias de hospital em Cruz e com pátio central, de forma a melhorar a iluminação e ventilação e setorizar melhor os ambientes.

Desde então várias tipologias foram surgindo ao longo dos séculos de forma a aperfeiçoar o sentido terapêutico desses espaços e tentar solucionar os problemas com epidemias e pandemias do momento vivido. Outra grande mudança se deu com a luta contra a tuberculose a partir da década de 1830, que levou ao movimento higienista e contribuiu para o desenvolvimento dos princípios atuais para uma arquitetura saudável quanto à luz solar e a ventilação. Surgiu desse movimento a tipologia pavilhonar, que foi amplamente utilizada até o início do século XX, onde se tinha uma arquitetura horizontal e de poucos andares espaçados para permitirem ventilação e iluminação natural e o uso das Enfermarias Nightale.

Nesse contexto, ao longo de diversas epidemias, a arquitetura e urbanismo desenvolveram medidas de controle no ambiente hospitalar e cumpriu o seu papel para a melhoria da saúde. Porém com o advento de novas tecnologias médicas e medicamentos a partir do século XVIII, a medicina foi aos poucos se emancipando da arquitetura. Apesar de continuar existindo uma preocupação com esses espaços, principalmente por conta da higiene deles, a arquitetura perdeu seu papel “terapêutico”.

Atualmente, o retorno às práticas de arquitetura e urbanismo como forma de prevenção e controle de epidemias tem sido uma ferramenta essencial. Nesse sentido, as normativas possuem um papel fundamental no desenvolvimento de projetos arquitetônicos, mas, apesar disso, elas não levam em conta as premissas da arquitetura hospitalar sustentável e, até o final do século XX, também não traziam diretrizes claras que contribuíssem para a humanização dos espaços hospitalares.

Esses conceitos de humanização e sustentabilidade são muito importantes quando se está projetando uma edificação para a saúde, visto que são espaços que buscam o saúde humana e o bem estar. Sendo assim, o projeto arquitetônico deve oferecer mais que apenas espaços tecnológicos, mas também incluir conforto ambiental e sustentabilidade, oferecendo espaços mais acolhedores aos usuários, trazendo a ideia de conforto e aconchego do lar, por exemplo.

Nesse sentido é importante uma arquitetura desses espaços que leve em consideração todas as atividades realizadas e fatores que influenciam, como o dimensionamento adequado do ambiente, a localização urbana, o estudo dos fluxos hospitalares, a escolha de materiais e, até mesmo, as cores das paredes, de acordo com a cromoterapia, que vão influenciar no tratamento das pessoas e também no hospital como ambiente de trabalho 24 horas.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado O papel da arquitetura hospitalar sustentável em tempos de pandemia: estudo de caso em hospitais, defendida por Rayane Lima Cezário, no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Artes, Urbanidades e Sustentabilidade, da Universidade Federal de São João Del Rei, sob orientação da professora Fernanda Nascimento Corghi.